Irlam Rocha Lima
postado em 18/03/2019 08:14
O múltiplo talento de Chico Buarque de Holanda pode ser apreciado em diversas vertentes da cultura brasileira, como música, teatro e literatura. O artista já exibiu outras facetas, como as de apresentador de tevê, ao lado de Caetano Veloso, e de ator, no filme Quando o carnaval chegar, de Cacá Diegues, do qual foi também um dos roteiristas.
Agora, as várias faces desse fecundo ícone da cultura brasileira podem ser vistas literalmente em Revela-te, Chico, uma fotobiografia que é uma espécie de arqueologia visual de vida e da obra do compositor, tão presente na memória afetiva de um número infindável de admiradores. De autoria do designer pernambucano Augusto Lins Soares e com textos do jornalista Joaquim Ferreira dos Santos, a obra é um lançamento da Editora Bem-Te-Vi Produções Literárias.
Como designer, o pernambucano Augusto Lins Soares trabalhou em duas editoras no segmento de revistas, entre 1994 e 2018. O gosto pela fotografia documental se acentuou com o passar do tempo e foi determinante quando decidiu migrar para outra área, a do livro. O interesse maior, na verdade, era pela fotobiografia, um gênero que ele considera ainda pouco explorado no Brasil. Na realização do seu primeiro projeto nessa área, não fez por menos. Criou Revela-te, Chico.
O processo de garimpagem para a criação da fotobiografia durou dois anos e levou Lins Soares a mergulhar num universo de 20 mil imagens até chegar as 210 selecionadas. Ele utilizou como fontes de pesquisa acervos de fotógrafos, jornais, revistas, sites, blogs, o Museu da Imagem e do Som e os Institutos Moreira Salles e Antônio Carlos Jobim.
[SAIBAMAIS]Pelo livro de 240 páginas, se espalham imagens assinadas por mais de 50 fotógrafos, entre eles, Adhemar Veneziano, Adriana Pittiglianni, Alécio de Andrade, Bob Wolfenson, Bruno Veiga, Carlos Horcades, Cristiano Mascaro, Cristina Granato, Doryana Dornelles, David Drew Zing, Fernando Seixas, João Farkas, João Wainer, Leo Aversa, Luiz Garido, Marisa Alvarez Lima, Maureen Bisilliat, Paulo Garcez, Paulo Salomão e Ricardo Chaves. Há fotos inéditas, outras raras, sendo que a maioria resgata momentos fundamentais da trajetória de Chico, que cedeu o direito de uso de sua imagem.
;Importância histórica, memória afetiva e qualidade estética são critérios que utilizei na escolha das fotos. Elas estão dispostas em ordem cronológica e registram momentos importantes da vida e da obra de Chico. ;Uma fotobiografia precisa dar o protagonismo às imagens, que devem ser editadas para contar visualmente a história de um personagem;, explica Lins Soares. ;No caso do Chico, é a história de uma personalidade coerente com o seu trabalho e sua vida pessoal;, acrescenta.
Ele chama a atenção para o fato de as imagens fazerem um passeio por diferentes fases vividas por Chico. ;Vai desde a infância até o Caravanas, o seu espetáculo mais recente. Passa também pelas aventuras da adolescência, o início da carreira do artista, festivais, shows, peças. Vida e obra de um personagem em foto que revelam a história da própria música popular brasileira;.
Como material raro, a fotobiografia traz um retrato de Chico feito por Cristiano Mascaro, em Roma, durante o autoexílio do artista no período da ditadura militar, um registro do compositor com seu ídolo do futebol, Pagão, antigo centroavante do Santos, e um encontro reservado com Dom Helder Câmara ; um mês antes da morte do arcebispo, em 1999.
Há ainda, entre as imagens inéditas, o retrato que o pintor Di Cavalcanti fez para Chico, em 1972. O vasto acervo iconográfico é acompanhado por histórias de bastidores de cada registro. Os textos ; legendas biográficas ; escritas pelo jornalista Joaquim Ferreira dos Santos, trazem informações saborosas sobre os momentos impressos no livro.
Revela-te, Chico
Fotobiografia organizada por Augusto Lins Soares, com textos de Joaquim Ferreira dos Santos, com 240 páginas. Lançamento da editora Bem-Te-Vi Produções Literárias. Preço: R$ 145,00.