A criação e a produção de projetos por artistas da cena musical brasiliense estão se tornando uma tendência. Um dos mais novos é o Cantautores, iniciativa do cantor e compositor Túlio Borges e do multi-instrumentista Rodrigo Bezerra, que chega à segunda edição, hoje e amanhã, às 20h, tendo como convidada Letícia Fialho.
Outros aspectos importantes do Cantautores são o foco em trabalhos autorais e a ocupação do Espaço Cena, pequeno teatro localizado na 205 Norte, com capacidade para 50 espectadores. A programação tem apresentações marcadas para 16 e 17 de novembro, com a participação de Adriah; e 14 e 15 de dezembro, com Júnior Ferreira.
Protagonista do show de hoje e amanhã, Letícia Fialho, cantora, compositora e instrumentista nascida em Brasília, com 10 anos de carreira, tem dois discos lançados, Purpurina anzol e Maravilha marginal, nos quais assina todas as canções.
Ela, que atua também como cavaquinista e violinista do grupo Chinelo de Couro, fala da importância de participar do Cantautores. ;O fato desse projeto dá visibilidade ao trabalho produzido por artistas da nova geração brasiliense deve ser visto como um ganho. Vou aproveitar a oportunidade para mostrar músicas dos meus discos, de forma intimista, bem próxima do público;.
Cantautores
Show da cantora e instrumentista Letícia Fialho hoje e amanhã, às 20h, no Espaço Cena (205 Norte). Ingressos R$ 40 e R$ 20 (meia-entrada). Classificação indicativa livre. Informações: 3443-8891.
Cinco Perguntas // Túlio Borges
Qual é a proposta do projeto Cantautores?
A ideia deste projeto é tentar mapear a produção cancioneira na cidade, além de também tentar jogar luz sobre um conjunto de obras e de autores que dão forma ; em sua expressão composicional e performática ; a sensações e conceitos capazes de deslocar sensibilidades e promover reflexões. Há ainda a intenção de que o público perceba o quão especial é o momento quando o próprio compositor entoa suas músicas da maneira que as criou. Por sua sinceridade e essencialidade, a música em estado bruto e essencial, apenas voz e instrumento, ao mesmo tempo provoca, revela e imprime marcas nos ouvintes.
A ideia surgiu quando?
Surgiu no início do ano, quando realizamos a primeira temporada do projeto, que contou com a participação de Simone Guimarães, Joana Duah e Luiza Borges. Eu e o Rodrigo somos amigos e parceiros e sempre trocamos bastante ideias sobre o processo da composição de uma canção. Essa troca não é tão comum entre os compositores, ou se dá apenas em círculos muito fechados, de modo que quisemos movimentar e articular cantautores e o público. Como parte desse projeto, será lançado ainda esse mês o primeiro podcast Cena Cantautores ; disponível em todas as plataformas digitais ;, o primeiro de muitos bate-papos já gravados com compositores, da cidade e de fora, sobre todos os aspectos que envolvem a criação de uma canção: as técnicas, os truques, os caminhos.
A escolha das convidadas obedeceu a qual critério?
Neste primeiro momento do projeto, a gente tem privilegiado cantautoras: as mulheres compõem e cantam suas próprias canções. Nesta segunda temporada, foram escolhidas a Letícia Fialho e a Adriah, compositoras e cantoras com trajetórias e estilos distintos, mas que têm bastante maturidade composicional e um estilo muito próprio. Fecha essa segunda temporada, o Junior Ferreira, que se descobriu compositor mais recentemente.Com sua sanfona já traça um caminho de parcerias importantes, como com Climério e Clodo Ferreira.
Vocês passarão a ocupar o Espaço Cena ou o local será utilizado apenas para o Cantautores?
O Espaço Cena ocupa um lugar importante para os músicos independentes de Brasília, que estão carentes por teatros menores, onde se possa experimentar e fazer pequenas temporadas. Existe uma parceria com o espaço, de modo que temos realizado algumas séries de shows próprios lá também.
Como vê a cena autoral de Brasília?
É uma cena definitivamente rica e pulsante, embora não muito articulada entre si. Essa articulação, a troca entre os compositores de músicas com letras, pode ser bastante importante na sedimentação de uma identidade da canção brasiliense.