Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

IZA, Ludmilla, Anitta e Pabllo Vittar formam time de divas do pop do Brasil

Consolidação da música pop no país cria o tão esperado cenário de divas brasileiras, que tem ainda nomes como Luísa Sonza e Gloria Groove



Por muitos anos, o termo diva pop ficou restrito a artistas internacionais como Madonna, Lady Gaga, Britney Spears, Rihanna, Jennifer Lopez, Katy Perry, Mariah Carey e Beyoncé. Muita gente! Isso porque a música pop, como era definida mundo afora ; com letras de fácil assimilação, ritmo dançante, shows com superestruturas e bastantes coreografias ;, demorou para se firmar no Brasil. Houve até quem tentasse esse modelo no início dos anos 2000. A cantora Wanessa Camargo foi um exemplo. Mas o estilo, por algum motivo, não vingava no país.

Foi preciso que um ritmo genuinamente brasileiro, o funk, se aproximasse do pop internacional para o Brasil finalmente conseguir dar os primeiros passos na criação de um pop brasileiro. Uma das artistas que proporcionou isso no cenário atual foi a carioca Anitta. Estrategista, estudiosa do showbiz e grande fã de artistas internacionais, a brasileira importou o ;modus operandi; das divas internacionais, apostando em bons clipes e músicas com batidas que pudessem casar perfeitamente com coreografias. ;Minha carreira tem muito do meu esforço para que acontecesse. Não foi de um dia para o outro. Antes de Show das poderosas estourar, foi um longo caminho que percorri. E continuo correndo atrás dos meus sonhos. Isso me move;, afirmou Anitta em entrevista ao Correio.

[SAIBAMAIS]Com a porta aberta por Anitta, várias artistas brasileiras aproveitaram o espaço e se jogaram de vez na cena pop. As primeiras delas também vieram do funk, como Valesca Popozuda e Ludmilla. Dessas, quem de fato conseguiu se firmar no cenário e segue até hoje é Lud, ao se adaptar deixando os proibidões de lado e, assim como Anitta, misturar funk e pop, mas com uma pegada um pouco diferente, que flerta com o R de nomes como Beyoncé e Rihanna. Neste ano, com o lançamento do primeiro DVD da carreira, Hello mundo, Ludmilla confirmou de vez a veia pop ao apostar num material em que abusa de figurinos, coreografias, faixas chicletes como Favela chegou (parceria com Anitta) e A boba fui eu (gravada com Jão) e ainda faz uma reverência a Beyoncé com um cover de Halo.

Expansão


Mas não foi apenas o funk que, de certa forma, migrou para o pop. Como o caminho estava aberto, cantoras começaram a se lançar no cenário tendo o pop como eixo. É o caso de Pabllo Vittar, Gloria Groove, IZA e Luísa Sonza, artistas que estouraram no mundo da música brasileira na ;era pós-Anitta;.

;Tem sido uma construção muito interessante de se acompanhar. Pra mim é quase como um sonho, consumo cultura pop desde sempre, e nunca podia imaginar que um dia colaboraria para o renascimento desse gênero no meu próprio país. A cada dia chegam novos criadores e artistas, pessoas jovens que se inspiram exatamente neste renascimento para começarem a construir suas carreiras. Tenho muito orgulho de fazer parte disso;, afirma Gloria Groove.

Na ativa desde 2016, quando lançou o single Dona, do álbum O proceder, Gloria Groove aproveitou o boom da cultura drag queen no mundo. ;Além de ter a consciência de que a cultura drag teve um avanço significativo no mainstream nos últimos cinco anos por conta do trabalho de pessoas como RuPaul, acredito que, ao propor usar a arte drag como ferramenta no mercado fonográfico, tenho feito tudo com muita autenticidade. Além do mais, represento toda uma comunidade, um recorte social extremamente marginalizado, num momento político polarizado, o que faz do meu trabalho também uma plataforma de amor e aceitação;, analisa.

