Na terceira participação no Festival de Cannes, evento que trará hoje à tarde (no horário brasileiro) a premiação oficial, o diretor cearense Karim A;nouz rendeu prêmio internacional para o cinema brasileiro. Com participação especial de Fernanda Montenegro, e estrelado por Julia Stockler e Carol Duarte, o longa de Karim, batizado de A vida invisível de Eurídice Gusmão, venceu a principal premiação na mostra Um Certo Olhar, paralela em Cannes (França).
Visão e estilos diferenciados predominam entre os diretores escolhidos na premiação. Baseado em livro de Martha Batalha, o longa de Karim A;nouz trata da separação forçada entre duas irmãs extremamente cúmplices. O longa chamou muito a atenção pelo enfoque que rechaça o machismo. No palco, Karim demarcou o ;momento de muita intolerância no Brasil;, e aproveitou para celebrar o prêmio, dedicando-o a ;todas as mulheres do mundo;.
;O meu ponto de interesse principal parte do fato de que o romance escrito por Martha ter muitas semelhanças com o contexto, profundamente machista, onde fui criado ; mas numa família liderada por mulheres: o Nordeste, nos anos 1950 e 1960;, comentou o artista ao Correio, dias antes do anúncio da premiação ocorrida ontem. Formado em cinema por Nova York, Karim tem 53 anos e carrega um diploma de arquiteto, tendo estudado na Universidade de Brasília (UnB). Ainda na capital, durante edição do FicBrasília (festival internacional), obteve o prêmio de melhor filme por O céu de Suely (2006).
Júri
Um dos membros da academia que vota os prêmios do Oscar, A;nouz, em Cannes, chamou a atenção de um júri de cinco reconhecidos profissionais, encabeçados pela diretora libanesa Nadine Labaki (do excepcional Cafarnaum). Ainda no grupo, estavam a atriz Marina Fo;s (estrela do longa antimachista Um banho de vida) e os diretores Lisandro Alonso (da Argentina) e Lukas Dhont (belga premiado pelo longa Girl).
Na primeira premiação de um filme brasileiro, pela mostra Um Certo Olhar, chamou a atenção a presença de Fernanda Montenegro no elenco. ;É revigorante, uma experiência incrível viver de perto a sua criatividade;, elogiou o diretor, antes da exibição do filme. Em outras ocasiões, Karim havia apresentado os longas Madame Satã (2002, também pela Um Certo Olhar) e O abismo prateado (2011).
Ainda no festival francês, em 2012, ele foi membro do júri de mostra paralela e, de modo indireto, esteve na competição, por assinar os roteiros de Cidade Baixa e de Cinema, aspirinas e urubus. Em Berlim, causou furor pela exibição de Praia do Futuro (2014), com Wagner Moura; enquanto, em Veneza, pela mostra Horizonte, competiu por: O céu de Suely (2006) e Viajo porque preciso, volto porque te amo (2009, codirigido pelo pernambucano Marcelo Gomes).