A presença de grandes festivais, que apostam na produção de eventos que exploram mais do que atrações musicais, tem aumentado a demanda por performances artísticas em Brasília.
Basta entrar no festival Na Praia, na Vila Planalto, para se deparar com performers caracterizados de mexicanos falando em espanhol enquanto recepcionam o público. No palco principal, os mesmos artistas fazem uma apresentação de dança em que celebram a temática do México. Durante os dois dias do CoMA, artistas com pernas de pau e em cima de fitas para slackline interagiam com o público no gramado do Complexo da Funarte. O mesmo ocorreu durante a mais recente temporada do Funn Festival, no Parque da Cidade, quando artistas performáticos dividiam espaço com as atrações.
Esse crescimento do cenário performático na capital tem dado frutos, com a presença de grupos dedicados exclusivamente à vertente artística e à busca pela maior profissionalização da cena.
No mercado desde 2016, o grupo Posers Hottest Talent é uma das referências na cidade. De Manú Santoro, a empresa surgiu de uma das experiências que o empresário vivenciou fora do Brasil. ;As baladas eram superbem produzidas e pensei: ;por que não levar isso para o Brasil?; Com o tempo foi crescendo e atingindo outros públicos: eventos corporativos, sociais, até festivais;, afirma Santoro. ;O fato de o mercado ter aderido, acho que tem a ver com as baladas terem ficado muito iguais. Então, começaram a tematizar, investir em festas com cenografia, e a performance veio dando vida. Foi uma novidade. É uma mudança própria do mercado;, define o diretor da Posers.
"A Posers fomenta a arte, a cultura e a beleza. Nossa empresa profissionaliza artistas de diversos setores das artes e que leva Brasília para os maiores eventos do mundo". É assim que Manú Santoro define o trabalho da Posers, que, hoje, conta com mais de 200 profissionais que vão desde dançarinos a maquiadores. Há uma equipe em Brasília, com cerca de 120 pessoas, e também braços em outros estados, como Rio de Janeiro e São Paulo. ;No início foi bem difícil, principalmente para capacitar, porque precisamos de artistas completos. É algo que dá muito trabalho. Mas estamos sempre dando treinamento, em constante mudança. Investimos em figurinos, nas maquiagens;, revela.
Só neste ano, o grupo já fez 255 performances, entre elas, em festivais e festas locais, como o Na Praia e Festa da Lili, e também nacionais, a exemplo do Villa Mix (Goiânia), Aviões Fantasy (Fortaleza) e Festival de Gramado, sem falar na parada gay de Nova York.
Para Manú Santoro, o sucesso das performances tem a ver o lado lúdico que elas despertam nas pessoas. ;Mexe com a fantasia das pessoas.Também tem a ver com a questão instagramável. Todo mundo quer um grande espetáculo visual, com coreografia, música, efeito especial, figurino, para fazer fotos e vídeos. É uma coisa meio Disney;, acrescenta.
Primeiros passos
Lançado neste ano, o grupo Backstage Performance surgiu com a intenção de abraçar essa demanda. A iniciativa nasceu dentro da Backstage Dance Center, escola de dança na 710/711 Norte. ;Existe uma grande demanda de evento, corporativos, festas, aniversários... Normalmente, a gente direcionava os professores para isso. Com a abertura do espaço, pensamos em como comercializar e respeitar esse trabalho. Assim criamos com o grupo;, diz Carol Newman, diretora do Backstage Performance.
Sob comando da dançarina e coreógrafa Érica Rézio, a companhia é formada por ela e mais 11 dançarinas, todas mulheres e com experiência em diferentes modalidades da dança. ;Já trabalho há um tempo com isso. Fui entendendo como eram esses eventos com artistas performáticos. Começamos a profissionalizar e criamos o grupo com o intuito de trabalho;, explica Érica.
Desde o surgimento, o time já foi chamado para atuar em videoclipes e festas. A rotina é intensa e se assemelha a de um atleta com treinamentos constantes. De segunda a sexta-feira, o grupo se reúne para ensaios dedicados à parte técnica, ao condicionamento físico e à expressão. O objetivo é montar coreografias para qualquer tipo de evento com foco na dança.
Apesar do crescimento da cena, o grupo avalia que ainda existe uma desvalorização do trabalho, que, muitas vezes, é visto como algo que não deveria ser remunerado. ;Muitos grupos estão lutando no mercado. Arte é algo muito desvalorizado. É importante que as pessoas entendam que se tem a mesma disciplina e tempo de dedicação de um trabalho formal. A performance faz uma diferença no evento, então ela precisa ser remunerada;, completa a coreógrafa.
Backstage Performance
Dançarinas
Amanda Lima
Andressa Delfino
Débora Harumi
Gabriela Venturin
Gabriela Parente
Geórgia Brunelli
Helena Ferretti
Isabela Teperino
Luana Amato
Maria Eduarda Cabral
Viviane Sobral
Direção: Carol Newman
Coreografa: Érica Rézio