Essa experiência de quase 40 anos, ela faz questão de compartilhar com as outras pessoas. Por isso, voltou a rodar o Brasil com aulas ligadas ao cenário audiovisual. A capital federal foi escolhida para um workshop de três dias, iniciado na última sexta-feira, sobre câmera, na Casa dos Quatro, na Asa Norte. ;Passei bem uns 10 anos sem ir pelo Brasil dando aula, por conta da minha indisponibilidade em função da vida corrida. Só que com o advento da rede social, as pessoas de outros estados começaram a me cobrar. Resolvi retornar, porque, no fundo, eu acabo conhecendo novos talentos, descobrindo pessoas e também outras possibilidades;, afirma em entrevista ao Correio.
Nesses cursos, a diretora explica que acaba ajudando muitos novos artistas, indo além do plano de estudo. ;Eu tenho uma sensibilidade, então, em muitos desses cursos, eu acabo descobrindo um grande potencial de um ator para a produção, por exemplo. Às vezes, a gente é capaz de orientar e até por isso meus ex-alunos me tratam como uma entidade. Porque, no fundo, eles acabam tendo uma possibilidade de arte através de mim, seja numa aula, seja numa oportunidade de trabalho, seja num teste. Eles me veem como uma fada madrinha. O que é bastante gratificante, porque eu sempre tive esse dom da transmissão de ensinamento;, completa.
Chico Anysio
Atualmente, Cininha de Paula comanda a nova versão da Escolinha do Professor Raimundo, projeto do canal Viva em parceria com a Rede Globo, iniciado em 2016, e que está em fase de gravação da quinta temporada. Esse foi um retorno da diretora para a comédia, já que ela esteve no humorístico entre 1990 e 1995 ao lado do tio Chico Anysio. ;Foi uma gratitude do Bruno Mazzeo (ator e primo de Cininha) e do Ricardo Waddington (diretor da Rede Globo). Eles me chamaram para ser a maestrina dessa orquestra, com esse elenco carinhoso, dedicado e muito respeitoso em relação à figura do meu tio;, conta.
Para a carioca, o retorno à Escolinha, que se tornou sucesso de audiência na nova versão, foi um grande presente. ;Acho que estava escrito nas estrelas. Eu tinha que fazer isso. Quando eu sai da Escolinha, foi porque fui dirigir outras coisas. Mas eu sabia no fundo que, um dia, eu ia voltar. Mas eu pensei que voltaria com ele (Chico Anysio). Voltar com o Bruno também foi uma gratitude. Acho que tudo isso se deve ao Chico;, revela, bastante emocionada em citar o tio, que morreu em março de 2012 aos 80 anos.
Cininha, inclusive, se inspirou na figura de Chico Anysio e de toda a família para mergulhar na vida artística. Filha de cantora, de tio e de avó compositores e de tio ator, ela uniu essas duas paixões e se iniciou na arte como atriz de musical, garantido elogios e comparações até a Liza Minnelli. ;Comecei como atriz de musical, depois fui diretora de musical. Ganhei alguns prêmios bonitos, atuei com Ney Matogrosso, sempre tive esse percurso dentro dos musicais. Também dirigi o Gente inocente, programa em que descobri muitos cantores que estão no mercado hoje. A gente não busca o caminho, ele que busca a gente e nunca se esquece do princípio;, diz a diretora, ao explicar a constante proximidade de projetos ligados ao humor e à música.
A figura da cineasta também é muito ligada a outro artista: o ator Miguel Falabella. A dupla se encontrou pela primeira vez nos sets em Salsa e merengue e depois reviveu a dobradinha em Sai de baixo, Tomá lá, dá cá, Pé na cova, Sexo e as negas e Brasil a bordo. Neste ano, eles ainda não têm projetos juntos, mas Cininha garante que a parceria ainda terá mais frutos: ;Ele continua morando no meu coração. Vamos realizar muito mais ainda;.
Projetos
Além da quinta temporada do humorístico Escolinha do Professor Raimundo, a artista está dirigindo o espetáculo Procura-me, que estreia no período da Páscoa no Rio de Janeiro com atores mirins que estudam com a diretora. ;É um musical que fala exatamente dos problemas que temos atravessado as enchentes, o aquecimento global, aquilo que a gente acha que possa ser o fim do mundo;, adianta. A história se passa numa noite de Páscoa e retrata um recomeço. ;O espetáculo fala de crianças que estão àss espera dos pais que desapareceram e questionam essa liberdade, essa ausência. É um texto de uma professora da minha escola que transformei num musical em versão pocket;, revela.
Nos cinemas, Cininha de Paula também tem projetos. Em um deles ela faz a direção do filme De perto ela não é normal, adaptação proposta pela atriz Suzana Pires. ;Foi um projeto feito com muito carinho e foi um reencontro meu com Suzana, que frequentou a minha casa novinha. Ela fez teatro com a minha filha Maria Maya (atriz, que é fruto do relacionamento com o diretor e ator Wolf Maya). Dirigir Suzana nesse projeto vai poder mostrar um pouco desse meu lado falando de mulher para mulher. É uma comédia com um conteúdo feminino bem importante;, completa.