Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Tantas palavras

Santificado

Amar com audácia

e desespero e estrondo,

como a fruta que se lança

do galho sem saber

da queda a imensidão.


Amar com enfermidade

e delírio e cinzelando um nome na pele,

como os escultores que criam na pedra

uma carne para a loucura.


Amar com enfermidade

e ânsia e fim,

como o pai que abraça

seu filho em Hiroshima

aguardando a queda do sol.


Amar

é cultivar

raízes na pele.


Amor

é catástrofe

santificada.


Angel Cabeza, do livro Canção para os seus olhos e outros castanhos (ed. Urutau)