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Orgulho brasiliense: confira os principais talentos musicais da capital

Brasília permanece um celeiro de craques da música. Conheça a geração mais recente de compositores e instrumentistas formados na cidade. Alguns já são reconhecidos nacionalmente


Entre as décadas de 1970 e 2000, compositores de vertentes diversas da MPB nascidos na capital ou aqui radicados foram responsáveis por transformar Brasília num polo de boa música. Vários deles conseguiram transpor os limites do Distrito Federal e chegar a outras regiões com sua produção artística. E há o caso dos que tiveram o trabalhado reconhecido e reverenciado nacionalmente.

[SAIBAMAIS]O menestrel Oswaldo Montenegro, ao brilhar em festivais promovidos pela TV Tupi e TV Globo, foi o primeiro deles. Rosa Passos com o sotaque bossa-novista e Clodo, Climério e Césio, fazendo a releitura de ritmos nordestinos, vieram depois. Destaque deve ser feito também aos intrépidos integrantes do Liga Tripa e o regueiro baiano-candango Renato Matos.

Logo depois, com suas composições, Herbert Viana (Paralamas do Sucesso), Renato Russo (Legião Urbana), Philipe Seabra (Plebe Rude), Dinho Ouro Preto (Capital Inicial), Rodolfo Abrantes e Digão (Raimundos) chamaram a atenção do Brasil para o rock feito na cidade.

Mais recentemente, ao promover a fusão do choro com o jazz, Hamilton de Holanda se tornou cidadão do mundo, sendo aplaudido em festivais realizados nos Estados Unidos e Europa. Sem esquecer os premiados Zé Mulato & Cassiano, dupla que empunha a bandeira da música sertaneja de raiz.

Da nova geração de compositores, muitos se destacam em Brasília. Há os que estão em busca de espaço na concorrida cena nacional; e outros que já são reverenciados no país e até no exterior. Atento à produção local, o Correio foi ao encontro de alguns desses talentos, ligados a estilos musicais diversos. São eles Alberto Salgado, Gustavo Bertoni, Juninho Ferreira, Rodrigo Bezerra, Victor Angeleas e Vinicius de Oliveira.

Gustavo Bertoni

Vocalista, guitarrista e principal compositor da Scalene, banda de maior relevância da nova geração roqueira de Brasília, Gustavo Bertoni é ligado à música desde 2008. Com participação no Festival Lollapalooza e shows nos Estados Unidos, o grupo no qual se destaca foi descoberto pelo Brasil ao participar do programa SuperStar, promovido pela TV Globo, em 2015. No mesmo ano lançou Real/Surreal, o primeiro CD; e em seguida Éter (2015) e Magnetite (2017). Naquele ano a banda tomou parte no Rock in Rio e no anterior saiu o DVD Ao Vivo em Brasília, gravado no Estadio Nacional Mané Garrincha. Ainda em 2016, o Scalene foi ganhador do Grammy Latino, como melhor banda de rock. Gustavo tem dois discos solo: The Bilgrin e Where light pours in. ;Tenho mais de 80 músicas gravadas e 200 compostas. No meu processo de composição, a primeira frase é bem espontânea, e tento deixar a própria canção me guiar. Escrever a letra em português ou inglês tem a ver com o momento de inspiração;, explica.

Alberto Salgado

Brasiliense de Sobradinho, Alberto Salgado passou a ser mais notado em 2014, quando lançou Além do quintal, o CD de estreia. O reconhecimento nacional veio há dois anos, quando subiu ao palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro para receber o troféu na 27; edição do Prêmio da Música Brasileira, de melhor disco na categoria Regional, pelo álbum Cabaça d;água. Em abril último, fez turnê pelos Estados Unidos, se apresentando em Washington, Filadélfia e Mariland. No mesmo mês, na icônica Berklee College of Music, em Boston, um grupo de estudantes tocou Ói, composição de Alberto, ao participar do International Folk Festival. ;Cheguei a estudar violão clássico, mas sou um músico autodidata e tenho algo em torno de 300 composições, a grande maioria inédita;, diz, o cantor, compositor e violonista.

Victor Angeleas

Criador do grupo de choro Sai da Frente e da banda Gypsy Jazz Club, dos quais é o principal compositor, Victor Angeleas é cria da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello, onde, aos 16 anos, teve iniciação musical. Professor de bandolim na Escola de Música de Brasília, forma um duo com o cavaquinista Márcio Marinho. Os dois mantêm o programa Face Musical, veiculado na internet, em que recebem convidados para bate- papos e encontros musicais. Com o acordeonista Juninho Ferreira lançou o CD Sem fronteira, tocando ritmos diversos.;O disco com o Sai da Frente, no qual a maioria dos músicos é de minha autoria, foi o vencedor do Independent Music a Worlds, na categoria Best Debut Album. O festival ocorreu em março, no Lincoln Center, em Nova York;, ressalta.

Juninho Ferreira

Músico desde os 16 anos, quando morava em Santa Luzia (BA), Juninho Ferreira vive em Brasília desde 2007. Licenciado em música pela UnB, o acordeonista e compositor é parceiro de Clodo Ferreira, Climério Ferreira, Túlio Borges e Ana Reis, embora se dedique mais a ritmos nordestinos, como baião, xote também toca choro e outros estilos da MPB. Há cinco anos lançou o CD Sem fronteira, com o bandolinista Victor Angeleas, com quem dividiu a parceria de algumas músicas. No recém-lançado álbum solo Casa de Ferreira, incluiu algumas releituras, mas assina Baião invocado e o frevo Assovio de cobra. ;Ao compor, imagino uma melodia e começo a assoviar, para depois escrever, para estruturá-la melhor;, revela.

Vinicius de Oliveira

Compositor desde a adolescência, Vinicius de Oliveira contabiliza mais de 100 músicas em seu portfólio. No álbum do 7 na Roda, grupo de samba do qual é violonista e vocalista, ele assina nada menos que oito faixas. Há outras músicas de autoria dele em discos de outros cantores, cantoras e conjuntos brasilienses. ;Não costumo me fechar num quarto, quando me ponho a compor, até porque a inspiração pode chegar nos mais diferentes lugares. Por vezes, estou fazendo uma caminhada, quando surge uma melodia. Aí, começo a cantarolar, pego o celular e gravo. Depois jogo outras ideias e, por fim, crio a letra, que geralmente vem das minhas vivências;, conta.

Rodrigo Bezerra

Licenciado em música pela UnB, com especialização em jazz-guitar pelo Conservatório Liceu de Barcelona, Rodrigo Bezerra tem presença marcante no cenário artístico da cidade. Em 16 anos de carreira, o guitarrista integrou o grupo T Quarto, entre 2008 e 2010, e em seguida partiu para a trajetória individual. Ele já lançou seis discos solo, quase todos com temas autorais. O mais recente, Lugar no mundo, é deste ano. ;Pertenço a uma geração de músicos que teve acesso ao estudo formal;, frisa. ;No meu processo de criação, preciso de um mote. Se o tenho, isso me inspira e me coloca no lugar do criador. Às vezes, desenvolvo um tema em poucas horas, mas há outros em que demoro até um mês para chegar ao que desejo;, acrescenta.