Há oito anos, Game of thrones estreou na telinha. Criado por David Benioff e D. B. Weiss, o seriado chegou à programação da HBO com um grande ponto a seu favor: o fato de ser uma adaptação de uma saga de livros, a obra As crônicas de gelo e fogo, de George R.R. Martin. O autor criou um mundo fictício, com os continentes de Westeros e Essos, onde há uma disputa pelo reino, o chamado Trono de Ferro, que dá direito ao governo de sete regiões, conhecidas como os Sete Reinos de Westeros.
Nesse universo, que tem ares de trama medieval, famílias nobres começam uma competição pelo trono, que um dia já foi da família Targaryen e atualmente pertence ao clã Baratheon. A disputa ganha o nome de Guerra dos cinco reis, de que participam dois descendentes dos Baratheons, um Starks, um Greyjoys e um Lannisters/Baratheon.
Em meio a esse conflito com alianças e estratégias que dão inveja a muitos políticos, a história ainda tem criaturas mágicas, como dragões, lobos gigantes e zumbis, esses na figura dos caminhantes brancos, que são a verdadeira ameaça a Westeros e vivem para além da muralha que divide esses dois mundos. Tudo isso alinhado a um grande número de personagens ; não há ;o protagonista; ; diferentes índoles e motivações. As reviravoltas são tantas que personagens considerados importantes morrem nas tramas.
A estreia da oitava e última temporada, no último dia 14, foi assistida por mais de 17,4 milhões de pessoas só nos Estados Unidos. Tem transmissão simultaneamente em 173 países, incluindo o Brasil, 313 prêmios televisivos, entre eles, 47 Emmys, o maior número conquistado por uma série.
Ingredientes do sucesso
;Game of thrones consegue manter a audiência cativa e fiel a todo lançamento, porque ninguém que ser impactado com spoiler (termo em inglês para explicar quando um fato importante da trama é revelado). A série tem uma lógica de consumo, uma estratégia;, explica Nathalia Rezende, pesquisadora que estudou o impacto da produção durante o mestrado na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
;A narrativa é um ponto importante de Game of thrones. A série tem mais de 70 personagens que são relevantes para a história. É uma trama extremamente complexa, mas de fácil identificação. Há heróis, donzelas, mulheres românticas, mulheres fortes, dragões, fantasia, política... É uma narrativa articulada, com um formato tradicional de televisão com ganchos narrativos que criam uma expectativa para o próximo episódio;, completa.
O fã brasiliense João Miguel, de 21 anos, concorda. Ele acompanha a série desde 2014, quando a quarta temporada foi exibida na televisão. ;Vi as primeiras temporadas de uma vez e fiquei viciado. Eu não conhecia, não tinha lido os livros ainda. Mas depois, religiosamente, todo domingo eu estava em frente à tevê;, explica.
Para o estudante, o motivo do sucesso da série tem a ver com a profundidade da narrativa. ;Acho que uma das coisas que a série mais chama a atenção é que os personagens não são totalmente bons ou maus. Eles estão em uma área cinza. A princípio você enxerga a família Stark como a boazinha e os Lannisters como os maus. Mas, conforme vai avançando, você vai entendendo a motivação de cada personagem. Além disso, há a mistura de comportamento e política, que se relacionam com o cotidiano;, afirma.
A estudante de engenharia da computação Jéssica Oliveira, 24 anos, é apaixonada por Game of thrones. Ela começou a se envolver com o universo em 2011, quando teve acesso aos livros. Em seguida, engatou na série. Há duas temporadas ela assiste ao lado dos amigos. ;Nas primeiras temporadas, eu assistia em casa e ficava trocando SMS sobre a história. Faz alguns anos que assisto na casa do meu namorado e reunimos uma galera de até 10 pessoas. Essa temporada até criamos um bolão;, conta.
