Goiás foi o destaque da 22; Mostra de Cinema de Tiradentes que terminou no sábado (26). A cerimônia de encerramento, no Cine-Tenda, consagrou os longas-metragens Vermelha, de Getúlio Ribeiro, escolhido como melhor da Mostra Aurora pelo Júri da Crítica e ganhador do Troféu Barroco e de prêmios de parceiros do evento; e Parque Oeste, de Fabiana Assis, que levou o Troféu Carlos Reichenbach, dado pelo Júri Jovem ao melhor título da Mostra Olhos Livres.
Vermelha foi realizado pela produtora Dafuq Films, fundada por jovens formados no curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás. O filme traz uma linguagem inovadora e ousada e tem diferentes narrativas: dois homens vão até uma fazenda, no meio do cerrado goiano, extrair e transportar uma raiz atingida por um raio. Paralelamente, Gaúcho reforma o telhado de casa, junto com o amigo Beto, e é constantemente ameaçado por Jonas, que cobra dívidas em atraso. As figuras de Diva, Débora e da cachorra, que dá nome ao filme, perpassam esse cotidiano de trabalho dos homens. O projeto começou como um curta-metragem e se transformou em um longa de 78 minutos.
Foram dois anos entre o início e a finalização do filme. No texto de justificativa, o Júri da crítica explicou a escolha da produção ;pelo investimento e confiança nas bordas do acontecimento, nos lembrando das potências políticas da opacidade, e esculpindo uma ação metafórica através de sua materialização em ideias sonoras e pictóricas, fazendo com que a economia gramática do filme exprima sua ideia motriz em cada quadro;.
O outro representante do cinema goiano e que saiu premiado da cidade mineira foi Parque Oeste, que resgata imagens de um ataque da Polícia Militar goiana, em 2005, para destruir uma ocupação urbana em Goiânia. A diretora Fabiana Assis, ao receber o prêmio, definiu seu trabalho como ;um filme que, acima de tudo, fala de esperança; e homenageou Eronilde Nascimento, sua personagem principal no documentário. Na justificativa pela escolha, o Júri Jovem defendeu o ;cuidado e dignidade de se filmar o sofrimento, sem suavizar o horrível de suas imagens, ou nele se estagnar, por mostrar um futuro a ser construído por corpos que, mesmo atravessados pelo risco constante do presente, seguem adiante, e por ressoar o tremor da vida que resiste, sempre, porque essa é sua única possibilidade;.
Outros destaques
Na categoria de curta-metragem, a produção paulista Negrum3 venceu no Júri Popular e levou também o Prêmio Canal Brasil de Curtas; no Júri da Crítica, o ganhador foi o paraibano Caetana. O melhor longa eleito pela votação do público foi Meu nome é Daniel. No documentário em primeira pessoa, o jovem Daniel de Castro Gonçalves - que nasceu com uma deficiência que nenhum médico foi capaz de diagnosticar - relembra sua infância, por meio de registros de família, para tentar entender sua condição, enquanto no presente busca novas respostas para sua doença.
Já o O Prêmio Helena Ignez 2019, oferecido pelo Júri da Crítica a um destaque feminino em qualquer função nos filmes da Aurora e Foco, foi para a montadora Cristina Amaral, pelo trabalho realizado em Um filme de verão, de Jô Serfaty. O Júri da Crítica elogiou Cristina por seu ;trabalho de excelência, que se constrói com precisão de olhar e fluidez entre os planos, como uma voz e presença ímpar na montagem cinematográfica, que atravessa mais de 30 anos no cinema brasileiro como uma potência que se reitera e atualiza numa execução brilhante;.
Confira os premiados da 22; Mostra de Cinema de Tiradentes:
- Melhor longa-metragem da Mostra Aurora, pelo Júri da Crítica: Vermelha (GO), de Getúlio Ribeiro.
- Melhor longa-metragem Júri Popular: Meu nome é Daniel (RJ), de Daniel Gonçalves.
- Melhor curta-metragem Júri Popular: Negrum3 (SP), de Diego Paulino.
- Melhor curta-metragem pelo Júri da Crítica, Mostra Foco: Caetana (PB), de Caio Bernardo.
- Melhor longa-metragem pelo Júri Jovem, da Mostra Olhos Livres, Prêmio Carlos Reichenbach: Parque Oeste (GO), de Fabiana Assis.
- Prêmio Helena Ignez para destaque feminino: Cristina Amaral, montadora de Um filme de verão (RJ).
- Prêmio Canal Brasil de Curtas: Negrum3 (SP), de Diego Paulino.