Ao desbancar Bradley Cooper (Nasce uma estrela), Willem Dafoe (No portal da eternidade), Lucas Hedges (Boy erased: Uma verdade anulada) e John David Washington (Infiltrado na Klan), o ator norte-americano de origem egípcia mostrou que não é apenas o ;cara de olhos esbugalhados; e, ao protagonizar Freddie Mercury, um dos maiores astros da história da música pop, Malek voou para um patamar que vai além dos rostos masculinos caucasianos e conhecidos da indústria de cinema norte-americana.
;Eu estava muito ciente do trabalho que seria necessário para chegar perto de se tornar Freddy Mercury. Eu voei para Londres e me coloquei de pé e comecei a martelar. Fiz aulas de piano e trabalhei com um treinador de movimento e aulas de canto ; tudo o que eu poderia fazer para tentar entendê-lo;. Mas Malek foi modesto ao contar ao portal E! News alguns dos passos para chegar ao Freddie premiado.
Seguindo a porção introvertida que faz parte da personalidade do ator, talvez seria um pouco desconfortável comentar a audição de seis horas que fez antes mesmo do projeto ter ganhado o financiamento de um estúdio, ou os meses a fio que passou com uma dentição extra entre as gravações da série Mr. Robot (que estrela pelo canal USA) para se acostumar a falar como o líder do Queen. Ou até mesmo a demissão de Bryan Singer, que saiu da direção de Bohemian Rhapsody no meio das filmagens (ao portal BBC, Malek admitiu ;diferenças criativas; com o diretor). Para merecer o título de grande artista, o homem de 37 anos fez o que precisava: deixar tudo que não fosse Freddie para trás.
De Crepúsculo ao Oscar
[SAIBAMAIS]Filho de pais egípcios (um guia turístico e uma contadora), Malek trilhou um caminho bem diferente do irmão gêmeo; que atualmente é professor. Desde o ensino médio, realizado na cidade de Los Angeles, o ator optava por aulas de cênicas, mas a chegada à tevê de fato só se deu a partir de 2004, quando começou a ganhar pequenos papéis em séries populares, como Gilmore Girls. No cinema, o primeiro papel de destaque chegou ao interpretar um faraó na saga Uma noite no museu. Ao mesmo tento em que ganhava mais espaço em produções das telinhas (como a minissérie The pacific), Malek também estrelava em Crepúsculo, na última produção da saga.
O ator ganhou os olhos da crítica, entretanto, ao estrelar a pequena e ousada série Mr. Robot, em 2015. De forma brilhante, Malek deu vida a um verdadeiro ;ícone do underground; ao interpretar a vida de Elliot, um jovem viciado em morfina que alterna entre um hacker herói/anti-herói salvador ; ou destruidor ; de um futuro cyberpunk amaldiçoado pela tecnologia. ;Eu interpreto um jovem que eu acho que é, como muitos de nós, profundamente alienado. E a coisa mais infeliz que sinto em relação a ele é que eu não sei quantos de nós iríamos querer sair com um cara como Elliot;, resumiu Malek, no púlpito do Emmy,ainda em 2016.
A estreia do protagonismo na série lhe rendeu o primeiro grande prêmio da carreira: o Emmy de melhor ator em série dramática ainda em 2016, derrubando nomes titânicos da tevê norte-americana, como ;o agora persona non grata ; Kevin Spacey (por House of cards) e Bob Odenkirk (por Better call Saul).
Malek e o astro
Diferentemente de outros grandes atores da geração de Malek, chama a atenção o quanto o intérprete de Freddie Mercury busca o caminho do anonimato fora das telas. O último post no Twitter de Malek data ainda de novembro de 2018 (e para celebrar o trabalho de pintura de Carly Chaikin, colega de elenco em Mr. Robot). No Instagram, o ator tem quase 2 milhões de seguidores para acompanhar apenas três fotos (duas com o apresentador Stephen Colbert, em 2016 e 2017, e outra com a apresentadora Ellen DeGeneres, em 2018).
A aversão à fama ; ironicamente ; lhe trouxe mais fama. Em um vídeo, que viralizou ainda em outubro do ano passado, Malek é reconhecido do meio de Nova York por um popular. O diálogo dá o tom cômico da coisa: ;Posso gravar um vídeo com você?;, pergunta o fã quase histérico, que é surpreendido por um lacônico ;Não, mas podemos tirar uma foto, que tal?;, de Malek.
Mais tarde, ao portal Vanity Fair, o ator se explicou: ;Eu fico feliz de tirar fotos com os fãs. Eu só quero ter a consciência do que a pessoa está fazendo naquele momento. Quando alguém te filma de uma forma automática, pode ser um pouco invasivo;. Talvez o ator nem saiba da existência de Machado de Assis, mas já faz jus a teoria que o autor elaborou ainda em 1900 para explicar a atraente Capitu: ;E tem o tamanho dos meus olhos. Talvez eles digam ;Oi!’ de uma forma muito fácil para as outras pessoas;.
Na noite do último domingo, ao jornal USA Today, Malek ponderou sobre o futuro: ;Há aspectos que me levarão a me acostumar com algo que eu não sei se posso me acostumar. Eu aprecio uma certa sensação de solidão e anonimato que vou tentar manter. Mas sei que isso provavelmente se tornará um pouco mais difícil a partir de hoje;.
Para o futuro, Malek se dedica a quarta e última temporada de Mr. Robot, prevista para estrear ainda no segundo semestre de 2019. O ator também trabalha nas dublagens dos animais da nova versão de Dr. Dolittle, ainda sem data para lançamento.
Destaques de Malek
; Andy em Gilmore Girls (2004)
; Farao Ahkmenrah em Uma noite no museu (2006, 2009 e 2014)
; Marcos Al-Zacar na série 24 horas (2010)
; Snafu, na minissérie The pacific (2010)
; Foi a voz de Tahno, na animação Avatar: a lenda de Korra (2012)
; Benjamin, no filme A saga Crepúsculo: Amanhecer ; parte 2 (em 2012)
; Finn, no filme Need for speed (em 2014)
; Foi a voz de Flip McVicker na animação BoJack Horseman (desde 2017)
; Lous Dega na refilmagem de Papillon (em 2017)
*Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco