Artista de obra expressiva, o cantor e compositor carioca Jorge Vercillo está de volta à capital depois de uma longa ausência. Ele é a atração do concerto de abertura da temporada de 2019 da Orquestra Filarmônica de Brasília, que ocorre hoje, às 21h, no anfiteatro do Colégio Madre Carmem Salles, na 604 Norte.
Sob a batuta do maestro Thiago Francis, a OFB apresenta um show sinfônico, em que estarão em destaque, além de Jorge Vercilo, o cantor e compositor Beto Dourah e o Coral 10. Antes do espetáculo, será prestada uma homenagem à musicista Dora Galesso, criadora da Orquestra de Senhoritas, morta no segundo semestre do ano passado.
Criada em 1985, inicialmente como Orquestra Jovem de Brasília, a Orquestra Filarmônica ; nome que passou a ostentar 10 anos depois ; se sobressai na cena musical da cidade por pesquisar repertórios erudito e popular, e por divulgar obras inéditas com arranjos requintados, mostrando as variadas possibilidades das nuances dos instrumentos que compõem um conjunto sinfônico.
Thiago Francis, o atual maestro, estudou violino na Escola de Música de Brasília, sob a orientação da professora e violinista Denise Gomes. Educador musical, diplomado pela UnB, teve como mestras Ludmila Vinecka e Glêsse Collet. Professor de violino e música da Secretaria de Educação do Distrito Federal, à frente de projeto no CEF 11 do Gama, formou ali uma banda marcial sinfônica, com 30 alunos de violino, cinco de viola, dois de violoncelo. Sobre o projeto OFB Show 2019, que estreia hoje, ele diz: ;Erudito e popular, não importa o estilo, o que vale a pena é fazer com a música algo bem temperado e criativo;.
Vercillo e Dourah são amigos e parceiros, que têm estado lado a lado em palcos do país. A quatro mãos, eles compuseram a canção Desafios. Ressalte-se a participação de Vercillo no DVD Deixa o coração falar, de Dourah, em 2013. Carioca radicado em Brasília há vários anos, com três CDs lançados, ele cumpriu turnê pela Europa, onde participou de festivais de jazz.
Sobre o reencontro com Vercillo, no projeto OFB Show 2019, Dourah vê como a celebração de uma amizade, que teve início em 1998. ;Essa parceria foi marcada não apenas pela canção que fizemos, mas também por minha participação em shows dele; e a participação dele em CD e DVD meus;. E complementa: ;Ser convidado para tomar parte no evento cultural dessa magnitude é para mim um privilégio, uma grande honra;.
Embora esteja ligado à música há 30 anos ; em 1989, ele venceu o Festival Internacional de Trovadores em Curaçau, arquipélago das Antilhas Holandesas ;, Vercillo só viria a lançar o primeiro CD, Encontro das águas, em 1993. De sua discografia fazem parte 15 títulos, além de cinco DVDs. Dezesseis canções compostas por ele foram incluídas em trilhas de novelas. Fênix, Final feliz, Monalisa e Que nem maré são alguns dos seus maiores hits.
SERVIÇO
OFB Show
Jorge Vercillo, Beto Dourah, Coral 10 e Orquestra Filarmônuca de Brasília, hoje, às 21h, no anfitetro do Colégio Madre Carmem Salles (L2 Norte, Quadra 604). Ingressos R$ 180 e R$ 90 (meia-entrada). Pontos de venda: rede de lojas Bilheteria Digital. Classificação indicativa livre.
Entrevista / Jorge Vercillo
Há algum tempo você veio a Brasília algumas vezes, mas já é longa a ausência dos palcos da cidade. O que determinou isso?
Eu adoro cantar em Brasília, onde o público é qualificado e receptivo ao meu trabalho. A questão é que hoje em dia há o predomínio de uma monocultura, o que dificulta a contratação de artistas de outros segmentos.
A apresentação que faz, em seu retorno à capital, abre um projeto com a participação da Orquestra Filarmônica. Já havia vivido essa experiência anteriormente?
Já fui acompanhado por conjuntos sinfônicos em outras cidades brasileiras e adorei o formato do espetáculo, por juntar minha voz à sonoridade criada por músicos de formação erudita, a partir de arranjos com orquestração. Ao ser contactado para participar da abertura do projeto OFB Show 2019, aceitei o convite com muito prazer.
O show promove o seu reencontro com Beto Dourah. Como tem sido essa parceria?
Temos uma amizade há mais de 20 anos. Em 1998, quando o conheci, ele participou de um show que eu fiz na extinta Mistura Fina, casa de jazz na Zona Sul do Rio. Depois, tomei parte em shows, CD e DVD dele. Vai ser muito legal voltar a dividir o palco com o Beto Dourah.
Com vasta discografia e vários sucessos, que projetos desenvolve agora?
Vida e arte, de 2015, foi o meu último CD. Neste, devo chegar ao público com um novo álbum. Seguindo a tendência atual, tenho lançado singles. Um deles é o da música Garra, de temática social, que gravei com Ronaldinho Gaúcho. Trabalho também com novos. Tenho estendido a mão a eles, assim como o Djavan me estendeu a dele.
Como artista, que leitura faz da situação do país neste momento?
Há uma polarização muito grande. O país saiu dividido das últimas eleições. Não tenho nenhum apreço pelos políticos. Acredito, sim, é na atuação da sociedade civil.