O gênero não as determina nem limita seus trabalhos. Contudo, ser artista mulher as une em um movimento contrário à predominância da presença masculina nos grandes acervos e coleções do Brasil e do mundo. Nos próximos dias, Brasília celebra a arte de mulheres de diferentes gerações de brasilienses em quatro exposições: Cosmos, Brasília, raro encanto, Linhas de força ; Superfícies em transe e Elas & Elas na arte.
Em fevereiro deste ano, pesquisadores americanos fizeram um levantamento sobre a diversidade de artistas em coleções dos 18 maiores museus dos EUA. Divulgado pelo National Museum of Women in the Arts, o material mostra que a maioria das obras presentes nesses acervos foi produzida por homens brancos. Elas compõem cerca de 75% das coleções, enquanto as mulheres brancas representam 11%. O conjunto formado por homens asiáticos e latinos soma cerca de 10%, e menos de 1% é reservado a todos os outros grupos que não se encaixam nessas categorias.
No Brasil, a realidade não é diferente. Entre os acervos com maior presença feminina estão o da Pinacoteca, de Inhotim e do Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC) com pouco mais de 20%. ;A proposta era justamente trabalhar só com mulheres. Quando fiz o convite, senti quase uma euforia da parte delas. Acharam muito legal a oportunidade e o momento de trabalhar com outras mulheres. Conversamos e trocamos muito;, comenta a galerista Onice Moraes.
Com mais de duas décadas de atuação no mercado de arte contemporâneo e sócia da Referência Galeria de Arte, ela selecionou nove artistas do DF para a mostra Linhas de força ; Superfícies em transe, que abre quinta-feira, 1; de agosto, na Galeria Casa.
;Hoje em dia, a mulher está tendo mais visibilidade nas artes visuais. A maioria dos artistas, os mais conceituados, eram de homens. Mas fomos ganhando espaço. Lá atrás, Tarsila, Anita e outros nomes do Modernismo, por exemplo, lutaram muito para fazer isso acontecer. Somos artistas plásticas profissionais, com experiência no exterior;;, conta Malu Perlingeiro. Ela integra o grupo Elas & elas na arte, formado por 10 mulheres, e que apresenta na Câmara Legislativa uma coletânea da produção.
Linhas de força ; Superfícies em transe
Onice apresenta na Galeria Casa obras de Adriana Vignoli, Alice Lara, Bruna Neiva, Karina Dias, Luciana Paiva, Patrícia Bagniewski, Raquel Nava, Yana Tamayo e Zuleika de Souza. Sem uma linha curatorial específica, a ideia da galerista é apresentar a pujante, inovadora e diversificada produção feminina da capital. ;As linhas de forças representam a variedade de pensamento, de propostas de trabalho, e as superfícies em transe, a variedade de suportes e de resultados;, explica Onice. Pintura, escultura, desenho, videoinstalação e fotografia traduzem os pensamentos das artistas sobre o meio-ambiente, direito dos animais, direitos humanos, arquitetura, tempo, memória, descolamento e arte. ;Os artistas jovens trazem na sua linguagem, na proposta, temas atuais e possuem uma produção muito contemporânea. São nomes importantes dentro do mercado da economia criativa da cidade e lá fora. É importante mostrar essa diversidade, o público precisa ver isso;, conclui a galerista.
; Com curadoria de Onice Moraes. Abertura quinta-feira, 1; de agosto, e visitação até 27 de agosto, de terça a sábado, das 14h às 22h, e domingo, das 14h às 20h, na Galeria Casa ( CasaPark ; 1; Piso, corredor do Espaço Itaú de Cinema)
Elas & elas na arte
A pintura é o que une as 10 artistas do grupo Elas & elas na arte. Apesar da paixão pelos pincéis, cada uma tem um trabalho pictórico singular. ;A diversidade de estilos e técnicas e o respeito pela maneira de se expressar de cada uma são as marcas do grupo;, comenta Malu Perlingeiro. Na segunda exposição realizada este ano, as artistas apresentam cerca de 60 obras executadas nas técnicas acrílicas, mista e óleo sobre tela. Em cada trabalho, Ana Lucia Laudares, Ana Pimentel, Angélica Bittencourt, Eusanete Sant;anna, Fernanda Curado, Junira Klein, Malu, Roselena Campos, Salma Manzano oe Socorro Mota retratam memórias, vivências e visões do mundo. Silhuetas da capital carioca, ajuntamentos urbanos, flores, paisagens, indo da arte figurativa à abstrata poderão ser vistas pelo público.
; Segunda exposição anual do coletivo Elas & elas na arte. Abertura terça-feira, 6 de agosto, e visitação até 30 de agosto, de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 19h, no Foyer do Plenário da Câmara Legislativa do DF (Praça Municipal, Qd. 02, lote 05)
Cosmos
A beleza dos corpos celestes é a veia principal da exposição da artista plástica e diretora da Associação Candanga de Artistas Visuais (ACAV), Lia Paes. Em 16 telas em técnica acrílico sobre tela ou mista, ela homenageia o pai, com quem aprendeu a admirar as estrelas, e mostra que o universo não é escuro e, sim, amplo e muito colorido.
; De Lia Paes. Visitação até 16 de agosto, de segunda a sexta-feira, das 12h às 19h, no Memorial do TJDFT (Fórum de Brasília - 10; andar do Bloco A, Ala A)
Brasília, raro encanto
Há 22 anos, Rosânia se encantou pela beleza dos tratos de Niemeyer e trocou a terra natal, Pirenópolis, por Brasília. Na exposição em cartaz no Memorial do TJDFT, ela revela as curvas da Catedral, do Congresso e o Lago Paranoá pelo olhar delicado da joalheria artesanal.
; De Rosânia Ulácia. Visitação até 16 de agosto, de segunda a sexta-feira, das 12h às 19h, no Memorial do TJDFT (Fórum de Brasília - 10; andar do Bloco A, Ala A)