A elegância de Michael Caine se opôs à tosquice de Steve Martin, no longa Os safados (1988); vindos de classes sociais divergentes, em Dois farristas irresistíveis (igualmente saído de comédia idealizada pelos roteiristas Stanley Shapiro e Paul Henning), o algo bronco personagem de Marlon Brando desbancou a garbosidade de David Niven, em meados dos anos de 1960. Passadas décadas e superados padrões de gênero, o longa As trapaceiras é um misto de Os safados e Dois farristas irresistíveis ;, são duas comediantes que ocupam a tela: Anne Hathaway e Rebel Wilson.
Com acréscimo da escrita de Jac Shaeffer (uma roteirista do futuro Viúva Negra), As trapaceiras se fixa em subterrâneas estratégias das ardilosas protagonistas dispostas a, em tom de farsa, flertar com os filmes centrados em tipos criminosos. No fundo, as duas protagonistas querem abusar do poder de manipulação e de influência que têm junto aos homens.
As personagens de Anne Hathaway e Rebel Wilson, pela ordem, se afundam numa elegância britânica e, no caso de Rebel, numa revoltante falta de compostura e vulgaridade ímpar. A perspicácia, entretanto, é comum a ambas. ;Nenhum homem acreditará que uma mulher seja mais esperta do que ele;, opina Josephine (Hathaway), que frequenta, desenvolta, a Riviera Francesa e, entre jogatinas de cassinos, quer se provar imbatível no tabuleiro das conquistas.
Capaz de desorientar, dado o poder de hostilidade, Penny (Rebel Wilson) segue outro ramo: xinga, abaixa o nível e chega, chegando. A crueldade, ao desbancar homens, parece a marca comum às duas protagonistas. Entre os críticos, o representante da conceituada revista Variety apontou que a comédia ;ameaça borbulhar, mas a diversão nunca alcança o topo da taça;.
Na corrida atrás de potes de ouros que veem nos homens que tentam conquistar, Josephine e Penny têm como parceira a policial interpretada por Ashley McGuire (da série This country). Numa eterna perseguição que dá ares de caça entre gato e rato, Josephine e Penny tentam se sabotar, desbancando uma a outra.
Torcendo pela vida
Em As rainhas da torcida, primeiro filme assinado por Zara Hayes, Martha (personagem de Diane Keaton) é diagnosticada com câncer e encara a vida de uma solitária idosa, que, meio ressabiada, retoma o passado escolar, em que atuava como agitada organizadora de torcida, por meio de animadas coreografias.
Estrelado também por Jacki Weaver, Pam Grier, Phyllis Somerville (do recente A vida de Diane) e ainda por Celia Weston (Modern family), As rainhas da torcida aborda uma série de temas relevantes para os integrantes da melhor idade, entre os quais a luta contra preconceitos e a busca pela plenitude na realização de antigos sonhos.
Pelo direito de ser feliz, Martha se une a Sheryl (Jacki) e ambas formam um clube numa comunidade de idosos em que pretendem recuperar a alegria e a autoestima de mulheres com idade avançada.
Outras estreias
Ted Bundy ; A irresistível face do mal
; De Joe Berlinger. Zac Efron interpreta o assassino Ted, que existiu e agiu incessantemente nos anos de 1970, conquistando mais de 30 mulheres, antes dos crimes. Atuando na própria defesa nos tribunais, Ted matou em sete estados e ainda teve o apoio, durante o processo, da mulher com quem casou e da admiradora.
O mistério do gato chinês
; De Chen Kaige. Durante o reinado da dinastia Tang, um poeta e um monge são convocados para montar as peças de caso que levam à atuação de um gato amaldiçoado, que tomou o corpo da mulher de um militar, encabeçando assassinatos.
O professor substituto
; De Sébastien Marnier. Convocado para substituir um professor que cometeu suicídio, Pierre, aos poucos, encara uma situação intrigante: o comportamento indiferente e cruel de seis alunos das classes.
O mistério de Henri Pick
; De Rémi Bezánçon. Crítico literário não se conforma com o que acredita configurar uma fraude: uma editora publica um suposto manuscrito de pizzaiolo morto, recentemente, e que, de imediato, conquista milhares de leitores. Uma investigação extraoficial está a caminho.
Adeus a Rutger Hauer
Morto aos 75 anos, na última sexta-feira, o ator Rutger Hauer teve seu funeral realizado ontem, antes da divulgação de sua morte para a imprensa. Ativista em causas ambientais e envolvido em movimentos de benefícios a soropositivos, o ator holandês ganhou projeção mundial, em 1982, coestrelando Blade Runner, com Harrison Ford. É dele, a cena decisiva, ao final do filme. Com carreira iniciada nos anos 70, Hauer filmou muitas obras de Paul Vernhoeven, foi dirigido por Luc Besson e Christopher Nolan. A causa da morte não foi revelada pelos familiares que se limitaram a associar com uma doença. Na tela, Hauer viveu o pintor Pieter Bruegel, em 2011, em O moinho e a cruz, e estrelou sucessos oitentistas como A morte pede carona, O feitiço de Áquila e Conquista sangrenta.