Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Podcasts e audiolivros brasilienses têm desde literatura até temas sociais

O formato permite liberdade e criatividade para tratar de todos os assuntos

Cada vez mais as pessoas consomem conteúdos pela internet e pelas mídias sociais, e esse fenômeno incentiva a produção dos conteúdos audiodigitais. Podcasts, audiolivros e audiocursos tomam conta da Era atual. No entanto, essas novas plataformas não se distanciam muito do velho e famoso rádio ou da radionovela, elas apenas ganham novas paginações para atender as necessidades atuais.

Em crescimento e com muitas possibilidades de explorar o conteúdo de forma inovadora e diversa, o entretenimento por meio do áudio é um segmento que vem se destacando. Com a popularização do uso de smartphones, ficou muito fácil acessar esse tipo de conteúdo, o que torna essa experiência cada vez mais comum e difundida.

O cenário brasiliense ganhou destaques na produção de conteúdo audiodigital. Assim, jovens brasilienses se arriscam neste novo cenário e transmitem ideias, histórias e sentimentos através da voz.

Depois das 19

O podcast brasiliense Depois das 19 é um dos shows ;nascidos; em Brasília. O nome do programa surgiu da vontade dos integrantes de se diferenciar dos meios que falam sobre o movimento negro. ;O nome surgiu da necessidade de não soar clichê, como muitos projetos que colocam as palavras preto, negro ou afro no nome e acha que já é suficiente, traz uma representatividade pueril. Queríamos sair disso e trazer um nome mais criativo;, revela o produtor Marcus Martins.

Produzido por Marcus, Luiz Phelipe, Nailah e Nonny, o podcast Depois das 19 trata dos mais variados temas que fazem parte do universo negro, principalmente abordagens relacionadas à cultura e a mídia. ;A gente aborda todo e qualquer assunto, sempre a partir de uma perspectiva negra e sempre refletindo o que é essa perspectiva, o que é esse ser negro. A gente aborda muita política, sociedade, mas a gente vai falar também de entretenimento;, detalha Marcus.

Para o grupo, a produção em áudio é importante em vários aspectos, como criar uma proximidade com o ouvinte. "Nós falamos de tudo e isso gera um contato mais afetivo com os nossos ouvintes", complementa. Além disso, o quarteto acredita que a nova forma de produção potencializa a pluralização de vozes quando comparado aos meios visuais. ;É muito mais simples e muito mais fácil pessoas que foram socialmente apartadas de locais de destaque, colocar a voz para jogo do que a cara;, contam.

O quarteto brasiliense achou no Depois das 19, uma forma de empoderar os ouvintes. ;Nosso programa em específico serve para as pessoas se reconhecerem e se inspirarem a fazer seus próprios projetos, no nosso programa a gente dá espaço para pessoas negras;, descreve Marcus.

Narratix

;Queria um nome que fosse ligado ao storytelling, à narrativa, mas que também fosse original e com uma sonoridade forte e peculiar. Depois de gastar muita tinta de caneta rabiscando ideias, cheguei à palavra Narratix, que acredito representar bem os conceitos que eu queria;, conta André Calgaro. Assim surge a Narratix, a produtora brasiliense é recente no mercado audiodigital, no entanto, é pioneira no assunto em terras brasilienses.

Livros e áudios sempre foram as paixões de André Calgaro. Desde criança ele ouvia audiolivros em discos de vinil. Com o passar dos anos, o prazer foi se tornando investimento. ;Com o tempo, além de escutá-los por prazer, passei a acompanhar o mercado lá fora, e notar o crescimento, e todo seu potencial de desenvolvimento. Resolvi estudar narração, produção editorial, e engenharia de áudio pensando numa futura empresa. Após alguns anos de desenvolvimento do modelo de negócio, muito tempo de análise e testes, fundei a Narratix. Hoje, produzimos, publicamos e distribuímos audiolivros e outros conteúdos falados;, relembra André.

Criada em 2018, a produtora já criou 25 títulos que estão prontos para serem lançados nas plataformas ou pelas editoras. ;Já produzimos também outros conteúdos em áudio, como contos narrados para livros interativos. Devemos também em breve iniciar a produção de audiodramas e podcasts;, revela. Nos planos da empresa está a criação de uma linha editorial própria com títulos originais em áudio. A princípio a Narratix iniciará com terror.

A experiência de se ouvir um livro narrado desperta sensações diversas nos ouvintes e pode proporcionar uma experiência única. ;De deixar-se conduzir pelo narrador (ou narradores) e adentrar num novo universo de experiência auditiva, e que ainda permite muito espaço para imaginar. Já que o narrador descreve, mas cabe ao ouvinte construir a imagem mental do que foi sugerido pelas palavras faladas;, afirma.

DESCE PRO PLAY

Tiago e Pedro decidiram se aventurar no mundo dos podcasts após uma conversa mais profunda entre os amigos, e criaram o Desce pro play, um show em que todo mundo pode ;descer para brincar;, ou seja, debater os temas propostos. ;Nada é mais democrático que um playground;, revela Tiago Vaz.

O programa é bem eclético e discute os temas do momento, além de temas que os integrantes gostam de falar. Sempre que possível, a dupla conta com convidados para agregar ao debate. Quinzenalmente, o show lança episódios diferentes nas plataformas de streaming.

Recém-chegados ao mercado do entretenimento audiodigital, os brasilienses acharam no podcast a chave para o programa deles, mesmo com um futuro ainda incerto. ;Não existe um oráculo ainda que nos guie nesse mundo conectado. Vimos diversas curvas de ascensão e decadência ou estabilização. Blogues, canais de Youtube, algumas redes sociais e não acredito que vai ser diferente com os podcasts. Só sabemos de uma coisa, estamos adorando surfar na onda da era do audiodigital;, conta Tiago.