Com raiva, cheio de discurso, Gabirel, O Pensador ganhou a plateia do palco Onix, no Lollapalooza, já na primeira música, como se falasse por todos.
"Vamos acabar de matar o presidente do Brasil." Foi com essa frase que ele abriu o show. Ele falava de Temer, com a revisão de seu primeiro sucesso, Tô feliz (Matei o Presidente), de 1993. A letra é uma pancada, sempre atualizada pela natureza humana. "Os verdadeiros marginais são chamados de doutor e excelência", diz ele. Depois, emendou com Filho da P..., mais uma vez, mirando os políticos corruptos, e Pátria que me pariu, de 1997.
Cachimbo da paz, seu maior hit, ainda funciona. A história do índio que é preso por fumar maconha, a palavra que não é mencionada, na mesma delegacia em que uma garota chega acidentada por beber demais ao volante fica de novo atual.
Charlie Brown Jr é lembrado, com um cover de Zóio de Lula, e a plateia é ganha sem nenhum esforço. Tais Alvarenga é chamada logo depois para Dias de luta, Dias de glória. Foi mais bonito o momento em que ele fez quase todo mundo cantar o refrão de Pais e filhos, da Legião Urbana.
Outra atualidade é Retrato de um Playboy, de 1993, que veio remixada mas com os mesmos versos "sou playboy, filhinho de papai, eu tenho um pitbull, imito o que ele faz". Engraçado que, para encerrar, vem 2345 meia 78, que conta a história do cara que sente a hora de "molhar o biscoito" e que tenta todas as mulheres de sua agenda com as abordagens mais toscas. O mundo tem ficado complicado também para os engajados.
Ao final, o melhor Gabriel surge de novo com Até quando?, de 2003. Ele ganha credibilidade quando rima mirando a corrupção, com uma divisão e um flown incrivelmente inteligíveis.