Nicole Mattiello*
postado em 11/07/2019 06:30
Tato, Valdir do Acordeon, Alemão e Dezinho. Assim, soltos, esses nomes não soam tão familiares. Juntos, talvez: Falamansa. Com músicas que fizeram e fazem parte da história de muitos brasileiros, o grupo já tem 21 anos de carreira, 11 discos lançados e incontáveis shows no currículo.
O primeiro álbum da banda, Deixa entrar;, distribuído pela Abril Music, trouxe um dos hits mais famosos do grupo, o Xote dos milagres, que tem mais de 25 milhões de visualizações somente no YouTube. As músicas do grupo fazem história na vida dos ouvintes.
A relações públicas Letícia Castro, 24, é uma delas. Ela conta que a música Um pouco mais de fé tem grande significado da relação entre ela e um amigo muito especial. ;Eu tenho um amigo muito próximo e muito querido. Nós sempre falamos muito sobre a vida, sempre compartilhamos muito as coisas que acontecem. A gente se aconselhava muito e se abria muito um para o outro. A gente tem a mania de compartilhar músicas. Então, sempre que um gosta de uma música, manda para o outro e vice-versa. Aí, um dia eu descobri essa música do Falamansa, estava com mania dela, gostei muito, achei-a muito positiva;, conta.
Letícia e o amigo compartilharam, por acaso, a mesma música. ;Ele me enviou a música, mas eu já estava escutando ela e falei que achava a música maravilhosa, muito boa, e que dá muita paz. A partir de então, sempre que a gente estava passando por um momento mais difícil, mais estressante, a gente sempre aconselhava essa música um para o outro. É uma música que fala sobre dias difíceis, que a gente precisa levar com leveza, paz. Aí, ficou assim: toda vez que eu escuto essa música eu lembro desse meu amigo, e lembro ao mesmo tempo que basta ter fé, basta a gente acreditar em coisas boas, direcionar energia etc., diz.
A banda começou carreira no 3; Festival de Música do Mackenzie em 1998, sendo uma das 20 selecionadas entre as 160 bandas inscritas. Ela é uma das precursoras do Forró universitário no Brasil. Em janeiro de 2000, quando lançou o primeiro disco, ficou nacionalmente conhecida.
Em 2014, o grupo Falamansa recebeu um dos prêmios latino-americanos mais importantes da música, o Latin Grammy. Na 15a edição da premiação, eles foram os vencedores da categoria Melhor Álbum de Música de Raízes Brasileiras com a música Amigo velho. O hit faz parte do último lançamento da banda, o álbum Lá da Alma que foi divulgado em 2016, e tem singles como Seja o que Deus quiser, Por um amor mais verdadeiro e Um pouco mais de fé.
Hoje, a banda se apresenta no festival Na Praia, na Orla da Concha Acústica. E se o arrasta-pé da banda já é bom, na areia o grupo promete ser melhor ainda. As atrações da Quinta Cultural para hoje são DJ Jonnes, banda Encosta Neu e as bandas Falamansa e Forró de Viola.Em entrevista ao Correio, o Falamansa contou um pouco mais sobre a sua trajetória.
Entrevista / Tato
Como e quando os integrantes do grupo se conheceram?
Nos conhecemos em 1998, no ano em que nasceu a Falamansa. Cada um de nós já trabalhava no meio, produzindo eventos de forró, mas ninguém tinha banda. Convidei o Alemão para tocar comigo num festival da minha faculdade, e ele convidou o Dezinho. Aí, chamamos o Valdir, que já fazia parte do cenário do forró.
E quando foi que surgiu a ideia de formar uma banda?
Foi uma ideia que nasceu somente para um festival. Inscrevi-me com a música Asas e chamei os meninos. Logo depois do festival, que pegamos o segundo lugar, resolvemos ensaiar um repertório. E os ensaios começaram a encher de curiosos, e acabou virando uma balada.
A formação da banda é a mesma desde de o início?
Sim, desde o início, temos a mesma formação e o mesmo objetivo.
Quem são as inspirações de vocês?
Luiz Gonzaga e Dominguinhos, os trios De forró como Virgulino, Nordestino, Os 3 do Nordeste, os grandes mestres que levaram o forró para a MPB como Gil, Caetano, Elba, Alceu e Zé Ramalho e , particularmente, aqueles que usam da música para passar boas mensagens como Bob Dylan , Bob Marley, Gonzaguinha e outros...
Quais foram os shows que mais marcaram o grupo?
