Com o álbum de lançamento Esu, presente em diferentes listas nacionais de melhores álbuns do ano de 2017, o artista tornou-se conhecido principalmente pelo hit Te amo disgraça. Agora, com Blvesman, ele se consagra. Transmite, pela música, o que sentiu na pele a vida toda. Menciona alguns dos mais conhecidos artistas negros da atualidade, o casal Beyoncé e Jay-Z, o rapper Kanye West. Fala sobre a vontade de, como eles, fazer história e ser reconhecido.
Ele mistura esses símbolos atuais a um dos principais marcos da música negra, o blues, originário dos Estados Unidos. ;Além de ter sido o primeiro ritmo a formar pretos ricos, para mim, ele é um grande pioneiro na quebra da segregação racial nos Estados Unidos. As primeiras mulheres a entrarem pela frente nos teatros foram mulheres que tocavam blues, os primeiros negros a se hospedarem em hotéis de brancos foram homens que cantavam blues, então foram eles que começaram a quebrar essa barreira, resistiram;, ressalta Diogo.
As participações são parte essencial do álbum. Os beats de DKVPZ, JLZ e Portugal deixam a forte marca exigida pelas letras. O cantor Tim Bernardes, vocalista da banda paulista O Terno, é um dos convidados e trabalha junto ao rapper na faixa Queima minha pele e no solo de guitarra de Flamingos. Além dele, os vocais também têm a colaboração do grupo Tuyo, das cantoras 1LUM3 e Bibi Caetano. Sobre a experiência, Baco conta: ;Todos são pessoas inconformadas e que lutam pela liberdade de serem livres na sua música e na sua obra, então foi muito saudável trabalhar com eles;.
Em janeiro, o artista começa a turnê do álbum em Salvador. As datas e cidades incluídas serão divulgadas em breve pela equipe do cantor.
Arte visual
As fotografias usadas por Baco para anunciar cada uma das nove faixas nas redes sociais foram tiradas pela fotógrafa Helen Salomão, de Salvador, e exploram um dos principais conceitos do álbum. ;É a relação entre a pele preta e a prata;, ele explica. ;Todas as fotos também têm a fórmula química da prata e eu falo disso na faixa Preto e Prata.;
Junto ao álbum, foi lançado também um curta-metragem produzido numa parceria entre o Coala Festival, a agência AKQA, a Stink Films e o selo 999. A produção reflete as composições do álbum e é guiada pelos versos de Baco. Com pouco mais de oito minutos de duração e fotografia assinada por Lucas Oliveira, o material está disponível no YouTube.
*Estagiária sob supervisão de Igor Silveira
Duas perguntas / Baco Exu do Blues
Muitas das suas músicas que ficaram mais conhecidas têm uma temática romântica. Esse tema também está presente no novo trabalho?
Claro, está presente porque cobre o Blvesman, passa pelos sentimentos que o bluesman passa ao tocar o blues e o amor está muito presente no ritmo. É o amor, a perda, a tristeza, a questão da conquista também. Tudo isso tem no disco.Tudo que o blues transmite é encontrado no disco.
Recentemente o pintor recifense Samuel D;Saboia disse: ;Já deu de pintura de escravo, quero ver rostospretos sentados no trono;. Nesse sentido, como você avalia o cenário da música negra no Brasil?
Com certeza está em ótimas mãos, a postura das pessoas negras que estão em destaque são exatamente essa. Eu sou amigo do Samuel e pra mim ele é um dos maiores acontecimentos da arte atual. Ouvir ele falando uma palavra dessas é muito importante para lembrar que não é só na música que precisamos ter essa postura, é em qualquer tipo de arte.