O mercado de produção seriada no Brasil tem crescido a cada ano, graças ao fomento para esse formato audiovisual. Um exemplo disso é a chegada da minissérie brasiliense Cidade invisível à plataforma on-demand Amazon Prime Vídeo. Iniciativa do roteirista e diretor Thiago Foresti em parceria com o diretor Renan Montenegro, a trama foi pensada em 2014 ; quando o roteiro foi escrito ; e viabilizada em 2016 após a dupla vencer um edital do ano anterior para produção de séries para tevês públicas brasileiras. Em 2017, a produção foi exibida na programação do Canal Brasil e depois rodou festivais brasileiros e internacionais. Em Los Angeles, foi premiada como melhor série de drama e melhor roteiro.
Cidade invisível nasceu de uma ideia de Thiago Foresti por conta do trabalho na agência e produtora de conteúdos Forest Comunicação, da qual é um dos sócios. ;Tenho essa produtora há oito anos. A gente sempre fez muito documentário, sempre trabalhou com temas socioambientais. Tivemos como cliente a Organização Internacional do Trabalho (OIT), um dos trabalhos foi cobrir e filmar o resgate de trabalhadores de uma usina de cana-de-açúcar no Distrito do Chumbo (MT) em 2013. As condições eram bem degradantes. Acompanhando, tive a oportunidade de ver como eles viviam e foi o contato com essa realidade que levei para a ficção;, conta.
Inspirado nessa vivência, Foresti fez o roteiro da minissérie, que aborda como tema central as condições, as relações e as causas do trabalho análogo à escravidão no Brasil. ;Misturamos outras histórias que não eram só de trabalho escravo, mas de situações degradantes, como escravidão moderna, com trabalhos com jornadas extenuantes.;
Desenvolvimento
Essa temática é destrinchada em cinco episódios, em que cada um deles têm um protagonista: Edmilson, um homem que trabalha no corte ilegal da madeira; Rubens, funcionário de um frigorífico; Ivonete, uma garota de programa; Alex, menor de idade obrigado a trabalhar; e Moacyr, um personagem misterioso que, de alguma forma, se envolve na história dos demais. A cada episódio, Cidade invisível mostra a escravidão moderna, o trabalho infantil, a prostituição e a exploração, tendo o quinto e último episódio, um panorama das condições de trabalho na Amazônia.
A narrativa se passa na cidade fictícia de Nova Esperança, no interior do Pará. Por conta disso, teve filmagens em Mato Grosso, estado de criação da Forest Comunicação antes de se estabelecer em Brasília, e também no Pará. A cidade base para a criação de Nova Esperança foi Alter do Chão (PA), região que foi fundamental na presença de dois atores globais no elenco: André de Biase e Patrícya Travassos. ;Queríamos trabalhar com atores locais e o fizemos. Mas a gente sentia que faltava um tempero, alguma coisa diferente. Começamos a ir atrás de algum ator conhecido. A Liana Farias, que assinou a produção, começou a ir atrás, até que conseguimos o André, que topou ir por um cachê bem reduzido por se tratar de Alter do Chão. Nas nossas conversas, ele ficou de chamar a Patrícya e deu certo;, lembra. O elenco tem ainda o candango Tulio Starling, que integrou o elenco do musical Roda viva, do grupo Oficina, e da série Feras, da MTV.
Quando Cidade invisível começou a ser gravada, a Forest Comunicação tinha acabado de desembarcar na capital federal, onde atua até hoje. ;A gente chegou a Brasília com o projeto já para convidar as pessoas para participar e foi bem legal. Nossa equipe era majoritariamente brasiliense;, conta Thiago Foresti, que estreou na direção na minissérie.
Confira trailer da minissérie Cidade invisível
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Outros projetos
No último fim de semana, Thiago Foresti foi premiado no Festival de Gramado ao lado de Daniel Sena. A dupla levou o kikito de melhor montagem pelo curta-metragem Invasão espacial, produção que revela o contato de populares com uma situação ligada à instalação do Centro de Lançamento de Alcântara (Maranhão), uma mistura de situações absurdas com a realidade.
Neste ano, ele ainda esteve envolvido em outro curta, Escola sem sentido, exibido no Cine Brasília após financiamento coletivo. A narrativa faz uma crítica ao projeto Escola sem partido pela história de um professor que, gravado dentro de uma sala de aula por uma aluna, é acusado de doutrinação ideológica.