O diretor de teatro Hugo Rodas não tem a menor ideia do que o aguarda no Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul) nesta quinta-feira. Ele sabe tanto quanto o público: que a terceira edição do Sarau D;Amacaca, organizado pelos atores de seu Agrupamento Teatral Amacaca (ATA), homenageará os 80 anos dele, recém-completos em 24 de maio. Agora, o que os atores do agrupamento e do coletivo Instrumento de Ver preparam para a noite são presentes que ele só desembrulhará na hora.
O ator Abaeté Queiroz, integrante do ATA, soltou alguns spoilers. ;Vai ser um espetáculo de variedades;, adianta. Oito cenas preparadas por atores e amigos do diretor, membros do ATA e do coletivo Instrumento de Ver, residentes do Espaço Cultural Renato Russo, homenagearão o diretor com coisas que, eles sabem, Hugo vai adorar. ;Eu conheço bem a estética que ele gosta e bolei uma cena parecida com isso. Eu sou um fuleiro, então vai ser algo engraçado;, conta Abaeté.
A coreógrafa e bailarina Juliana Drummond planejou um número em que exibirá suas altas habilidades na dança. A cena de Dani Neri terá som de flauta, e uma outra atriz, do Instrumento de ver, ia usar um playback em seu solo, mas lembrou: ;Tem uma cantora linda no grupo do Hugo;, e de repente, já tinha uma banda. ;Convidamos amigos de vida do Hugo;, explica Abaeté, amigo e colega do diretor desde 1998, quando era seu aluno na UnB.
Mas não conte nada a Hugo: é surpresa. ;Ele não sabe. A gente não contou nada de nenhuma cena;, reitera Abaeté. O aniversariante, contudo, não sofre com a expectativa. ;Não tenho expectativas de nada. Só quero estar bem com as pessoas, num sarau em um espaço em que eu comecei a trabalhar em 75;, garante o diretor uruguaio radicado em Brasília. Ele conta que, desde 1975, ano em que chegou à cidade, trabalhou, inaugurou e reinaugurou diversas vezes o espaço.
Anos depois, é este mesmo local que sedia as atividades do Agrupamento Teatral Amacaca, fundado por Rodas em 2009, fruto das atividades de uma disciplina na UnB. Aos 70 anos, Hugo teve que se aposentar da instituição em que dava aulas desde 1993. ;Hugo é o maior mestre da cidade. Todo mundo passou na mão dele;, recorda Abaeté. Para que a universidade e os alunos não ficassem à mercê, foi criado o projeto de extensão que deu origem ao grupo atual.
Vaudeville
Toda última quinta-feira do mês, desde março, o agrupamento convida amigos do teatro brasiliense, com espetáculos em cartaz, para compor a programação do sarau. ;É um espaço que a gente tem pra testar ideias;, explica Abaeté. ;A gente fica muito ansioso pra fazer cena, porque ficamos muito tempo pesquisando. Fizemos esse sarau para todo mês estar em cena;, completa. A ideia é deixar o ambiente o mais informal e aconchegante possível, já que os convidados não cobram cachê.
O sarau começa às 20h, mas às 19h já tem bebidas e comidas à disposição do público. As vendas ajudam a custear as despesas da noite. Nesta edição, os macacos da ATA decidiram monopolizar o palco para celebrar o aniversário do macaco-mor. ;A edição coincidiu com o aniversário e achamos por bem fazer cenas em homenagem a ele;, explica Abaeté, integrante do agrupamento há dois anos. Antes, já tinha prestado seus serviços como iluminador na primeira montagem do grupo, em 2009.
Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco
Trajetória
; Hugo Rodas nasceu no Uruguai em 1939 e mora no Brasil desde os anos 1970. Ator, diretor, figurinista, bailarino, coreógrafo, cenógrafo e professor de teatro, fez história no teatro brasiliense e brasileiro. Em São Paulo, participou do grupo Pitú, do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), com Zé Celso Martinez, e do Teatro Oficina, com Antônio Abujamra. Nos anos 1990 e 2000, integrou o Teatro Universitário Candango rico (Tucan) e da Companhia dos Sonhos. O extenso currículo acumula sucessos como O olho da fechadura e Adubo ou a sutil arte de escorrer pelo ralo.
; Hugo já está comemorando desde o início da semana, com amigos, colegas e admiradores. ;A 508 vai entupir de gente;, antevê Abaeté. ;Ele é um aglutinador, o Vinícius de Moraes do teatro Brasiliense;, declara. O diretor está animado com o sarau. ;Estaremos lá, a macacada inteira, com o macaco-mor, esperando todos que queiram compartir essa alegria conosco;, convida