Negritude, periferia, feminismo e sexualidade: temas identitários são reforçados nos álbuns de estreia das artistas solo Priscila Lima e Vix Russel. As duas cantoras brasilienses de diferentes gerações dão uma mostra da produção que está sendo feita na cidade. Para elas, as mulheres têm mais dificuldade para se inserir no cenário musical, mas percebem um avanço na representatividade feminina. Apesar do paralelismo temático que eventualmente suas músicas podem criar, as duas artistas vão por caminhos particulares, construindo lirismos próprios e partindo de gêneros diferentes.
Depois de passar por vários grupos, como Besouro do Rabo Branco, Banda Rupestre, Casa de Joana (PE) e Maracangalha, a cantora brasiliense Priscila Lima, 39 anos, estreia na carreira soul, expandindo o alcance da própria voz soul e de artistas das cidades-satélites do DF. Para gravar o álbum autointitulado, ;fiz uma audição com talentos da periferia, e selecionei 10, que passaram por um treino de voz;.
O resultado é um disco que, além do soul, traz influências que vão do rap ao jazz. Priscila quer reforçar o empoderamento feminino, que ela viu saltar de dois anos para cá, quando começou a jornada rumo à carreira solo. O disco contou com participação de Marcelo Mariano, baixista que gravou com Djavan, Gal Costa, Ivete Sangalo, entre tantos outros músicos consagrados.
Elogiada pela voz nos anos de ensino médio, Vix Russel criou intimamente a vontade de se tornar uma cantora profissional de sucesso. ;Tenho muita necessidade de me expressar;, explica a goiana crescida em Brasília, que aos 20 anos se lança de vez na vida artística. Ela estreou neste ano com o EP Guias, produzido pelo DJ LM.
Cada uma das seis faixas será acompanhada por um videoclipe (faltam três), que revelam o cuidado estético da cantora. Passando pelo R e pelo rap, Vix fala de temas que considera urgente, como na canção Preta. ;É uma homenagem às mulheres negras;, ressalta. Feminismo e raça, ;são temas de que não consigo fugir por viver isso;.
Sobre o título do álbum, ela explica: ;É um EP muito pessoal. Foi feito com o objetivo de ser um guia para minha carreira. Estou me apresentando tanto nas músicas, quantos nos clipes;. E completa: ;Pode olhar para cá que tem muita coisa para vocês olharem;.
* Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco