Santificado
Amar com audácia
e desespero e estrondo,
como a fruta que se lança
do galho sem saber
da queda a imensidão.
Amar com enfermidade
e delírio e cinzelando um nome na pele,
como os escultores que criam na pedra
uma carne para a loucura.
Amar com enfermidade
e ânsia e fim,
como o pai que abraça
seu filho em Hiroshima
aguardando a queda do sol.
Amar
é cultivar
raízes na pele.
Amor
é catástrofe
santificada.
Angel Cabeza, do livro Canção para os seus olhos e outros castanhos (ed. Urutau)