Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Projeto propõe circuito por 27 galerias e ateliês

BSB Plano das Artes tem início hoje com visitas a espaços de arte independentes

Com 27 espaços autônomos dedicados à arte contemporânea e artistas dispostos a abrir as portas de casa, galeria e ateliê para quem estiver interessado, o BSB Plano das Artes tem início nesta quinta e é uma excelente oportunidade para quem tem curiosidade em ver como as obras de arte são feitas.

Produzida com apoio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), a segunda edição do projeto vem ampliada. Sete espaços a mais entraram no roteiro em relação à edição de 2018. Quem quiser, poderá escolher uma das 18 rotas disponíveis e embarcar em transporte gratuito que sai regularmente de manhã e à tarde de pontos centrais como o estacionamento da 206 Norte, a Praça do Relógio (Taguatinga), a Biblioteca Braille Dorina Nowill (Taguatinga), o Instituto de Artes UnB (Asa Norte) e o Museu Nacional da República. As rotas podem ser feitas na van oficial do evento, que contará com a orientação de arte-educadores.

Os circuitos propostos pela produção interligam os 27 espaços de acordo com suas concentrações nas regiões administrativas. O BSB Plano das Artes tem como proposta refletir sobre a importância das iniciativas autônomas para o circuito das artes na cidade. ;O que nos interessa é pensar qual é o lugar da arte mesmo, tanto físico quanto abstrato, simbólico. Qual é o nosso lugar? É um pedido de reflexão para os participantes e uma tentativa de tentar atingir a sociedade para a importância da existência das artes na cidade;, explica Cinara Barbosa, idealizadora do projeto.

Este ano, duas novidades foram incorporadas às rotas. A primeira são dois espaços pop up, centros de produção cultural que lidam com outras linguagens como o teatro ou a música e, eventualmente, se dedicam também às artes visuais. No Jovem de expressão, em Ceilândia, havia uma galeria e, para o circuito, foi criado um programa de oficinas que incluem palestras e encontros com artistas. No Invenção brasileira, que funciona no Mercado Sul, em Taguatinga, um teatro vai abrigar uma coletiva de artistas. ;A ideia era que a gente pudesse abrir ou se aproximar de um espaço de cultura que existisse na cidade e colocasse lá dentro um espaço expositivo para fomentar as artes visuais;, avisa Cinara.

A outra novidade é que, além dos espaços convidados pela produção, foi aberta uma convocatória durante a qual outras galerias e ateliês pudessem aderir ao projeto. A ideia era estimular a participação, já que uma das ambições do BSB Plano das artes é mapear os espaços independentes dedicados às artes visuais no Distrito Federal.

Cinara lembra que não há um desejo de contemplar a universalidade e sim de atentar para a multiplicidade representada pelos espaços, muitos deles fora do Plano Piloto. Além disso, a curadora convenceu dois artistas ; Ralph Gehre e Júlia Baptista ; a abrirem as portas de suas casas, que também servem de ateliê, para grupos fechados de visitantes. Em relação à última edição, o BSB Plano das artes também ganhou um dia a mais, destinado a atender à demanda as escolas. Veja alguns dos espaços que participam do projeto e confira as rotas propostas pela produção.



BSB Plano das Artes
De hoje a domingo, em 27 espaços da cidade. Confira as rotas e endereços no www.correiobraziliense.com.br




oBarco estúdio ; SGAS 904, bloco H -Subsolo (Asceb)
A fotografia analógica e os processos históricos que envolvem a prática fotográfica estão no centro das atividades do oBarco. Destinado a quem quiser estudar o desenvolver da fotografia analógica, o estúdio conta com laboratório de revelação de filme em preto e branco, equipamentos para ampliação e digitalização de negativos e materiais como química e papéis necessários para o processo. ;É um espaço de concentração e de troca de diálogo em torno da fotografia analógica. No Brasil, tem essa limitação de encontrar químicos, filmes e materiais em preço favorável;, explica Ádon Bicalho, coordenador do estúdio. Para o circuito do Plano das Artes, ele preparou uma série de demonstrações de processos históricos da fotografia, como a cianotipia e confecção de retratos em lambe-lambe a preços menores do que os praticados no dia a dia pelo estúdio. Também haverá sessões de revelação de filme em preto e branco sem custo até acabarem os produtos químicos do estoque.



