Um novo momento surge para o Barão Vermelho. A banda de rock criada nos anos 1980 está buscando novidades, sem perder as características que os consagraram durante a carreira e explorando musicalidades. Neste sentido, o grupo lançou um disco com músicas autorais e oficializou o cantor Rodrigo Suricato como novo vocalista.
A responsabilidade, no entanto, é grande. Suricato, artista revelado no reality-show Superstar, assume uma função que foi de Cazuza (1981-1985) e era muito bem representada por Roberto Frejat ; que marcou época no Barão Vermelho. Segundo Fernando Magalhães, guitarrista da banda, o cantor está pronto para o novo desafio.
;Ele ficou em evidência após os realities musicais da Globo. Tem uma característica forte que vem das festas de baile. É um cantor, guitarrista e músico excepcional. Quando o Frejat saiu, fizemos uma lista, e o nome dele se destacou. Mesmo sendo mais novo do que nós, ele tem o gosto musical parecido com o nosso, tem um estilo semelhante com o da turma do rock dos anos 1980. Trouxe elementos novos e encaixou muito bem com a banda;, explica.
Para que o público conhecesse o trabalho com a voz do novo vocalista, o Barão lançou o álbum Barão pra sempre, no qual Suricato canta os sucessos da banda como Pro dia nascer feliz e Por você. Com a aprovação dos fãs, o grupo começou a preparar um disco com músicas inéditas.
;Nós não tínhamos lançamentos autorais desde 2004. Aconteceu muita coisa nesses 15 anos. O Barão fazia turnês comemorativas, fizemos o lançamento do nosso primeiro disco em forma remasterizada e nunca mais produzimos composições como Barão. Todos do grupo queriam gravar e compor;, conta Fernando Magalhães.
Neste ritmo, produziram o álbum Viva, o primeiro autoral após 15 anos. Com nove músicas inéditas e compostas por combinações diferentes dos quatro integrantes da banda, surge com novidades mas mantém a pegada oitentista de rock. A renovação está presente nas músicas com a sonoridade de Suricato e as participações da instrumentista Letrux (Pra não te perder) e do rapper BK (Eu nunca estou só).
;Não queremos soar como velhos ; não tem nenhum problema nisso, mas não queremos. A intenção é estar sempre a par das novidades, mas sem perder a essência, sem forçar. É uma constante busca por novidades em todos os meios artísticos;, pontua o guitarrista.
São composições que intercalam intensidade e melancolia, abrangendo um público mais novo e também a velha guarda. A crítica social, habitualmente presente, é representada por um discurso de decisões e calmaria. ;Somos cidadãos e percebemos que o mundo está muito dividido. É um disco contra o preconceito em todas as suas formas. Devemos seguir o caminho do meio, mesmo tomando partido. Um partido de comunhão e conjunção das pessoas, sem brigas;, enfatiza Fernando.
*Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco
Duas perguntas / Fernando Magalhães
Pode falar um pouco sobre o reconhecimento do trabalho do Frejat?
A importância dele é inegável. É um grande compositor, durante anos fez parte da banda. As questões pessoais de agenda e propósito, do que ele acha mais importante, fizeram ele sair, mas sempre foi um cara honesto e dedicado na carreira. Como ele estava focando na carreira solo, o Barão estava ficando para trás. Ele não estava se dedicando ao máximo e achou melhor sair. Não houve nenhuma confusão nesse processo. Todos somos amigos, a gente se adora. Ele é muito Barão, sempre será.
Qual a sensação de transmitir o legado do Barão, um grupo tão importante para a música brasileira?
Sinto-me feliz e honrado. Às vezes, falamos com amigos e não temos ideia do alcance da banda, apenas lampejos dessa importância pelos feedbacks. Somos simples, ficamos felizes que as pessoas curtam as músicas e os shows do Barão. Desde a garotada até os fãs mais antigos. É uma realização, um sonho completo.
VIVA
Primeiro disco de músicas inéditas do Barão Vermelho depois de 15 anos. NBV Produções Artísticas Ltda, 9 faixas. Disponível nas plataformas digitais.