O talento dos músicos brasilienses continua sendo reconhecido internacionalmente. Isso se verificou, mais uma vez, na 17; edição do Independent Music Awards (IMA), que ocorreu na semana passada no Symphony Space, em Nova York. Considerado o Grammy da música independente, o prêmio foi atribuído ao violonista e compositor Rogério Caetano e ao grupo Gypsy Jazz Club, que concorreram com instrumentistas de outros continentes.
Coube ao violonista a premiação na categoria melhor álbum ao vivo, pelo CD Rogério Caetano convida ; Ao vivo no Rio de Janeiro. Gravado em 2016, e lançado no ano seguinte, esse trabalho é decorrente de projeto homônimo, que o músico mantém na capital carioca.
;O disco tem 14 faixas e em todas há o registro de composições de minha autoria, com a participação de Hamilton de Holanda (A criançada reunida), Yamandu Costa (Choro Bagual), Eduardo Neves (Choro Diamandu), Marco Pereira (Samba pro Marcão) e Cristovão Bastos (Forró das palmas), entre outros;, relata Rogério. Em 2016, ele havia conquistado o prêmio na categoria Latin Jazz pelo 7, álbum gravado com o violonista Gian Correia.
Em mais de 30 anos de carreira, Rogério recebeu seis troféus, sendo dois no Prêmio da Música Brasileira. ;Embora tenha iniciado minha trajetória em Goiânia, foi em Brasília, mais especificamente no Clube do Choro, que o meu trabalho passou a ter uma projeção maior;, destaca. ;Mesmo radicado no Rio, desde a década passada, minha ligação com a capital se mantém forte. Todos os oito discos que gravei foram lançados em Brasília;, acrescenta.
Menestrel
Produzido de forma independente, Menestrel foi o CD que levou o Gypsy Jazz Club a ser premiado no Independent Music Awards, na categoria melhor álbum instrumental, concorrendo com o próprio Rogério Caetano e Roman Smirnov, da Estônia. Como o anúncio foi feito bem próximo à data do evento, o grupo não pode ir a Nova York participar da festa de premiação.
Menestrel traz 10 músicas e seis delas têm a assinatura do bandolinista Victor Angeleas: a faixa título e mais Do céu, O amor por si só, Valsita, Havaiano; além de Let;s drink some beer e Dois bonecos no forró, compostas com Marcos Moraes e Márcio Marinho, respectivamente. Há também O sopro (Igor Diniz), Larchet D;or (Eduardo Souza) e Choro Manouche (Tiago Tunes).
Angeleas que, em 2018, que também é integrante do grupo Sai da Frente, havia vencido o IMA, na categoria álbum de estreia, agora voltou a ser premiado com o Gypsy Jazz Club. Ele tem como companheiros nesta formação, Eduardo Souza (violão manouche), Pedro Vasconcellos (cavaquinho) e Igor Diniz (contrabaixo acústico).
;O Gypsy Jazz Club foi criado em 2013 pelo violonista norte-americano Ted Falcon, que mourou em Brasília e teve participação ativa na cena musical da cidade. Após o retorno dele aos Estados Unidos, há três anos, entrei para o grupo como solista;, conta Angeleas. ;Desde então, temos levado adiante o trabalho que tem como proposta básica a fusão de elementos do jazz cigano e da música popular brasileira;, complementa.
Multi-instrumentista, compositor e arranjador, Angeleas tem desenvolvido projetos diversos com diferentes formações instrumentais. Mestre em performance musical, ele é professor da Escola de Música de Brasília e coordenador da programação artística da instituição. Com o cavaquinista Márcio Marinho, comanda o programa Face Musical no Facebook e no YouTube.
Eduardo Souza é violonista e cantor e dedica-se a diferentes vertentes da MPB. Integrante da formação original do Gypsy Jazz Club. Com carreira internacional, fez apresentações nos Estados Unidos e foi instrutor em cursos ministrados no California Jazz Conservatório de Berkley e no Centrum Choro Workshop em Port Towsend.
Pertencente a uma família de músicos, o cavaquinista Pedro Vasconcellos é licenciado em música pela Universidade de Brasília (UnB). Com 15 anos de carreira, tem participado de diversos projetos artísticos na cidade, conquistado prêmios em festivais.
Bacharel em contrabaixo pela UnB, Igor Diniz passeia com familiaridade pelo choro, samba, bossa nova e ritmos nordestinos. Além de integrar a Orquestra Sinfônica de Brasília, participou de concertos da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional.