Qual o primeiro pensamento que vem à mente quando a palavra é cadeia: celas, cadeados, grades? A ideia da grande reportagem Vidas no Cárcere é mostrar que a vida das 671 mulheres presas na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia, vai além disso: traz à tona o trabalho de saúde mental realizado dentro do presídio. O produto vai ser lançado pela UnBTV nesta sexta-feira (26/4), às 14h30, na Universidade de Brasília (UnB).
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A equipe obteve autorização judicial e visitou o local, que fica no Gama, quatro vezes. Na primeira, foram à Ala de Tratamento Psiquiátrico (ATP), onde ficam internados 99 homens e dez mulheres que infringiram a lei, mas sofrem de síndromes em geral, como esquizofrenia. Essa instalação fica no mesmo terreno, mas separada da prisão; além disso, é a única parte da Colmeia que pode receber pessoas do sexo masculino. Na segunda visita, conheceram a penitenciária e os tratamentos realizados: terapia de grupo e atendimento individual. A autorização, no entanto, não dava acesso às celas e ao pátio, por questão de segurança.
Na terceira vez, entrevistaram as detentas: três mulheres, cada uma com uma dor e uma história de vida diferentes. Na última, conheceram quem são as pessoas que visitavam a penitenciária. O perfil das presidiárias mostra que a maioria é pobre, negra ou parda e não completou o Ensino Médio. A menor parcela dos crimes foi contra a vida: os delitos mais comuns são tráfico de drogas e roubo.
;A questão de gênero foi determinante para várias situações que aconteceram. Teve uma delas que acabou entrando por causa do companheiro, outra que cresceu vendo o pai bater na mãe, que era alcoólatra...;, conta a repórter Raiane Sena. Muitas das detentas chegam à Colmeia com transtornos mentais, como depressão, ansiedade, dependência química, automutilação ou ideação suicida. ;Se a gente pensa em ressocialização, elas precisam ser cuidadas;, analisa a editora da UnBTV Andréa Xavier.
[SAIBAMAIS] Por isso, é preciso humanizar as internas. ;O que eu senti e espero que as pessoas também sintam é um olhar mais humano com quem está no cárcere e entender que são histórias diferentes e individuais;, afirma Raiane, que cursa Jornalismo no Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb).
Além da empatia, a ajuda especializada das profissionais de saúde é fundamental. ;A ideia do trabalho [das psicólogas da Colmeia] é dar voz às mulheres, proporcionar saúde mental e ter um olhar mais consciente;, acrescenta a estudante. Ademais, as psicólogas buscam desenvolver vínculos afetivos e estimular a sororidade entre as detentas para buscar resolver problemas de insegurança, baixa autoestima e falta de confiança.
O evento também vai ter roda de conversa com servidoras da Colmeia. Depois do lançamento. a reportagem completa será transmitida pelo canal do YouTube da UnBTV e pelo canal 15 da NET. ;A gente sempre teve vontade na UnBTV de mostrar essa realidade [do trabalho de saúde mental]. Nossa missão como TV pública é mostrar o que a mídia comercial não mostra e dar voz a quem não tem esse tipo de espaço;, finaliza Andréa.
Estagiária sob a supervisão de ;
Serviço
Vidas no cárcere
Auditório da Reitoria, Campus Darcy Ribeiro, Universidade de Brasília (UnB), Asa Norte. Nesta sexta-feira (26/4), às 14h30. Entrada franca. Classificação indicativa livre.