Nas últimas semanas, Gloria Groove se destacou exatamente pela veia de diva. Ao lado de outra grande cantora do pop, a carioca IZA, ela divulgou o single e o clipe de Yo-Yo. O material levou os fãs do estilo à loucura, principalmente porque o conteúdo faz uma referência a outros dois nomes do pop: Lady Gaga e Beyoncé, que se juntaram anos atrás em Telephone ; videoclipe que prometeu ter uma continuação, o que nunca se concretizou. ;Estávamos em busca de dar continuidade à história de Coisa boa (outra música de Gloria), ainda recheando com referências a diversos outros projetos. A referência a Gaga se deve ao fato de que somos muito ;little monsters; (nome dado aos fãs de Lady Gaga) e jamais perderíamos a chance de brincar com a famigerada continuação de Telephone, que por sinal nunca veio (risos);, completa Gloria sobre o vídeo que tem mais de seis milhões de visualizações no YouTube com apenas três semanas de lançamento.



IZA também é outro nome que se firmou. A carioca surgiu no cenário musical após abandonar a profissão de publicitária e começar a postar vídeos de covers no YouTube. Logo foi descoberta por uma gravadora e lançou a primeira faixa autoral Quem sabe sou eu. A partir daí, só cresceu lançando músicas como Esse brilho é meu, Vim pra ficar e Pesadão, faixa que integra o primeiro álbum Dona de mim, de 2018.

IZA teve tão boa repercussão na música, que hoje também figura na televisão. Está à frente de Música boa ao vivo, foi uma das apresentadoras de Só toca top e está confirmada na próxima temporada de The voice Brasil assumindo o lugar deixado por Carlinhos Brown. ;Estou muito feliz com o momento que estou vivendo. Teve muito trabalho, muita dedicação, mas eu não imaginava viver tudo o que já vivi tão rápido;, afirma.

Em abril deste ano, a cantora apostou no single Brisa, música pop que flerta com o reggae. O clipe muito bem executado tem mais de 19 milhões de visualizações no YouTube. ;Eu não via a hora de poder mostrar para todo mundo (essa música). Brisa tem um pouco a ver com o que eu venho ouvindo ultimamente, música jamaicana, reggae, canções que passem a mensagem de positividade. Mas não sei se fará parte de um novo projeto;, revela.

Duetos

Uma das características principais do pop internacional sempre foi investir em parcerias. Algo que também tem sido importado no Brasil. Só neste ano, o cenário viu IZA e Gloria Groove, Anitta e Ludmilla e Luísa Sonza e Pabllo Vittar se unirem. Esse último dueto, que leva o nome de Garupa, junta duas outras representantes do gênero, que repercutem no cenário.

Pabllo Vittar se consolidou em 2017 com Vai passar mal. Mas o estouro foi em 2015 após lançar o hit Open bar e ganhar espaço na tevê no programa Amor & sexo, que preparou o público para o primeiro álbum. Desde então, gravou parcerias com Anitta (Sua cara) ; com quem se desentendeu depois e criou uma das primeiras brigas do pop brasileiro ;, Diplo (Então vai e Seu crime), Ludmilla (Vai embora), Titica (Come e baza), Lali (Caliente) e Sofi Tukker (Energia). No ano passado divulgou Não para não. A boa repercussão no pop brasileiro fez com que, neste ano, fizesse uma turnê internacional representando o ritmo e a cultura LGBT brasileira.



Com um início similar ao de IZA, a gaúcha Luísa Sonza passou a ser conhecida ao gravar covers e disponibilizar no YouTube. A ex-rainha dos covers assinou, em 2017, contrato com uma gravadora e divulgou Good vibes, mas foi com a sequência de lançamentos de Rebolar e Devagarinho que a cantora passou a ser realmente conhecida pelo público. O jeito de se posicionar na internet também deu espaço para Sonza, que lançou neste ano o primeiro álbum da carreira, o elogiado Pandora, que recebe, além de Pabllo Vittar, Gaab em Fazendo assim e Vitão em Bomba relógio.