Gabriel Wickbold é uma daquelas figuras com mentes inquietas. Sempre explorando novas técnicas, o aclamado fotógrafo paulistano recorre a métodos nada convencionais para alcançar os efeitos desejados. O resultado são imagens esteticamente exuberantes que pouco recorrem à edição digital na pós-produção e que guardam reflexões sobre a relação do homem com a natureza e a tecnologia.
O virtuosismo fotográfico com pegada pop de Wickbold ficou conhecido por meio de séries como Sexual colors, Sans tache, Na;ve, I am on-line e I am light. Uma amostra de seus numerosos trabalhos ao longo dos 12 anos de carreira ficarão expostos a partir de hoje na galeria Divino Quadro.
Paralelamente à exposição, o fotógrafo aproveitará para lançar na capital, onde vem pela primeira vez, o livro autointitulado com cinco capas diferentes. Cada uma delas faz referência a uma de suas séries. No caminho criativo, ele parte da experimentação para, depois, desenvolver um conceito. ;Tem um processo de inspiração, criação e transformação. Todas as minhas séries têm uma técnica. Começo com um recorte diferente. A partir dessa técnica, eu levanto uma discussão;, comenta Gabriel.
Embora sua estética seja repleta de cores vibrantes e de efeitos visuais, Gabriel Wickbold explica que, em boa parte das fotos, o trato é mais artesanal, encerrado no clique. As narrativas imagéticas são contadas por meio de elementos da natureza, luzes, tintas, cabos e o que mais surtir efeitos gráficos interessantes.
A primeira série foi Sexual colors, de 2008. ;A parte líquida da tinta representa uma volta das sensações humanas, da transpiração, da lágrima, do gozo, do sangue;. Depois, lançou Na;ve (ingênuo), em 2012. ;Quis dar o nome de ingênuo, pelo fato de o homem se sentir superior à natureza. Coloquei o homem na imagem, e a partir dele nascem diversos elementos da natureza. Plantas, insetos, partes de animais. Eu quis colocar só a cabeça, porque ela representa essa ganância.;
Em 2016, fez I am on-line. ;Sobre como sufocada está nossa vida por conta do excesso de conectividade; Na sequência, em 2018, está I am light. Nela, está a ideia de que não precisamos de nada externo para ser feliz. Tudo da gente. A ideia da série foi transformar os modelos numa explosão de luz. No universo de possibilidades;, analisa.
;Estou me inspirando cada vez mais nos processos à mão, fazendo do artista parte da composição. Trabalho diretamente com os modelos. Cada vez mais tenho me inspirado no homem, em suas reflexões, seus encontros, seus problemas. E tenho transformado isso na minha busca, em como encontrar essas respostas para transformar, para a gente se entender mais do que qualquer outra coisa. E assim, criar uma discussão que vá nos transformar como ser humano;, pondera.
Exposição de Gabriel Wickbold na galeria Divino
Quadro (SHIS QI 3, Bloco J, 1o andar, Comércio Local, Lago Sul). Até 13 de julho. Entrada franca. Classificação indicativa livre.