Totalmente animado em 3D, feito em plataforma hiperrealista, o curta em realidade virtual O
sumidouro de Ágreda ; ;um produto 100% brasiliense;, como ressalta o diretor Márcio Moraes ; forma a
dupla de filmes locais selecionados para a 27; edição do AnimaMundi, com a etapa carioca a ser
encerrada hoje e com a programação paulistana a ser iniciada na próxima quarta-feira.
Ao lado do curta do diretor Márcio Moraes, na verdade um segmento de projeto de longa em
desenvolvimento, está outra produção com origem em Brasília: Xingu, o rio que pulsa em nós (fruto do
Instituto Socioambiental, ISA, que agrupa parte da sociedade civil nacional), com direção de João
Maia, e criado numa ponte integrada em Brasília, Altamira (Pará) e São Paulo. ;O filme trata de um
direito fundamental: a garantia da vida de povos indígenas e ribeirinhos que vivem em uma região
única no mundo: a Volta Grande do Xingu. Para isso, é essencial que o hidrograma e consenso sejam
revistos e seus testes cancelados;, observa Biviany Rojas, advogada do ISA.
No âmbito da mostra competitiva de realidade virtual do Anima Mundi, O sumidouro de Ágreda trouxe
cinco meses de trabalho para a equipe. Lidando com resolução em 4K, o filme consumiu 12 dias para a
compactação das imagens e a mistura de dados que trouxe o aspecto final no acabamento. Modelagem,
cenário e animação exigiram quatro meses. O orçamento foi de R$ 55 mil, e veio via FAC (Fundo de
Apoio à Cultura do DF) e do Fundo Setorial da Ancine. ;Competiremos com muitos títulos
internacionais, donos de muito mais verba do que a gente. Ser selecionado é grande vitória. É um
filme que agrada bastante ao público. Estamos em rol que traz títulos premiados internacionalmente;,
comemora Márcio Moraes.
Na fita, há apresentação de trama em intramundo ; ;como se no interior da Terra, tipo ;viagem ao
centro da terra;;, conta Moraes. Mais de 15 anos dedicados à animação, formação em cinema na França
e experiências como professor no Iesb renderam inspirados momentos para o cineasta que tem 54 anos,
e é primogênito do reconhecido diretor Geraldo Moraes, morto em 2017. Dentro de um elaborado
universo, criado em roteiros desde 2013, o filme, sem violência, tem como meta o público juvenil.
Primeiro capítulo do projeto sob o nome de Na terra dos Ekitumans, O sumidouro de Ágreda coloca o
espectador como agente ativo da trama: na pele do personagem central (uma moça), o público faz
passeio, a partir da experiência de um sequestro em que Elias (um barqueiro) poderá ajudar, na rota
de fuga para espécie de calabouço.
;Não tem discos voadores, neste planeta habitado por seres fantásticos. Nosso cenário é enorme, e
você fica dentro de uma caverna gigantesca; para qualquer lado que olhar, você está no ambiente do
filme. A sensação é de tela muito maior do que a do cinema ; você imerge no filme. Com uso de
óculos, a experiência melhora. Hoje em dia, com um filme em computador, você coloca os óculos e
assiste;, comenta o diretor Márcio Moraes. Grosso modo, O sumidouro de Ágreda ; desenvolvido para
uma experiência individual de imersão ; contempla viés crítico relacionado à ecologia. ;Os ekitumans
dominam a gente, como nós, homens, temos dominado os animais. Em trabalhos forçados e lavoura, os
homens são usados na construção de uma crítica sutil, sem moral da história;, conclui.
Duas perguntas /João Maia
Quais as maiores dificuldades,ao elaborar aspectos artísticose de produção do curta Xingu, o rio que
pulsa em nós?
O maior desafio nesta produção foi transformar a enorme e relevante pesquisa que os indígenas Juruna
(Yudjá), em parceria com o ISA e Universidade Federal do Pará, conduzem sobre o tema em um filme
curto, tocante, potente, capaz de gerar engajamento e convidar o público para atuar como parceiro
numa luta fundamental.
Que relevância tem a seleção para o AnimaMundi?
Conseguir que uma mensagem tão urgente, relevante e necessária chegue a público por meio do
AnimaMundi é de essencial importância para ampliar o alcance desta luta.