Entranhas
Onde estaremos quando nada mais restar de nós?
buscamos causas
resquícios
indícios
rastilho de pólvora marcando quem somos
passos esparsos
espaços
passos pisando a véspera do caminho
a certeza de que estamos perdidos
martela os dedos dos pés
um teto foge da minha cabeça
na pretensão de testar
o quanto de céu cabe em meus ombros
por cima de nós passeia
o espectro da bomba que jamais explodirá
alguém está a salvo?
somos estranhos nessa aventura de querer ser
órfãos desentranhados
de algo que um dia fomos
sem ser o que se vê
sem ser o que se quer
restará
somente
aquilo
que realmente
é
Wélcio de Toledo