;Game of thrones tem várias histórias, guerra, uma coisa medieval. Além disso, na série, a história tem um impacto, todo episódio acontece uma coisa diferente, extraordinária. A cada capítulo acontece alguma coisa, aquele personagem que você adora morre do nada, então você quer saber o que vai acontecer depois disso;, acrescenta Jéssica.
Até quem não assistia à série se sentiu interessado nesta última temporada. É o caso de Tatiane Oliveira, 30 anos, estudante de psicologia. ;Desde que a série foi lançada, observei que muitas pessoas do meu meio pessoal assistiam, incluindo minha irmã. Sempre via o entusiasmo dessas pessoas e, até então, não tinha muito interesse. Mas, recentemente, comecei a ter curiosidade de acompanhar;, explica. Agora, Tatiane acompanhaa a última temporada e está até fazendo maratonas para assistir às anteriores. ;É uma trama planejada e fantasiosa, com um enredo rico, cheio de ação e aventuras;.
Encerramento
Hoje, a partir das 22h, a HBO transmite o terceiro de uma temporada que terá seis episódios. O título continua guardado a sete chaves, para que a série evite o vazamento de spoilers do capítulo, mas, como os teasers e imagens de divulgação dão a entender, será mostrado o confronto entre o exército dos humanos, comandado por Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) e Jon Snow (Kit Harington), contra o exército dos caminhantes brancos.
Por ser um episódio de guerra, há uma grande expectativa em torno do capítulo. Com uma hora e 22 minutos, quase a duração de um filme de longa-metragem, o episódio deve ser o encerramento da participação de alguns personagens, além de um capítulo visualmente deslumbrante.
Momentos impactantes de Game of thrones (com spoilers)
Execução de Ned Stark
Na primeira temporada, Ned Stark (Sean Bean), o lorde de Winterfell, se muda para Porto Real, sede do Trono de Ferro, e é acusado de traição por contestar o reinado de Joffrey Baratheon (Jack Gleeson). No ;julgamento;, o rei decide por cortar o pescoço do personagem e dá início à guerra entre Starks e Lannisters.
Nascimento dos dragões
No último episódio da primeira temporada, Daenerys Targaryen consegue fazer com que os três ovos de dragões que ela ganhou de Illyrio Mopatis (Roger Allam) sejam chocados e deem origem a três dragões: Drogon, Rhaegar e Viserys. Esse é o retorno das criaturas místicas que estavam há anos extintas de Westeros e Essos.
Casamento vermelho
A cena, que foi exibida na terceira temporada, mostra os Starks sendo executados pelos Bolton. Em momento de traição da família Bolton, Roose (Michael McElhatton) arma para matar Robb (Richard Madden) e Catelyn (Michelle Fairley) após o casamento de Edmure Tully (Tobias Menzies) com uma das filhas de Walder Frey.
Casamento roxo
Na quarta temporada, a cerimônia do casamento do rei Joffrey com a rainha Margaery Tyrell (Natalie Dormer) mostrou mais uma morte. A união firmava o apoio entre as famílias Lannister e Tyrell, essa última foi fundamental na guerra contra Stannis Baratheon (Stephen Dillane), um dos aspirantes ao Trono de Ferro.
Confirmação de teoria
Game of thrones é cheio de teorias. Uma das mais populares se confirmou no último episódio da sexta temporada, quando se descobriu que Jon Snow é filho de Lyanna Stark com Rhaegar Targaryen, apesar de ele ter sido criado como um bastardo de Ned Stark. Jon é Aegon Targaryen, herdeiro do Trono de Ferro.
Destruição do povoado de Hardhmone
Na quinta temporada, Game of thrones mostrou a força do Rei da Noite (Vladimir Furdik), o líder dos caminhantes brancos, quando o personagem ressuscitou os mortos do povoado de Hardhome. A partir desse momento, a série colocou de vez os zumbis no enredo e como a principal ameaça ao território inteiro de Westeros.