Prostituição, corrupção e intrigas perpassam a vida do investigador Paulo Henrique, em torno de quem gira a trama passada nos anos 1990. ;Talvez, o mais inquietante do livro seja a identificação do leitor com o personagem, sobretudo com a parte não agradável dele. A parte ruim, a gente tenta não enxergar;, observa Daniel, que além de escritor, é policial civil há 22 anos. A experiência contribui em dar realismo a a narrativa.
O autor alagoano vive em Brasília há mais de 20 anos. ;Morando por tanto tempo aqui, tenho uma intimidade maior com a cidade;, explica sobre a forte relação que tem com o cotidiano político e social da capital federal. ;Tenho mais propriedade para falar daqui do que de qualquer outra cidade. Também não estava em questão inventar uma nova;, explica, sobre a escolha do lugar onde a história é ambientada.
Esse é o quarto livro de Daniel, que estreou em 2011 na literatura com O sorriso da cachorra. Com um intervalo de dois anos, publicou Enterro sem defunto. Pouco depois, em 2015, lançou Mar de pedras. Nos quatro anos desde o último lançamento, ele trabalhou para que o resultado da nova obra fosse o enxuto o possível. O objetivo era escrever a melhor obra que já publicou.
;Não me poupei. Lapidei o texto ao máximo, cortando todo o excesso, toda a gordura, apurando bem a escrita para deixar o resultado o mais limpo possível;, explica. Além disso, procurou extrair a própria presença da trama e se concentrou em construir personagens humanos, com virtudes e defeitos. ;Eu quis fazer um livro mais introspectivo, em que dou mais atenção à construção psicológica dos personagens. Dou maior ênfase para as relações humanas entre eles. E a relação deles dentro de contextos sociais;.
Ele explica que o Canto escuro tem uma visão crítica do momento em que a história se passa e que se estende para o momento atual. ;Não é, no entanto, uma avaliação direcionada para determinado tipo de corrupção, ou determinado tipo de corruptor;, alerta.
Serviço
Lançamento do livro Canto escuro, de Daniel Barros.
Fausto & Manoel (Clsw 101 Bl. C). Nesta terça-feira (14/5), às 19h. Entrada franca. Classificação indicativa livre.
*Estagiário sob supervisão de Adriana Izel