Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Alice Wegmann reflete sobre a importância dos temas de 'Órfãos da terra'

'Essa é a maior crise humanitária do mundo, tanta gente sofre com isso. Já que temos um canal para tocar o coração das pessoas, por que não usar isso para o bem?', questiona a atriz sobre a abordagem de assuntos atuais na trama

Lia, Marina, Isabela, Maria e Dalila. Quem vê a atriz Alice Wegmann, de 23 anos, talvez não imagine que ela carrega tantas mulheres dentro de si. ;Eu sou muito entusiasmada com a vida e muito me encanta viver outras vidas nessa minha;, diz Alice. Para as cenas, ela se entrega e se emociona de verdade. ;Abro um canal para gravar, e as coisas vêm. É um bicho que tem dentro do artista, e a gente nunca sabe domar;, confessa.

Formada em publicidade, a atriz foi ginasta profissional durante a infância. Para a artista, os dois só tiveram a agregar na formação dela, que estudou dramaturgia no tablado. Por isso, tem os pés e a alma fincados no palco. Em 11 anos de carreira, já fez teatro, cinema e televisão e, atualmente, desponta como uma das maiores atrizes de sua geração junto a Marina Ruy Barbosa, Bruna Marquezine e Isabelle Drummond.

Quando perguntada pelo Correio sobre qual foi a personagem mais marcante até hoje, Alice não hesitou: ;Eu ia dizer que não dava para responder a esse tipo de pergunta, mas dá, sim. Foi Maria (de Onde nascem os fortes), não minto. Por identificação, tinha muito da Alice ali. Uma energia e uma força que têm dentro de mim, que ali eu consegui externar;.

Maria representou o ponto de virada em na carreira da atriz. Para dar vida à protagonista, quase não teve preparação: estava escalada para Orgulho e paixão (2018) e no último semestre da faculdade quando recebeu o convite, dois dias antes do início das gravações. Mas a atriz não teve dúvidas: trancou o curso e pegou o avião aos 45 do segundo tempo para morar no Sertão.

No interior da Paraíba, Alice respirou e viveu Maria em toda a intensidade que o papel pedia: pedalou, correu, fez trilhas, saltou de caminhões e chegou até a ficar internada duas vezes ; uma por dengue, outra por estafa. Nas cenas, a heroína jogou por terra o estereótipo de mocinha tradicional para desvendar o desaparecimento do irmão gêmeo, Nonato (Marco Pigossi).

O destaque na supersérie lhe rendeu Dalila, no ar em Órfãos da terra (2019). A vilã que não mede esforços para separar os protagonistas Jamil (Renato Góes) e Laila (Julia Dalavia) não se parece com a heroína sertaneja ; ou Marina e Isabela, de A lei do amor (2016), antes dele. A cada personagem, novas facetas de Alice. ;Eu gosto muito de me reinventar, de me desconstruir de uma personagem para outra. Gosto quando me dizem que uma personagem não lembra a outra;, orgulha-se.

No folhetim das seis, vive a segunda vilã da carreira ; a primeira foi Shirley, na primeira fase de Em família (2014). Para interpretar a filha de um sheik, Alice estudou árabe, prosódia e dança dabke. ;Mudei a postura, o tom de voz, o sotaque, o ritmo de fala (de Maria para Dalila). Meu corpo mudou, a temperatura do meu corpo não é a mesma para entrar nas cenas. Na Maria, eu lutava boxe e pulava corda em todas as cenas. A Dalila é mais fria, calculista, bem mais racional e menos impulsiva;, compara.

A trama conta a história de imigrantes que deixaram o Oriente Médio para se refugiar no Brasil. Mas não é porque a novela trata de ficção que não pode falar sobre a realidade. ;Essa é a maior crise humanitária do mundo, tanta gente sofre com isso. Já que temos um canal para tocar o coração das pessoas, por que não usar isso para o bem?;, defende a artista.

Alicerce

Nascida no Rio de Janeiro, Alice morou em Campinas e em Salvador quando criança. E é da cidade baiana que a atriz guarda grandes lembranças da infância e para onde volta quando tem férias.. ;São minha base, para onde eu sempre corro. São eles que puxam meus pés para o chão;, diz Alice. ;Nunca deixei de encontrar as minhas melhores amigas do colégio ou da faculdade, preservo minhas amizades. Toda quarta-feira tem jantar com oito netos na casa da minha avó Maria Ignez, a matriarca mais incrível que já nasceu neste planeta e que mantém a minha família bem unida;, orgulha-se a artista.

Outra pessoa por quem o coração dela bate mais forte é o namorado, o agente artístico e chef de cozinha Miguel Ribas Gastal, 30. ; Foi um baita encontro;, derrete-se.

*Estagiária sob supervisão de Severino Francisco