Acredito que todas as turnês de São João são muito marcantes, pois nos inserem dentro da tradição e da cultura brasileira. Um show muito marcante foi também no Festival de Montreux, onde tocamos ao lado de grandes figuras da música mundial como Yes, Jamiroquai e Maria Bethânia.
Vocês conhecem alguma história que foi embalada pelas músicas de vocês?
Várias! Quanto mais o tempo passa, encontramos casais que se conheceram através da nossa música e hoje passam esse carinho pela banda aos filhos. Isso não tem preço e é fruto da nossa persistência e fidelidade. Além disso, muitas histórias de superação também fazem parte da nossa carreira. Pessoas que encontraram na nossa música motivação para sair de dificuldades e, principalmente, da depressão.
Qual é a música xodó do grupo e por quê?
Gosto muito de Asas, porque foi a música que nos uniu. A primeira que tocamos juntos. Escrevi num momento muito inspirado da minha vida e é parte fundamental da nossa história.
As músicas têm histórias especiais por trás? Como é o caso Xote dos milagres, que a Jout Jout descobriu que é sobre a mãe do Tato?
Sem dúvida, quando escrevo algo não é para mim, é para os outros. Faço música para levar energia boa para os outros. Sempre penso em algo que faça com que as pessoas cantem e se sintam melhores. É que não limite ninguém de ouvir. Mas essa história de Xote dos milagres ser para a minha mãe foi fruto da imaginação fértil da Jout Jout! Fiz essa música para fazer as pessoas acreditarem nas causas impossíveis, para ajudar nas adversidades como motivação.
Já são 21 anos da banda e a maior parte deles sendo grande sucesso nacional. Como vocês justificam isso?
Acredito que temos o mesmo objetivo desde o início e essa persistência, sem desviar o caminho para atender a demanda do mercado, fez com que nos tornássemos referência no nosso estilo. E isso só acontece depois de muito tempo. Em qualquer profissão, quando você passa de 20 anos, fazendo exatamente a mesma coisa, vira referência naquilo. E o segredo das grandes empresas de tradição.
Qual será o repertório do show hoje? Tem foco num álbum ou serão os sucessos?
São só sucessos da carreira e grandes clássicos do forró. É um show feito pras pessoas cantarem do início ao fim. Com certeza, o show mais participativo da história da banda.
Qual a relação da Falamansa com Brasília? O público sempre foi fiel?
Brasília até hoje tem a maior concentração de fã clubes da Falamansa de todo o país e de longe é o lugar em que mais nos apresentamos fora do eixo Minas-São Paulo. Hoje, depois de tantas apresentações em BSB, criamos grandes amizades por aí e não consigo me lembrar de um show em Brasília que não estava lotado! Temos uma gratidão imensa que sempre fazemos questão de demonstrar através das nossas apresentações.
*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco
Show do Falamansa
Quinta-feira, às 21h30. Ingressos: R$ 141 (inteira) e R$ 71 (meia-entrada). Não recomendado para menores de 16 anos.
Programe-se
18/7 Lulu Santos
; Em seu 25; álbum Pra sempre, lançado recentemente, o cantor fala sobre o amor e casamento com seu companheiro Clebson Teixeira.
25/7 Nando Reis e Roberta Campos
; Parceria antiga, a música mais conhecida da dupla é De janeiro a janeiro. Eles se apresentam na Quinta Cultural do Na Praia.
1;/8 Diogo Nogueira
; O cantor de samba, compositor e apresentador brasileiro abre o mês de agosto no festival.
Quinta Cultural
; A Quinta Cultural começou no dia 4/7 com Legião Urbana, e tem como proposta apresentar ao público o melhor da música brasileira. Na agenda, estão presentes diversos estilos musicais, todos bem brasileiros, como Lulu Santos, Nando Reis e Roberta Campos, Diogo Nogueira, Roupa Nova, Djavan, Alceu Valença, Capital Inicial e Zeca Pagodinho encerrando o calendário.
Na Praia Concha Acústica (Orla do Lago Paranoá)
; Amanhã, às 17h. Shows do funkeiro MC G15 e do DJ Liu. Ingressos a partir de R$ 61. Não recomendado para menores de 16 anos. Sábado, às 17h. Shows com Xand Aviões e Anitta, além da DJ Rivkah e do DJ Shark. Ingressos a partir de R$ 161. Não recomendado para menores de 16 anos. Domingo, às 17h. Shows de pagode com o grupo Menos é Mais e Dilsinho. Ingressos a partir de R$ 91. Não recomendado para menores de 16 anos.