Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Tantas palavras

Entranhas

Onde estaremos quando nada mais restar de nós?

buscamos causas

resquícios

indícios

rastilho de pólvora marcando quem somos

passos esparsos

espaços

passos pisando a véspera do caminho

a certeza de que estamos perdidos

martela os dedos dos pés

um teto foge da minha cabeça

na pretensão de testar

o quanto de céu cabe em meus ombros

por cima de nós passeia

o espectro da bomba que jamais explodirá

alguém está a salvo?

somos estranhos nessa aventura de querer ser

órfãos desentranhados

de algo que um dia fomos

sem ser o que se vê

sem ser o que se quer

restará

somente

aquilo

que realmente

é


Wélcio de Toledo