Na última terça-feira, no dia em que o cantor Chorão, que morreu em 2013, completaria 49 anos, o filho do vocalista do Charlie Brown Jr., Alexandre Abrão, iniciou uma série de homenagens ao patriarca e ao baixista Champingon, que também morreu em 2013, e a história do grupo de rock . Ao lado de companheiros de banda do pai, Marcão Britto (guitarra), Heitor Gomes (baixo) e Pinguim Ruas (bateria), fez show de apresentação da turnê do festival Tamo aí na atividade: Celebração a Charlie Brown Jr., que vai rodar o Brasil celebrando os princípios da banda criada em 1992: rock;n;roll, skate e energia positiva.
;A ideia desse show, desse festival, surgiu como uma maneira de homenagear tanto o meu pai, como o Champ. Eu me senti obrigado a juntar essa galera dele, a banda dele, e mandar essa energia positiva lá pra cima. Até para gente que está com saudade e batalhando todo dia para manter o nome do Charlie Brown Jr., que era o sonho do meu pai perpetuar essa mensagem;, define Alexandre Abrão em entrevista ao Correio.
Por se tratar de um tributo, a turnê não é um retorno da banda com uma nova formação. Trata-se de uma reunião de remanescentes do grupo em um show em que Chorão e Champingon se farão presentes em intervenções visuais no telão. O principal objetivo é realizar um tributo aos artistas, celebrar a trajetória da banda e apresentar o grupo para uma nova geração.
[FOTO1366921]
Ao todo, o evento passará por mais de 20 cidades. Brasília está na rota, que tem ainda locais como São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza e Cuiabá. Por enquanto, apenas as capitais paulista e carioca tiveram as datas reveladas: em 13 de julho, no Espaço das Américas, abrindo a turnê, e em 27 de julho, no Engenhão, respectivamente.
Releitura
Mais do que apenas um show, a turnê Tamo aí na atividade: Celebração a Charlie Brown Jr., que será um festival com conceitos que fizeram parte da construção da banda, como a cultura urbana com o skate e o breakdance, o esporte e a música ; até por isso leva o nome do disco de 2004. Além disso, a turnê terá um lado social com um projeto para pessoas dependentes de substâncias químicas.
Para fazer a releitura da banda no show, Alexandre Abrão, Marcão Britto, Heitor Gomes e Pinguim Ruas subirão ao palco em uma apresentação interativa revisitando a discografia do grupo, passando por diferentes fases da banda, que se manteve ativa entre 1992 e 2013, quando lançou o último álbum, La família 013. Panda, vocalista do La Raza, vai acompanhar a turnê como mestre de cerimônias. ;Estou muito feliz com a oportunidade de estar aqui com meus heróis;, revela.
;A gente faz um apanhado de todos os discos, de todas as histórias começando pelo Transpiração contínua prolongada (1997), pegando um pouco da história de cada disco e transmitindo essa energia das músicas. Cantamos as faixas de extrema importância, porque se fôssemos fazer todas as músicas que foram para rádio, hits e singles, seriam de três a quatro horas de show;, explica Gomes.
Sucesso atemporal
Apesar de ter tido o auge no fim dos anos 1990 e início dos 2000, a banda Charlie Brown Jr. consegue se fazer forte e presente até os dias de hoje. Para Marcão Britto, guitarrista do grupo, isso tem muito a ver com a mensagem das músicas. ;Foi construído de verdade e a verdade é muito poderosa. O Chorão era um cara que passou, como muitos brasileiros, por experiências de vida difíceis. Acho que (o sucesso) é o casamento perfeito da energia, da vibe, com a letra. Isso ficou marcado. Tem mensagens políticas e sociais que, infelizmente, ainda são atuais. É uma banda que falava de tudo, de relacionamentos, da sociedade, da política, em um leque vasto de sonoridade do reggae, do hip-hop, do punk rock;, analisa.
;O legal do Charlie Brown Jr. é justamente ser completamente atemporal. Você ouve algo que é da década de 1990 e consegue inserir na sua vida. Com essa nova turnê daremos um gás a isso;, completa Alexandre Abrão sobre o fato de a banda se mostrar contemporânea apesar das composições serem de 20 anos atrás.
. Iniciativa da gravadora Universal Music, o material traz a versão original gravada pela banda em 1999 no disco Preço curto... Prazo longo e uma nova, com vocais de Marcelo D2, Maneva, Nação Zumbi e Hungria Hip Hop e citação de Hoje eu procuro a minha paz, com produção de Marcelo Lobato, tecladista da banda O Rappa.
;Eu acho que o Charlie Brown Jr. sempre foi uma questão de atitude. As letras são verdadeiras e acho que isso causa uma identidade com o público;, afirma Tales Mello de Polli, vocalista do Maneva. ;Aceitamos na hora, pelo Charlie Brown Jr. e pelo Chorão, que fez parte da nossa história. Acho que foi uma mistura de sentimentos, até por causa do time que estava participando. A gente do Maneva, pelo menos, sempre cantou Charlie Brown Jr. no início da nossa carreira. Então, fazer parte desse projeto foi bem natural;, completa.