A repercussão da morte João Gilberto se espalhou pelo Brasil e pelo mundo. Gal Costa dedicou ao cantor o show A pele do futuro, realizado no Centro de Convenções, em Brasília, na noite de sábado. ;João vai deixar um vácuo enorme na música brasileira. Não só pela sua voz e por sua interpretação, como também por sua postura diante da vida;, disse. ;Não virei cantora por causa do João Gilberto. Ser cantora era meu sonho de infância, nasci cantora, mas João foi meu professor, me ensinou a melhorar meu canto, minha respiração. Antes era Deus no céu, João na terra. Agora é Deus no céu e João Gilberto no céu; completou.
Rosa Passos, que tinha 11 anos quando ouviu João Gilberto pela primeira vez graças a um compacto duplo que trazia as músicas Nosso amor e A felicidade, aprendeu a tocar violão por causa do mestre, já na adolescência. ;É uma perda grande, vai ficar uma lacuna vazia, sem ser preenchida. Ele influenciou toda uma geração, eu aprendi tudo com ele, meu mestre, meu ídolo, minha referência maior. Agora, é orar e pedir que a espiritualidade esteja com ele e que ele seja recebido pelos grandes da música que estão lá em cima. Ele estava muito magrinho, velhinho, doentinho. Lá se foi nosso Joãozinho tocar lá no céu agora;, lamentou. Rosa conheceu João em 1983, quando foi recebida por ele no apartamento do Leblon, no Rio. ;Ele me apresentou Curare e Da cor do pecado, composições de Bororó, que eu não conhecia. Tempos depois, quando gravei meu primeiro CD, dei o título de Curare;, lembra.
Para o multi-instrumentista Arismar do Espírito Santo, João Gilberto fazia de duas preciosidades uma coisa só. ;Voz e violão soando uma só coisa, uma só mensagem, como se cada música escolhida fosse mais um traço de sua digital, sempre renovando os votos com a ideia do criar;, diz. ;Quando se ouve ele, não se pensa em roteiro ou enredo, só se ouve pelo bel-prazer de se ouvir música.;
Em artigo publicado na Folha de São Paulo, Ruy Castro lembrou que existe um antes e um depois de João Gilberto. No texto, ele diz que o cantor passou a última década cantando para as paredes do próprio apartamento empenhado em uma missão impossível de tornar mais perfeito o que já era perfeito.
No Twitter, o deputado Marcelo Freixo (PSol/RJ), fez um trocadilho político pertinente. ;Hoje perdemos o mito do Brasil de verdade. João Gilberto ajudou a formar a nossa cultura e sobre quem somos reconhecidos positivamente no mundo todo pela canto e a batida do violão. Sem João Gilberto não teríamos tropicália nem Novos Baianos. Obrigado pela bossa e seu talento!”, escreveu.
Colaboraram Irlam Rocha Lima e José Carlos Vieira