O padre Antônio Vieira foi um personagem brilhante da literatura brasileira do século 17. O eclesiástico, natural de Lisboa, Portugal, aventurou-se e teve destaque nas terras brasileiras. É pegando esse gancho que o escritor Ronaldo Costa Fernandes lança a obra Vieira na ilha do Maranhão, hoje, às 20h, no auditório da Associação Nacional de Escritores (ANE).
O romance proposto pelo escritor nos transporta para os anos entre 1653 e 1661, período em que Padre Antônio Vieira passou por São Luís, no Maranhão. Apesar do padre ser um ponto-chave da obra, Ronaldo Costa Fernandes não se prende a biografia. O objetivo é reconstituir uma cidade colonial, tanto que apenas três personagens são reais: Padre Antônio Vieira, o jesuíta Bettendorff e o governador Pedro de Melo. ;Só esses três são reais, o restante dos personagens são fictícios. O padre não é o personagem principal, ele vai costurando as vidas dessa cidade (São Luís). O personagem central é o povo do Maranhão;, aponta o autor.
Ao longo de toda a trama, Ronaldo reconstrói o português falado no século 17 e a linguagem utilizada por Padre Antônio Vieira em suas cartas e sermões. Além da linguagem, a obra cerca o padre de personagens com a cara do Brasil dos anos 1600. O sapateiro visionário José Manuel Gordilho, pai de Luzia, cuja cabeça descomunal continua inchando em um elmo de ferro; o holandês Johannes van Basselar, que desertou da civilização europeia por amor a uma indígena; o mouro Omar Zaher, homem que, no alto de seus dois metros, sonha com a missão impossível de escrever um dicionário universal.
Vieira na ilha do Maranhão é fruto de uma intensa pesquisa, afinal, reproduzir o Maranhão do século 17 exige estudo. ;O livro demandou muita pesquisa. Li bastante os clássicos da literatura colonial, do Padre Bettendorff às cartas e sermões do Padre Antônio Vieira. Tudo isso me deu uma visão mais etnológica do panorama da época;, conta Ronaldo.
Ronaldo é natural de São Luís do Maranhão e radicado em Brasília há mais de 20 anos. Em sua jornada, desenvolve trabalhos como poesias, romances, ensaios e novelas. Tem em seu currículo premiados livros como A máquina das mãos (2009), ganhador do Prêmio de Poesia 2010 da Academia Brasileira de Letras (ABL), e o romance O morto solidário (1998), que deu ao escritor o Prêmio Casa de las Américas. Em 2018, o autor lançou o livro de poesia Matadouro de vozes e, mais recentemente, o romance O apetite dos mortos.
*Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco
Vieira na ilha do Maranhão
De Ronaldo Costa Fernandes. Lançamento do livro. Com palestra do autor, no Auditório Cyro dos Anjos da Associação Nacional de Escritores (707/907 Sul, Bl. F, Ed. Escritor Almeida Fischer; 3242-3642). Hoje, às 20h. Preço do livro: R$ 50. Entrada franca. Classificação indicativa livre.