Nação Cerratense Atelier de Arte ; Chácaras Euler Paranhos (Sobradinho)
Em uma chácara no núcleo rural Euler Paranhos, em Sobradinho, o artista Rômulo Andrade construiu um ateliê que, eventualmente, também recebe exposições. Para o Plano das Artes, ele idealizou a coletiva As grandezas do ínfimo, com mais de 50 artistas cujos trabalhos refletem sobre as coisas invisíveis do dia a dia. ;A exposição é sobre o que a poesia revela aos olhos meio que condicionados, adormecidos pela cidade consumista. São as coisas que as pessoas não veem porque estão embrutecidas, coisas quase invisíveis, mas que têm uma grandeza enorme;, avisa Andrade. São instalações, fotografias, esculturas, pinturas e objetos que também falam sobre a importância da natureza e dos elementos vitais para o homem. Rômulo Andrade mora na chácara há 30 anos e adaptou o local para receber pessoas, inclusive, para residências artísticas. O nome Cerratense, ele tomou emprestado do pesquisador Paulo Bertrand, que inventou o termo para falar do homem e da terra do Planalto Central.



Casa ateliê Júlia dos Santos Baptista ; Águas Claras
A história de Brasília, mas também os processos da memória, são os temas das pinturas e desenhos da Júlia dos Santos Baptista, que há décadas se divide entre Brasília e Amsterdã, onde mora. A casa em Águas Claras é também o ateliê no qual ela vai receber dois grupos fechados, um deles formado por estudantes do Instituto Brasileiro de Design, Moda e Vestuário. ;A gente está ansioso para saber se nossa estratégia vai funcionar;, diz. ;Acho a iniciativa fundamental para ampliar a produção e para criar oportunidades para as novas gerações de brasilienses conhecerem o dia a dia de um artista, como a gente faz para levar nossa produção ao público, como faz para vender os trabalhos, como amplia a abrangência dos nossos produtos.;



Casa Atelier Ralph Gehre ; Asa Sul
Em casa, na 709 Sul, Ralph Gehre vai receber três grupos para mostrar o local de trabalho, mas também de residência. O artista conta que ficou um pouco apreensivo de abrir as portas da própria casa, mas aceitou porque acredita na intenção do projeto. ;Entendi o pedido deles, porque as pessoas têm uma curiosidade sobre o local de trabalho. É o lugar onde a arte é feita, o espaço de pensamento. Compreendo que haja curiosidade. E gosto do projeto, é muito bonito, então abracei com muito boa vontade;, conta. Ele acredita que uma visita à casa do artista ajuda a desmistificar a produção artística. ;É muito bonito a gente pensar no grande artista com sua equipe de assistentes e tal, mas é importante conhecer a realidade, que é muito mais simples. Mostrar isso é uma forma de situar o trabalho de maneira mais clara e verdadeira;, destaca Gehre.



Galeria MIxMídia ; SCLN 111Bloco A loja 61
Inaugurada em março, a MixMídia tem à frente três arquitetos que resolveram transformar parte do escritório em galeria de arte. Desde então, já recebeu duas exposições de artistas radicados ou nascidos em Brasília. ;A nossa proposta é uma coisa mais democrática, e até mais social, para artistas novos, que não têm muita chance, não têm acesso ao FAC, a editais e são novos no mercado. A ideia é uma coisa mais aberta até na expressão artística em si;, avisa Márcio Vianna, um dos sócios. O local é o que Vianna chama de espaço tríplice articulado com o escritório ARQUIBRASILIA e o LAB.Locus, laboratório para cursos e workshops. Para o Plano das Artes, ele a MixMídia recebem uma exposição com obras de Gisel Carriconde, Guilherme Moreira e Raylton Praga com curadoria de Ana Paula Barbosa e Sormani Vasconcelos.