Piano, berimbau, violão, saxofone e as muitas possibilidades da música instrumental ocupam praças, quadras e setores de Brasília no primeiro Festival Música não é barulho | Música transforma. A partir de hoje, o evento oferece apresentações ao vivo de nomes locais e de várias partes do Brasil, debates e ações gratuitas com caráter social e cultural para profissionais do setor e, principalmente, para os amantes de um bom som.
O músico Esdras Nogueira é o responsável pelo festival. Para ele, tudo começou com a ideia de promover o intercâmbio artístico. ;Crescemos muito enquanto comunidade cultural. Também queremos levar as bandas para tocar em outros lugares, não só os grandes palcos;, explica. Como o próprio nome anuncia, a proposta é mostrar que existe uma coexistência pacífica entre a vida cultural de uma cidade e seus moradores. ;Brasília teve e tem problemas com a Lei do Silêncio, que precisa ser resolvida, vários estabelecimentos fecharam. Vamos fazer em algumas casas até para valorizar os lugares que dão espaço para a música;, complementa o músico.
Para a primeira edição do festival, Nogueira focou, como critério curatorial, no que é inovação no cenário. ;Buscamos novidades, a nova música instrumental brasileira, jazz, chorinho, algo mais eletrônico;, descreveu. Entre eles, o Duo B.A.V.I. - Berimbau Aparelhado Violão Inventável, composto pelos músicos João Almy de Almeida e Anderson Petti. A proposta é definida por eles como ;uma experiência sensorial que não limita o ouvinte e não nos limita;. Com apresentação marcada para hoje, no Clandestino Café, o duo abre o evento e também faz sua estreia na capital federal.
;Nosso projeto tem um caráter híbrido, que se encaixa nesse perfil de música instrumental. Para nós, participar do festival é um reconhecimento muito grande;, comenta João. Os dois tocam juntos há três anos e possuem uma sonoridade singular. ;A gente não se restringe a usar os instrumentos - berimbau e violão de corda. Manipulamos outros sons, vamos criando camadas ao vivo, usamos gírias da Bahia;, descreve o artista. Em Brasília, o Duo B.A.V.I. traz as músicas do último EP, Que onda é essa?, lançado em 2018, e outras melodias e composições.
Nomes locais e nacionais
O Festival Música não é barulho | Música transforma reúne ainda, de Pernambuco, Amaro Freitas, pianista que renovou o jazz brasileiro; Thiago França, do grupo Metá Metá e Mariá Portugal, da Quartabê; de São Paulo, Aeromoças e Tenistas Russas; Henrique Band e Daniela Spielmann do Rio de Janeiro, além de alguns artistas da cidade. A trupe de brasilienses é formada por Dillo, Passo Largo, Junior Ferreira, Pablo Fagundes, Bruno Gafanhoto Trio, Choro da Resistência, Muntchako, Aiure, Larissa Umaytá, Rodrigo Bezerra e o projeto Re.Me.Xe. de música instrumental para dançar seguido de Jam Session.
Na ocasião, Esdras Nogueira aproveita para brindar o público com o lançamento do disco Transe, no qual faz uma releitura do CD homônimo de Caetano Veloso. O idealizador do evento também alia música e gastronomia. Batizado de Coma Lá em Casa, o projeto gastronômico, capitaneado por ele e por Mariana Cardoso, também terá espaço cativo no evento. ;Cada lugar vai oferecer um prato e uma bebida pensados para complementar a música. Assim como as canções, os sabores mexem com os sentimentos e trazem à tona coisas boas;, justifica Nogueira.
A primeira etapa do festival ocorre durante uma semana em Brasília, entre os dias 21 e 27 de julho, com 13 apresentações e quatro rodas de debates sobre o mercado da música. Ao organizar um encontro de instrumentos e suas possibilidades, o músico dá visibilidade ao gênero que, para ele, tem espaço e receptividade do público.
Para o baiano João Almy, apesar da dificuldade de disseminação em algumas localidades do país e dos músicos não terem um repertório conhecido, o público se envolve tanto quanto em um show de música cantada. ;Essa iniciativa é muito importante e mostra para as pessoas a diversidade da música instrumental, como a gente sabe que é a música brasileira de um modo geral;, pontua.
Musicalização
Em um segundo momento, Esdras quer ir além do que se conhece no universo da música. Sair do palco e levar as canções para um outro tipo de público. A ideia é incorporar ao festival atividades musicais pensadas para hospitais, escolas públicas, creches e orfanatos. ;A música transforma, transforma o ambiente, traz vida, segurança e tem o poder de cura. Quase todo mundo que está no evento já faz esse trabalho, vamos agregar ao projeto. O Música Transforma visa à formação, à inserção social e à melhoria de vida por meio da música;, afirma.
Festival Música não é barulho | Música transforma
De hoje até dia 27 de julho, em diferentes locais de Brasília. Entrada franca e livre para todos os públicos.