o barco na garrafa
que vento, tormenta, qual
embargo causado pelo caos
atravessou o aço deste barco?
qual a história de seu rapto,
de sua carcaça aprisionada
ao arrecife, pelo casco?
terá afundado em álcool
; em rum, a nau afogada ;,
no premente e estrepitoso
jorro da única talagada?
terá sido enfeitiçado
o capitão embriagado
pelo canto da sereia
ou pela água envenenada?
pois saibam, sujos marujos,
que até assim se naufraga,
e onde esperaríamos o gênio
realizando desejos, resta a
miniatura delicada da fragata
prensada através do gargalo,
presa ao interior da garrafa;
haverá outra escolha ( brinquedo
camuflando o medo ; mero modelo)
senão estilhaçá-la ao peso
do arremesso (pequena parcela
do mar ou a própria alma
sequestrada) a singela peça
do artesanato naval, minuciosamente
trabalhada ou frágil granada
lançada contra a parede da sala?
Alexandre Guarnieri