A criminóloga Ilana Casoy conta como foi participar do roteiro dos dois filmes.
Por que o Caso Von Richthofen ainda levanta tanta discussão?
As pessoas não conseguem lidar com tantos casos, são dores muito profundas. Há também uma identificação, visto que quase todos são pais e mães ou têm pai e mãe. A Suzane guarda uma semelhança com o que a sociedade acha belo e bom. Uma menina branca, loira, rica e cheia de clichês. Teoricamente, pelo que se acredita numa fantasia universal, é uma moça que não teria problemas e que vira uma assassina. Como alguém que teve tantas condições comete um crime, que não só ultrapassa o limite da lei como também o do sagrado ao matar pai e mãe? São questões que fazem todos se movimentarem para reprimir ou tentar entender melhor o assunto.
Há muitos fatos que a sociedade desconhece?
Sim. Até o júri, na época, foi limitado, com cerca de 250 pessoas, que ouviram os depoimentos. Mas e o resto do mundo? Pequenas sutilezas não são noticiadas. Este é um caso de família que gera muita revolta, dúvidas e que não dá para ser explicado.
Qual a importância de filmes com essa temática?
É importante causar reflexão nas pessoas. Estamos explorando uma camada mais profunda da história, que não é sobre a investigação ou a questão policial e sim as dinâmicas de relacionamento, como a do casal, que era absolutamente comum. Juntos, eles matam.
E separados? Como eles chegam a isso?
Ela era completamente apaixonada por ele, tem inúmeras cartas de amor no processo. Mas o que não é normal é a forma como acabou. E também as dinâmicas familiares. A história da Suzane e do Daniel nós já vimos na nossa família ou ao nosso redor, que é a velha questão da diferença social, econômica e cultural.
Mas o que será verdade?
Ou será tudo mentira? Não há uma resposta, ninguém estava lá.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.