Nahima Maciel
postado em 09/02/2019 07:15
Inaugurados no final do ano passado, os complexos culturais de Planaltina e Samambaia já têm os nomes das instituições que serão responsáveis por suas gestões. Selecionados no ano passado em chamamento público, o Imaginário Cultural e o Instituto Lumiar aguardam que a nova gestão da secretaria de Cultura libere o dinheiro previsto em edital para dar início à programação dos espaços.
A criação artística de Samambaia está na pauta do Espaço Imaginário Cultural desde 2011, quando criaram o centro hoje dedicado a oficinas, vivências e fomento da cultura na cidade. Para a gestão do Complexo Cultural, Marília de Abreu, uma das idealizadoras do Imaginário, pretende trazer a voz de Samambaia para os nove espaços e 5 mil m; do local.
A produção local, Marília garante, vai ganhar um ponto de expressão equipado e dedicado. ;Tem que ter, a cidade é muito efervescente culturalmente;, constata. ;O projeto é bem extenso, para um ano inteiro. São oficinas, residências, intercâmbio, exposição. Vamos tentar abarcar as diversas áreas e diversas linguagens. Existe um mínimo no edital que a gente precisa cumprir e algumas outras opções que a gente propõe.;
Oficinas de formação técnica em iluminação, espetáculo e contrarregragem, além de um projeto chamado Som de garagem, com ensaios abertos para bandas e músicos, fazem parte da proposta de programação do Imaginário Cultural. ;O objetivo maior é que a comunidade desfrute diariamente desse espaço, se forme e que possa ser um propulsor no sentido de desenvolvimento cultural da cidade e um receptor de atividades;, diz Marília. ;A cidade ainda não sabe da existência desse complexo cultural.;
Integrante da banda Olhos de Psiqué, Carlão Rocha explica que os artistas de Samambaia estão acostumados a fazer eventos independentes e a ocupar ruas e praças da cidade. O Complexo Cultural, ele acredita, vai ser um abrigo para uma cena cultural produtiva. ;Esse equipamento é uma conquista de anos de luta pela cultura da cidade;, garante. ;É importantíssimo ter um equipamento desse porte na cidade.; Ele e os outros integrantes da banda esperam que o complexo esteja disponível para a população em julho. A intenção da banda é gravar, no local, o DVD do show de encerramento do projeto Olhos de Psiqué Circula, uma miniturnê pelas cidades do Distrito Federal para divulgar o último disco do grupo.
Para Planaltina, o Instituto Lumiar, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), propõe abarcar toda a produção local, da mais tradicional e consolidada até a emergente. A cidade é conhecida pelo teatro e, além de produzir a Via Sacra na semana santa, é sede de grupos de teatro como Senta que o leão é manso e Quebrando o gelo. Além disso, é referência na dança catira e nos encontros de folia de reis. ;Planaltina é uma cidade multicultural, se iguala a Ceilândia e Samambaia, tem quadrilha, batalha de rima, grupos de rap, catira, movimento LGBT%2b, que é muito forte;, explica Ricardo Costa, coordenador do projeto da Lumiar para o espaço.
Propostas
Produtora de teatro em Planaltina e integrante da equipe da Lumiar, Tinaiana Costa explica que a organização já recebeu algumas propostas de espetáculos e eventos, mas ainda não pode avaliar e abrir pauta, porque o contrato com a secretaria de Cultura não foi assinado. ;Só vamos conseguir fazer algo a partir do momento em que estivermos atuando;, avisa. ;O pessoal que trabalha na cena cultural de Planaltina está aguardando e tem grupos novos que vêm com tudo, que precisam desse espaço. A gente vai dar apoio a todos, sem distinção de se é amador ou não.;
Para dar início à abertura de pauta e montagem da programação, no entanto, é preciso que a Secretaria de Cultura libere o dinheiro. O órgão cancelou a ordem de serviço, e o secretário Adão Cândido pediu os projetos para analisá-los. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Cultura, o chamamento deixava alguns pontos soltos e não pedia contrapartida.
Lehandro Lira, criador do grupo de dança Transições e um dos diretores do Via Sacra, ambos de Planaltina, está na expectativa para a abertura do complexo. Ele espera que o espaço seja liberado a tempo para um festival com grupos de dança da cidade. ;Se não for aprovado, a gente vai fazer na rua mesmo. A gente já fez e teve mil pessoas na praça. As pessoas querem assistir, mas não têm oportunidade e, quando veem algo muito diferente, elas vão mesmo;, argumenta o bailarino.
No total, a previsão era de R$ 550 mil para que as organizações tocassem um ano de programação. ;É um recurso baixo para se trabalhar um ano. É um complexo com nove espaços, cinco salas de aula, nas quais a gente quer que tenha atividade todos os dias da semana. A gente vai ter que fazer captação via lei de incentivo;, acredita Marília.