Com quase 16 anos de parceria artística na criação de filmes, os diretores Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles viram o trabalho conjunto
culminar, em Bacurau, longa vencedor de importante premiação no Festival de Cannes (França), e que está em cartaz na capital. Foi justamente em Brasília, por sinal, que o longa teve gênese. "Em novembro de 2009, quando exibimos o curta Recife frio, do qual fui produtor e diretor de arte, no Festival de Brasília, Kleber e eu discutíamos, com uma certa ironiza, o como as "pessoas simples" eram apresentadas no cinema, nas telenovelas e no jornalismo", conta o pernambucano Dornelles.
Longe do estigma condescendente que cerca "estereótipos e arquétipos", Bacurau mostra personagens com garra, esclarecimento e determinação, em meio ao sertão nordestino. A ambiência de Brasília, igualmente, afetou parte das bases visuais do longa. "Havia preocupação estética futurista, antes mesmo da elaboração do roteiro de Bacurau", comenta Dornelles. Num trabalho de campo, com corpo a corpo forte pelo interior nordestino, a ética e o comportamento de "gente gentil e hospitaleira" também embasou parte do roteiro do filme, concebido ao longo de nove anos.
Além da amizade e admiração pelo cinema de gênero e de diretores como Sam Peckinpah, David Lynch, Martin Scorsese e Steven Spielberg, Kleber Mendonça e Juliano Dornelles afiaram o gosto por filmes de faroeste, de horror e de guerra. Filmes como Eletrodoméstica, Recife frio, O som ao redor e Aquarius firmaram a paceria entre ambos. Sem Mendonça escalado, um debate com a presença de Dornelles e de Silvero
Pereira (ator que interpreta o fora da lei Lunga, em Bacurau) se dará amanhã (sexta, 30/08) às 22h30, no Cine Brasília (EQS 106/107). Ingressos, entretanto, estão esgotados. Quem arriscar, talvez, entre.