Um encontro de Dinho Ouro Preto com músicos de bandas da nova geração do rock nacional, na garagem da casa de Lucas Silveira, vocalista da Fresno, em São Paulo, foi determinante para a criação de Sonora, o novo álbum do Capital Inicial. Esse disco, o 14; projeto autoral do grupo brasiliense e vigésimo da carreira, será lançado hoje na cidade, às 21h, com show no One Club.
Nesse CD, que chegou às plataformas digitais no dia 7 último, o Capital deixa claro o compromisso de manter o DNA do rock em seu trabalho, mas sempre propondo novidades. E faz isso, agora, ao unir forças com bandas que têm presença destacada na cena independente ; entre elas Scalene, Far From Alaska, CPM 22 e a citada Fresno.
O resultado é um disco de 11 faixas que, mesmo com as colaborações de outros músicos, mantém a pegada característica do Capital, fruto da conexão entre Dinho Ouro Preto, Flávio Lemos, Fê Lemos e Ives Passarel. Dez músicas têm a assinatura de Dinho e de Alvin L., de quem o vocalista é parceiro há 30 anos.
Eles são autores de Parado no ar, Seja o céu, Nada vai te machucar, Parado no ar, Atenção, Tudo vai mudar, Tempestade, Velocidade, Invisível e Só eu sei, com as participações de Flávio Lemos, Kiko Zambianchi, Thiago Castanho e Lucas Silveira. Com o líder da Fresno, Dinho fez Universo paralelo, responsável por indicar o conceito do Sonora, que vai do rock pesado à balada.
Atento às novas formas de aproximação do público consumidor de música, o Capital optou pela estratégia de lançar as canções por meio de singles. Uma outra novidade é que, pela primeira vez na história da banda, todas as 11 faixas vão ganhar clipes, dirigidos por jovens profissionais.
Sonora
CD do Capital Inicial com 11 faixas, produzido por Lucas Silveira. Lançamento da Sony Music. Preço sugerido: 39,90.
Entrevista/ Dinho Ouro Preto
Em que o Sonora difere de outros discos do Capital, gravados em estúdio?
Difere em vários aspectos. No tecnológico, foi gravado longe dos moldes tradicionais. O Lucas (Silveira) criou um modo alternativo de gravar, simulando os equipamentos convencionais, próprios dos grandes estúdios.
Na prática, qual foi a contribuição do Lucas para esse projeto?
Além de ser o produtor, ele participou da gravação de todas as faixas, sugeriu sonoridades, texturas, arranjos. No estúdio dele, no Sumaré, em São Paulo, fiz contato com músicos de bandas que participam de um grupão de WhatsApp, em que se conversa sobre o futuro do rock e outros assuntos, do qual passei a fazer parte.
Como surgiu a parceria entre vocês?
Eu mostrei uns acordes de uma possível nova canção, que não conseguia resolver, para o Lucas. Aí, fomos para o estúdio e ele encontrou uma solução surpreendente, que resultou na canção Universo paralelo, que inaugurou nossa parceria
O que músicos de bandas da nova geração do rock trouxeram para esse trabalho?
Como queríamos um disco colaborativo, além do Lucas, contamos com a participação de Fernando Badauí e Phill Fargnoli (CPM 22), Gustavo Bertoni (Scalene), Emmily Barreto e Cris Botarelli (Far Fron Alaska), que trouxeram frescor para as canções, fazendo vocal ou tocando instrumentos.
Que avaliação faz da participação do Gustavo Bertoni, vocalista do Scalene?
Sou 30 anos mais velho que o Gustavo, um legítimo representante da nova geração do rock brasileiro. Ele é um cantor inspirado, que me deixou de queixo caído, por sua habilidade e precisão vocais.
Você tem ideia de quantas músicas já compôs com o Alvim L., seu parceiro mais frequente?
Perdi a conta, mas acredito que são mais de 150. Somos parceiros há 30 anos e, desde Independência, tem música nossa em quase todos os discos do Capital. Temos uma grande sintonia musical.
Com tantas contribuições e participações, houve mudança na sonoridade do Capital?
Mesmo com um trabalho feito de forma colaborativa e orgânica, em que foram absorvidas novas contribuições, o Capital manteve sua personalidade, mas com outra sonoridade.