Dez anos separam a última visita do músico Robert Cray ao Brasil. Uma das maiores referências mundiais do blues brinda o público brasileiro, este ano, com shows em quatro cidades acompanhado da sua The Robert Cray Band. ;Normalmente, não demoramos muito para voltar a um determinado lugar. Estamos ansiosos. Faz muito tempo;, conta o guitarrista em entrevista ao Correio.
Em Brasília, Robert e a banda são as principais atrações da 5; edição do Festival BB Seguros de Blues e Jazz. Partindo do conceito simples de reunir os amigos e a família em um ambiente agradável ao som de grandes nomes nacionais e internacionais, o evento ocorre este fim de semana no Parque da Cidade e é totalmente gratuito.
São mais de 40 anos de carreira, cinco Grammys no currículo e inúmeras canções nas paradas de sucesso da Billboard. Robert Cray se tornou um dos grandes representantes do blues e da música negra. O segredo? ;Acredito que todos nós gostamos de tocar e nos divertimos;, resume o artista.
Autor e compositor das canções, para ele, a boa música é aquela que transparece e respira a personalidade e a alma do músico. ;A magia do blues está no fato de que é uma música honesta, sobre a vida das pessoas e como elas vivem. Quando você escuta, você escuta as pessoas colocando, realmente, os sentimentos nela;, afirma.
A relação de Robert Cray com esse tipo de arte começou ainda na infância. Em casa, ele ouvia, com a família, os discos de R, jazz e ícones como Ray Charles. Aos domingos, a influência era a música gospel. Contudo, foi o som de John Lennon e George Harrison, guitarristas dos Beatles, que determinou o sonho de Cray. ;Quando os Beatles apareceram, eu queria uma guitarra como todo garoto que conhecia. Ouvíamos o que eles tocavam na rádio e tudo o que queríamos era tocar;, relembra. Aos 15 anos, ele e os amigos redescobriram o blues, com as canções de Buddy Guy e B. B. King. ;Voltei para a casa dos meus pais e, de repente, os discos começaram a desaparecer. Eles não ouviam, então eu pegava;, acrescenta aos risos.
Mesmo com as referências do pop, do rock e da ;invasão britânica;, com Beatles, Rolling Stones e Jimi Hendrix, Cray não deixou de lado a representatividade da black music. Nos Estados Unidos, na América, uma parte do gênero tem referência política. ;Temos que trazer essa mensagem. Temos que atingir as pessoas, porque o objetivo do blues, da soul music é compartilhar o que está acontecendo, é ajudar a lidar com as situações e os problemas;, avalia.
Bossa nova
Da música brasileira, o norte-americano confessa não conhecer muito, sobretudo, do que é feito atualmente. O último artista brasileiro que viu tocar foi Ivan Lins em um show na Califórnia. Anos antes, um dos guitarristas da sua banda, lhe apresentou o som do violonista Baden Powell. ;Me tornei um grande fã. Tenho vários álbuns em casa. Também gosto de Chico Buarque e João Gilberto. Fiquei muito triste ao saber que ele morreu. João GIlberto mostrou ao mundo sons incríveis;, conta.
Com elementos do pop, do rock dos anos 1970, do funk e da música negra em geral, Robert Cray é autor de um blues singular. Apesar da voz lembrar Otis Reeding, ele toca com simplicidade e elegância. Além da sua inseparável guitarra, o norte-americano chega a Brasília acompanhado por Richard Cousins (baixo), Dover Weinberg (teclados) e Terrence Clark (bateria), The Robert Cray Band.
Festival BB Seguros de Blues e Jazz
Sábado, 3 de agosto, das 14h às 22h, no Estacionamento 4 do Parque da Cidade (CES- Eixo Monumental Sul- s/n;-). Classificação indicativa livre. Entrada gratuita.