Precisão, musicalidade e performance são as principais elementos da arte japonesa do taiko, palavra que, em japonês, quer dizer tambor, mas fora do Japão se refere à arte coletiva de tocar tambores de diferentes tonalidades para criar um espetáculo único. Misto de arte e competição, é preciso treinar muito e ter técnica apurada para se apresentar e participar das competições.
O grupo Hikaridaiko é um dos pioneiros em Brasília, e já conquistou diversos títulos no campeonato nacional, tendo chegado uma vez ao primeiro lugar na categoria Júnior (com tocadores de até 18 anos) e duas vezes na categoria Livre (com tocadores de qualquer idade), o último deles no ano passado. Existem outros dois grupos no DF, que não participam de competições, um por ser ainda muito novo e outro
por se dedicar a uma outra vertente.
O empresário Marcio Yukihiro Mikami, um dos fundadores do Hikari, conta que tudo começou em 2005, quando dois tocadores de Maringá (PR) realizaram um workshop no DF. ;Eu acabei me apaixonando pela arte do taiko. Era algo que tocava muito no meu coração;, lembra. Desse workshop surgiu o grupo Miyakodaiko, que treinava todos os domingos no Bukyo, em Taguatinga. ;Era praticamente um grupo de amigos;, explica Marcio.
Com o tempo, alguns participantes, que moravam no Plano Piloto, não conseguiram mais frequentar os treinos. Então, Marcio, com a anuência do líder do Miyako, fundou um novo grupo que se reuniria no Clube Nipo, na Asa Sul. Assim surgiu o Hikaridaiko, cujo nome significa ;luz;, ;brilho;, ;alegria;. ;Esse é o objetivo do grupo, levar brilho e alegria ao coração das pessoas por meio da arte do taiko e da cultura japonesa;, afirma Marcio.
Alegria e diversão
Foi justamente o brilho e alegria de tocar os tambores japoneses que garantiram o primeiro título ao Hikaridaiko, em 2008. Yukihiro recorda-se de que, na época, o grupo estava recebendo treinamento do grupo Ishindaiko, de Londrina (PR). Por coincidência, os veteranos tocaram antes deles no campeonato. Dos bastidores, os integrantes do Hikari assistiram à apresentação dos mestres, tecnicamente superiores, e começaram a ficar nervosos.
;A gente reuniu o grupo falamos para eles não se se preocuparem com colocação ou em tocar de maneira perfeita, para eles entraram no palco e se divertirem, fazer o que eles mais gostam de fazer que é tocar taiko;.
Deu certo: ;Eles tocaram com outro espírito, um espírito de alegria, e realmente se divertiram;, narra Marcio. Surpresos, ficaram em primeiro lugar e foram cumprimentados pelos treinadores. ;Isso foi uma grande lição de vida pra gente. Foi um momento em que o discípulo superou o mestre, mas o os mestres foram bem humildes e vieram parabenizar o grupo;, alegra-se Marcio.
Início
No começo, o grupo possuía apenas três taikos, doados pelos pais de alguns integrantes. Os instrumentos não eram baratos e era preciso importar de um fabricante de Taubaté (SP). Os demais instrumentos eram fabricados com bambu, pelos próprios tocadores, e amarrados com barbante a um cavalete. Os integrantes se revezavam entre os instrumentos, como fazem até hoje. ;Tocar no Taiko era um verdadeiro
privilégio;, relata Márcio. ;Mas não era um sofrimento. Era muito divertido e serviu pra unir o grupo, pois tínhamos um objetivo em
comum e um desafio a ser superado;, comenta.
Ao longo dos anos o grupo foi crescendo, incorporando novos membros e adquirindo mais instrumentos. Atentos à continuidade do projeto, passaram a realizar um workshop anual, incorporar novos membros e renovar lideranças. Hoje, nenhum dos membros originais fazem mais parte do grupo, pelos qual já passaram três gerações: as gerações Suiren, Amaterasu e Habataki.
Apesar da reverência às tradições, o grupo formado essencialmente por tocadores de oito a 26 anos. Há pouco tempo, abriram um grupo na categoria Master, com tocadores mais velhos, que foram ensinado pelos membros mais novos.
Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco