Palestras, mesas-redondas, exposições, desfile, danças e oficinas estão entre as atividades previstas na programação. Os próprios estudantes estrangeiros contribuem para o intercâmbio entre a instituição e o continente em que nasceram, por sentirem que a África é sub-representada no Brasil. Muitos deles fazem parte do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G). O projeto recebe estudantes de países em desenvolvimento, que, na maioria (80%), são originários da África.
Um desses alunos responsáveis pelo evento é Ulrich Koffi, 25 anos, natural da Costa do Marfim. ;Faltava uma organização dos africanos dentro da UnB para poder ajudar na elaboração de eventos como a Semana e para ocupar mais os espaços que são nossos por direito;, diz o estudante de engenharia mecatrônica. Ele idealizou a Associação dos Estudantes Africanos da UnB, que visa a colaboração mútua entre os intercambistas.
;Brasil e África têm muitas similaridades. Com certeza a influência de negros africanos está enraizada mais do que nunca. Por isso, muitos africanos que vêm ao Brasil sentem estranhamento ao chegar aqui. Com mais da metade da população, o Brasil é um país onde existe muito racismo e uma grande desigualdade social entre negros e brancos;, avalia o jovem, que relata sentir discriminação no dia a dia.
Encanto pelo Brasil
Nascida em Cabo Verde, Ariana Rodrigues está prestes a se formar em arquitetura e urbanismo. O Brasil foi uma das primeiras opções quando ela decidiu estudar fora. ;Sempre tive encanto pelo Brasil. Cabo Verde recebe muitas influências brasileiras por novelas e programas de tevê brasileiros que são transmitidos lá;, conta a estudante de 24 anos.Para ela, eventos que exaltam a cultura africana são escassos no Brasil. Apesar de alguma visibilidade que vêm surgindo, como a inauguração de restaurantes de comida típica, ainda há pouca expressão. ;Falta incentivo para divulgar nossa cultura;, explica. Eventos como esse promovido pela UnB, observa, são importantes vitrines para uma cultura relegada. Como uma prova do sucesso do evento, ela lembra que várias pessoas que assistiram procuraram saber mais após a apresentação em edições anteriores
;Durante a fase acadêmia vemos muito pouco sobre a África. É muito pouco retratada. Muitas pessoas ainda associam a África a pobreza, a fome. Nós, alunos africanos, procuramos desmistificar esse pensamento e mostrar que a África é um continente muito rico, de muita cultura e de muito conhecimento. Queremos transparecer isso para os estudantes da UnB, de forma que esses estereótipos possam ser quebrados. Essa data, 25 de maio, é muito importante para nós da África, porque mostra que estamos presentes na universidade, no Brasil e no mundo;, relata.
Rogério Alves, coordenador do PEC-G junto à Assessoria de Assuntos Internacionais, que promove o evento, fala sobre a importância da Semana. ;Tentamos sempre tirar do inconsciente das pessoas que a África é um país. Queremos mostrar que a África tem mais de 50 países, cada um com sua cultura, costumes e riquezas em vários sentidos. E também que nos países da África você não encontra apenas pobreza, como é muito divulgado. Quando um brasileiro conhece um africano, primeiramente ele entende que existem países diferentes, depois começa a encontrar semelhanças com ele, desenvolve-se uma empatia. E esse é um processo destruidor do preconceito. Por isso, essa aproximação traz inúmeros benefícios para as duas partes;, opina.
Semana Africana
Campus Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília (UnB s/n). De segunda (20/5) a 25 de maio, a partir das 8h. Entrada franca. Classificação indicativa livre.