Mariah Aquino*
postado em 15/05/2019 07:00
A popularização dos serviços de banda larga no Brasil nos últimos anos contribuiu para que serviços de streaming, como a Netflix, ganhassem espaço no mercado do entretenimento. Segundo pesquisa de 2018 do IBGE, 81,8% dos brasileiros conectados à internet utilizam-na para assistir a filmes, séries e similares. Em contrapartida, os serviços de televisão por assinatura sofreram uma leve queda: antes presentes em 33,7% dos lares brasileiros, agora ocupam 32,8%.
O espaço conquistado por esse tipo de serviço levanta debates tanto na forma de consumo de entretenimento quanto também na produção. Recentemente, a Academia do Oscar bateu o pé quanto à participação de filmes produzidos para essas plataformas na premiação. Mesmo com reclamações de peso, como a do veterano Steven Spielberg, os títulos não foram vetados.
Esses serviços de streaming ganham espaço ao atenderem a demanda de uma geração mais jovem, que tem no imediatismo uma das principais características. ;Para mim, a principal vantagem é o fato de estar ali na mão, ser imediato. Quando eu precisava baixar, até o filme terminar de baixar eu já perdia a vontade de ver;, conta a brasiliense e publicitária Adriane Ribeiro.
A jovem de 25 anos assina hoje Netflix, Spotify, Amazon Prime e a brasileira Globoplay. Contudo, não descarta a possibilidade de aumentar o número de assinaturas caso o conteúdo desperte interesse: ;Eu penso que num futuro as pessoas não vão mais assistir tanta televisão, tem que ter variedade. E quanto mais serviços de streaming lançarem, mais eu vou assinar;, brinca. O estudante de contabilidade Matheus Marinho, por sua vez, assina todos esses e também o serviço do Crackle.
Além dos tradicionais Spotify (no ramo da música) ou Netflix (no audiovisual), outras plataformas lutam para ter seu lugar ao sol. Para isso, investem em conteúdos exclusivos ou séries consagradas. ;O que me faz assinar é o conteúdo, eu vou atrás do que eu quero assistir;, ressalta Matheus. ;O Crackle, por exemplo, eu assinei só para ver Doctor Who. A Amazon Prime eu assinei para ver The office e depois passei a gostar de algumas produções originais deles também.;
No Brasil, a Globoplay, atrelada à Rede Globo, investe em produções originais, como Ilha de ferro e Assédio. A plataforma segue um caminho de consolidação e já anunciou novas produções para 2019, como Shippados, com Tatá Werneck, e Aruanas, com Taís Araújo, Camila Pitanga, Leandra Leal e outros nomes de peso.
O Tidal, fundado pelo rapper e empresário Jay-Z, conquistou diversos assinantes ao redor do mundo ao disponibilizar conteúdos exclusivos. O álbum Formation, de Beyoncé, por exemplo, foi lançado lá e só chegou ao Spotify depois de três anos. Artistas como Nicki Minaj e o próprio Jay-Z aproveitam a plataforma para lançar materiais extras e atrair fãs.
Público ligado
Para conquistar o público mais jovem, com hábito digital e grande participação nas redes sociais, torna-se importante também contar histórias diversas e dar palco para a representatividade, que não passa despercebida para a nova geração. ;
Matheus Marinho destaca o reality Queer eye, disponível na Netflix: ;Eu me identifico há vários anos como homossexual e acreditava estar habituado com o que homens homossexuais passam. Quando eu comecei a assistir, entrei em contato com outras questões diferentes, coisas que eu fiquei ;caramba, nunca tinha pensado nisso;;.
Para Adriane, também é papel da mídia e do entretenimento apresentar discussões: ;Se a gente não falar sobre questões sociais nesse espaço, não vai fazer parte do dia a dia das pessoas. Quanto mais elas tiverem contato com isso ,mais normal vai se tornar;, pontua.
*Estagiária sob supervisão de Igor Silveira