Diversão e Arte

Teresa Lopes e Vinícius de Oliveira apresentam face do samba brasiliense

Artistas lançam trabalhos solo em que reafirmam a qualidade sonora da capital federal

Adriana Izel
postado em 05/02/2019 06:00

Teresa Lopes traz a influência do jazz, da bossa nova e do samba em Clara essência

Num conversa rápida com qualquer sambista de Brasília existe uma unanimidade: todos falam que a capital já tem um samba próprio. Um estilo que tem referência no gênero do Rio de Janeiro e da Bahia, mas que ganhou um corpo diferente. ;Brasília tem um samba alegre, de positividade, é muito bom, muito legal. Além de ter algo de ancestralidade, que acho muito presente;, defende a cantora Teresa Lopes. O cantor e compositor Vinícius de Oliveira concorda e vai além: ;Durante muito tempo a gente procurou reverenciar o samba do Rio e da Bahia. Mas há tempos ele tem uma característica. Ele tem uma linguagem que vem do choro, mais instrumental, por conta dos instrumentos do Clube do Choro. Existe essa peculiaridade de Brasília;, afirma. E é esse samba com a cara de Brasília que os cantores Teresa Lopes e Vinícius de Oliveira celebram em seus mais recentes trabalhos autorais e solo.


Teresa Lopes estreia no mercado fonográfico com Clara essência, que foi lançado nas plataformas digitais em dezembro do ano passado e teve direção musical de Rafael dos Anjos. O álbum que teve quatro anos de produção é um resgate das referências da artista. ;É um disco sonhado desde criança. A gente teve o prazer de ganhar o FAC (Fundo de Apoio à Cultura) e poder colocar nesse disco as minhas influências todas, do jazz, da bossa nova, do próprio samba de raiz, são todas as minhas essências;, explica a artista.

Com 12 músicas, o álbum traz regravações como Rebento, de Gilberto Gil; Um novo clima, de Arlindo Cruz, Fred Camacho e Sombrinha e Na flor da primavera, de Arlindo Cruz e Wilson Bebel. Mas também há canções inéditas e feitas por nomes da cidade, como Clara essência, de Artur Senna, Chico Teixeira e Vinícius de Oliveira; Tolo, de Helena Pinheiro e Sergio Magalhães; e Esperto goiaba, de Sergio Magalhães. ;Eu quis trazer os artistas que eu admirava muito dentro da música popular e da bossa nova. A maioria das músicas eu gravei com o pessoal de Brasília;, conta. Ela ainda lembra que para chegar ao repertório de 12 faixas escutou 90 sambas. ;Foi uma gestação de elefante;, diz, entre risos.

Para conseguir colocar o álbum nas plataformas digitais, além do auxílio da verba do FAC, Teresa Lopes fez uma campanha de financiamento coletivo. Por enquanto, a cantora ainda não lançou a versão física, que deve ser divulgada com um show de lançamento ainda no primeiro semestre. ;Já estou cantando as músicas devagarzinho. Uma galera já sabe e canta as músicas nos shows. Tenho recebido feedbacks positivos;, completa.

Capa do álbum de Teresa Lopes

Clara essência
De Teresa Lopes. Independente, 12 músicas. Disponível nas plataformas digitais.

Trilogia

Vinícius de Oliveira lançou o primeiro EP de uma trilogia que será completada este ano

Integrante do grupo 7 na Roda, Vinícius de Oliveira fez sua estreia em formato solo em álbum no EP A vez do amor, divulgado neste ano nas plataformas digitais. O material é o primeiro de uma trilogia de EPs, que serão revelados ao longo deste ano. O primeiro é composto por seis canções, todas de composições do artista e três delas gravadas com participações especiais Morena flor (Dhi Ribeiro), Não vou estar (Milsinho) e Verde Xingú (Breno Alves).

;A minha vontade era de escolher um repertório que não precisasse passar pelo crivo de ninguém. Mas o principal era mostrar as minhas músicas. Eu sempre venho gravando, tenho dois discos com o 7 na Roda, gravei com Filhos de Dona Maria e muitos artistas gravam as minhas músicas;, justifica. Para chegar ao repertório de seis faixas, Vinícius trouxe canções autorais que ele já cantava nos sambas nas ruas. ;São músicas que as pessoas já cantavam e a gente percebia que tinha uma força. Peguei essas seis músicas e fiz A vez do amor;, explica.

Sobre as participações, o compositor conta que buscou duas referências da cidade, Dhi Ribeiro e Milsinho, e o grande amigo Breno Alves. ;A Dhi é uma grande amiga e uma referência para a gente do samba. Milsinho é outra grande referência. Quando comecei a tocar lá atrás, ele já fazia parte do grupo Amor Maior. O Breno é meu irmão, meu parceiro;, completa.

Apesar de estar se lançando fonograficamente em carreira solo só agora, Vinícius de Oliveira ressalta que há sete anos já se apresenta sozinho e também tem o trabalho de composição. Ele garante que não tem intenção nenhuma de deixar o 7 na Roda. Paralelamente ainda vai lançar neste ano mais dois EPs, o segundo terá cinco músicas, e se chamará Ser feliz e contará com a participação de Xande de Pilares na faixa Perdoa, e ainda pretende fazer um show de lançamento de A vez do amor.

Compositor gravado por muitos artistas de Brasília, Vinícius de Oliveira conta que a inspiração para as canções vem de forma muito natural. ;A inspiração vem de vários lugares, do dia a dia, de uma história que vivenciei ou outra pessoa contou. O meu processo é esse. Gosto muito de compor quando estou fazendo exercício. Correndo, caminhando, sempre vem coisas legais e vou guardando na mente. Por isso gosto de ficar andando na rua, passeando e observando as pessoas;, revela.

Capa do álbum de Vinícius de Oliveira

A vez do amor
De Vinícius de Oliveira. Independente, 6 faixas. Disponível nas plataformas digitais.





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