Diversão e Arte

Conheça as Ballrooms, locais de refúgio e resistência do público LGBTQ

As ballrooms são eventos nos quais as pessoas se reúnem e performam em algumas categorias, os vencedores recebem troféus e ganham prestígio na competição

Geovana Melo*
postado em 29/06/2019 06:13

Dança Voguing, que remete às poses das capas da famosa revista de moda

Em meio ao glamour, orgulho e resistência, nascem as Ballrooms, um lugar onde a liberdade em ser diferente é respeitada e se torna refúgio para as minorias sociais. A Cultura Ballroom possui temática LGBTQ%2b e ganhou notoriedade na década de 1980. De acordo com Alex Calheiros, diretor de Difusão Cultural (Casa da Cultura da América Latina e Casa Oscar Niemeyer) e pesquisador da área, essa cultura surgiu por uma necessidade de afirmação da comunidade, após os ataques sofridos pelo público LGBTQ , em que sentia necessidade de um local onde pudessem se autoafirmar sem receios.

As ballrooms são eventos nos quais as pessoas se reúnem e performam em algumas categorias, os vencedores recebem troféus e ganham prestígio na competição. As categorias mais conhecidas são os desfile temático chamado de Runway e a dança Voguing. ;Quando você se prepara para uma Ball, você vai para ganhar, você se prepara, você trabalha para isso;, revela Gabriel Macêdo, fundador e mother da House of Caliandra.

O objetivo do Runway é o realness, ou seja, mostrar algo fidedigno à realidade, tornar algo real. Assim, os competidores podem encarar os mais diversos personagens. Na gênese, o objetivo era mostrar que, mesmo estando numa situação de marginalidade e opressão, as minorias sabiam se comportar como pertencentes de outros grupos.

Das competições, a mais conhecida é a Voguing, uma dança que remete às poses das capas da revista Vogue, por isso o nome. Assim como o hip-hop, a voguing nasceu nas ruas e com as minorias. No entanto, ganhou visibilidade através do clipe Vogue, da cantora Madonna.

A House é onde são realizadas as apresentações. Na tradução, significa ;casa;, e realmente esses locais são considerados abrigos. ;Mas não somente pelo espaço físico, ela é muito uma construção do imaginário, do que pode vir a ser uma casa. De um espaço de acolhimento, que você vai ter uma mãe e um pai para te aconselhar e para te ensinar;, afirma Gabriel.

Nas houses as relações também são como em uma família, tanto que os criadores ou coordenadores são nomeados ;mother; ou ;father;, e o integrantes são considerados ;filhos;. ;O papel de um father e de uma mother é cuidar da casa, segmentar as pessoas, trazer a ideologia para a casa, conta.

;No início, acontecia muito das pessoas não terem casa para morar, elas acabavam sendo expulsas de casa por ser quem elas eram. Então, as pessoas acabaram se juntando nos espaços físicos mesmo e acredito que por isso a influência do nome ;casa;;, pontua.

Para Alex Calheiros, ser ball é um ato que vai além da cena do entretenimento. ;É um ato político sobre a ideia de colocar o corpo publicamente sobre aquilo que ele é, visto que nas últimas épocas a comunidade é oprimida;.

* Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco.




Houses

House of Caliandra

Com nome que remete a uma das flores mais conhecidas do cerrado, a house of Caliandra já é conhecida em Brasília. Dos berços da UnB, a casa surge em 2016 e já faz parte da identidade cultural do Distrito Federal.

House of Hands Up
A House of Hands Up foi a primeira house de Brasília e está há 8 anos em cena. Incentivado pelas ocupações dos espaços públicos com a arte, a casa é pioneira em Brasília e se expandiu para outros estados.

House of Padam
A House of Padam criada por pessoas muito unidas, faz parte e contribui para a cena ballroom brasiliense. Com o nome inspirado pela música Padam Padam, de Edith Piaf, que fala sobre as surpresas da vida. A casa dissemina a arte ballroom/Voguing em sua região.

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