A diversidade -- das cores nos figurinos dos apresentadores aos premiados - deu o tom nas escolhas e nos discursos do Oscar deste ano. O grande vencedor da cerimônia que seguiu num ritmo acelerado, pela ausência de um apresentador, foi Green book - O guia. Outros títulos, como Bohemian Rhapsody, com 4 prêmios; e Pantera negra e Roma, com 3 cada um, foram bem lembrados.
Vencedor do prêmio de melhor filme, Peter Farrelly destacou que Green book é "sobre descobrir quem somos e que somos todos iguais".
A igualdade entre homens e mulheres apareceu em discursos como o da atriz Helen Mirren, que destacou que homens podem usar cor de rosa ao apresentar o prêmio de melhor documentário ao lado de Jason Momoa. Uma das vencedoras, por Free solo, Elizabeth Chai Vasarhelyi ressaltou a importância da igualdade nos sets. "Contratar mulheres e pessoas de cor só melhora a qualidade dos filmes", afirmou.
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Ovacionado, Spike Lee ganhou o Oscar de roteiro adaptado por Infiltrado na Klan. O discurso dele era esperado e ele foi logo avisando "não desliguem esse microfone". Exaltado, mas breve, ele homenageou ancestrais que trabalham e lutam "mesmo com os genocídios que vemos" e lembrou que estão "quase chegando as eleições americanas. Vamos nos mobilizar e estar do lado certo da história. Vamos estar do lado do amor."
Os 3 prêmios de Pantera negra também marcaram o discurso de representatividade. Com o filme, Ruth Carter foi a primeira negra a ganhar o Oscar de melhor figurino. "Obrigada à academia por homenagear as mulheres e o poder delas. Obrigada pela oportunidade de contar a história afro-americana por meio de figurinos", afirmou, muito emocionada.
Outra barreira quebrada por Pantera negra foi com a vitória de Hannah Beachler como melhor direção de arte. A primeira negra indicada na categoria ressaltou que está "mais forte do que estava antes por causa das mulheres que me apoiavam todo dia porque eu pensei várias vezes em desistir."
Estrangeiros
Com as 10 indicações a Roma e a inclusão de títulos como Guerra fria em categorias que não a específica para os estrangeiros, a presença de estrageiros no palco do Dolby Theatre foi maciça.
Apresentador da categoria de melhor filme estrangeiro, o ator Javier Bardem lembrou que havia filmes não americanos em outras categorias, como a de filme e direção e ressaltou a "importância da cultura e da língua de todos os países estarem representados". Depois, ele passou a palavra a Alfonso Cuaron, vencedor por Roma.
"Cresci vendo filmes em língua estrangeira, aprendendo muito com eles, me inspirando. Filmes como Cidadão Kane, Tubarão, e não há ondas, só um oceano. Acho que os indicados de hoje são prova de que somos parte do mesmo oceano", disse Alfonso Cuarón ao receber o prêmio de melhor filme estrageiro, o primeiro da história para o México.
Cuarón ainda subiu ao palco para receber, das mãos de Guillermo del Toro, o Oscar de direção. Ali, ele lembrou a atriz Yalitza Aparicio, protagonista de Roma. "É preciso olharmos para os outros", afirmou o mexicano, ao se referir à personagem de Yalitza, uma empregada doméstica.
O prêmio de melhor ator para Rami Malek também trouxe à luz a questão dos estrangeiros. "Eu sou descendente de egípcios e americano de primeira geração. Parte da minha história está sendo escrita agora", afirmou Malek, que viveu Freddie Mercury em Bohemian Rhapsody e levou o Oscar mesmo sendo a terceira opção para o papel. "Não fui a escolha mais óbvia, mas a melhor", provocou.
Por falar em escolha não óbvia, a premiação de Olivia Colman como melhor atriz por A favorita pareceu surpresa até para ela. Emocionada, ela disse que era uma experiência "estressante e hilária" e fez questão de render homenagem a Glenn Close, que concorria por A esposa.
Dois nomes foram muito ouvidos durante a premiação: Spike Lee e Netflix. O cineasta de Infiltrado na Klan foi aclamado por colegas negros em vários momentos e foi ovacionado ao receber o Oscar de melhor roteiro adaptado. O serviço de streaming também nadou de braçada, ao emplacar Roma e o curta Period. End of sentence entre os vencedores.
Confira os vencedores
Melhor filme
Green book - O guia
Melhor direção
Alfonso Cuarón (Roma)
Melhor ator
Rami Malek (Bohemian Rhapsody)
Melhor atriz
Olivia Colman (A favorita)
Melhor ator coadjuvante
Mahershala Ali (Green book - O guia)
Melhor atriz coadjuvante
Regina King (Se a Rua Beale falasse)
Melhor filme estrangeiro
Roma (México), de Alfonso Cuarón
Melhor animação
Homem-Aranha no Aranhaverso
Melhor roteiro adaptado
Infiltrado na Klan (Spike Lee, Charlie Wachtel, David Rabinowitz e Kevin Willmott)
Melhor roteiro original
Green book - O guia (Nick Vallelonga, Brian Currie, Peter Farrelly)
Melhor fotografia
Roma (Alfonso Cuarón)
Melhor direção de arte
Pantera Negra (Hannah Beachler e Jay Hart)
Melhor figurino
Pantera Negra (Ruth Carter)
Melhor cabelo e maquiagem
Vice (Greg Cannom, Kate Biscoe e Patricia Dehaney)
Melhor edição
Bohemian Rhapsody (John Ottman)
Melhor trilha sonora
Pantera Negra (Ludwig Goransson)
Melhor canção original
Shallow (Nasce uma estrela)
Melhor edição de som
Bohemian Rhapsody (John Warhurst e Nina Hartstone)
Melhor mixagem de som
Bohemian Rhapsody (Paul Massey, Tim Cavagin and John Casali)
Melhores efeitos visuais
O primeiro homem (Paul Lambert, Ian Hunter, Tristan Myles e J.D. Schwalm)
Melhor documentário
Free solo, de Elizabeth Chai Vasarhelyi, Jimmy Chin, Evan Hayes e Shannon Dill
Melhor documentário em curta-metragem
Period. End of sentence
Melhor curta-metragem em animação
Bao
Melhor curta-metragem
Skin