O olhar político e social de três nomes ilustres do fotojornalismo se encontraram na Galeria Olho de Águia (Taguatinga Norte) entre o fim do ano passado e o início deste ano. Os espanhóis Ricardo Garcia Vilanova e Pep Bonet e o baiano Gervásio Baptista ; que recebeu na ocasião a última homenagem em vida ;, foram para lá expor os próprios trabalhos como parte da segunda edição do Imagem sem fronteira. O projeto será tema de um catálogo com fotos dos três convidados que será distribuído gratuitamente em breve.
O projeto foi idealizado pelo também fotojornalista Ivaldo Cavalcanti para promover intercâmbio entre profissionais da área, sobretudo entre aqueles que dedicam a vida a registrar zonas de confronto e de crise humanitária.
Ricardo Garcia Vilanova abriu a série de exposições. Na cerimônia, acompanhado por uma tradutora, ele respondeu a perguntas do público e narrou detalhes de suas missões em conflitos. O assunto de maior curiosidade entre os presentes foi o cativeiro no qual o espanhol esteve preso por seis meses quando cobria Guerra de Israel. Para Ricardo, a principal responsabilidade do fotojornalista de guerra é transmitir histórias por meio das imagens com ;capacidade informativa; e ;composição impecável; mesmo em meio ao fogo cruzado.
;As pessoas que dedicam a vida delas à fotografia de conflitos o fazem por insistência da vocação. Eu não acredito na figura do fotógrafo que vira protagonista das histórias que envolvem a vida das vidas em risco as quais ele devia dar voz;, comenta Ricardo. Depois, foi a vez da exposição de Pep Bonet. Ele narrou aventuras como as que viveu ao cobrir a trágica Guerra Civil de Serra Leoa e os sete anos em que acompanhou Lemmy e a turma do Motorhead.
;Para mim, a fotografia é emocional. E, para ser emocional, tem de experienciar para poder contá-las. Emoções não são coisas que podemos planejar ou escrever. Então, não podemos repetir as emoções que sentimos. As emoções são coisas únicas que manifestam de forma diferente em cada pessoa;.
Por fim, o projeto exibiu as fotografias de Gervásio Baptista (1923-2019). Foi a última vez que ele foi homenageado em vida. O repórter trabalhou até os 94 anos e morreu em abril, aos 95. É ele o responsável pela famosa foto de Juscelino Kubitschek erguendo um chapéu em frente ao Congresso Nacional. Aliás, todos os presidentes de Getúlio Vargas a Michel Temer foram fotografados por Gervásio, feito que lhe rendeu a fama de ;fotógrafo dos presidentes;.
Além dos líderes brasileiros, clicou John Kennedy, Richard Nixon, Juan Domingo Perón, Charles de Gaulle, Che Guevara e Fidel Castro. O currículo ainda inclui registros da guerra do Vietnâ Copas do Mundo e concursos de Miss Universo.
;O Gervásio é um ícone. Eu era fanzasso do Gervásio, a gente batia muito papo, comenta Ivaldo Cavalcanti;. ;Agora, vou mirar na criação de uma Fundação Gervásio Batista. Estou em contato com a família para pôr isso em prática;
*Estagiário sob supervisão de Severino Francisco