Diversão e Arte

Zeca, ao lado de Caetano e dos irmãos, volta a Brasília, no próximo sábado

O jovem cantor do clã dos Veloso planeja se lançar em carreira solo

Irlam Rocha Lima
postado em 28/11/2018 07:00
Ofertório, o show que celebra no palco o encontro de Caetano Veloso com os filhos Moreno, Zeca e Tom, tem encantado plateias que o assiste, desde a estreia, em dezembro do ano passado, por razões diversas. A beleza das canções do roteiro é uma delas. A interação entre o patriarca e os rebentos inspira a simpatia, até porque a performance cênica dos quatro ; cantando, tocando e em números de dança ; revela-se espontânea e musicalmente bem realizada.

[SAIBAMAIS]Particularmente, chama a atenção o desempenho do estreante da trupe, Zeca Veloso, 26 anos, primogênito de Caetano e da produtora e empresária Paula Lavigne, ao interpretar, usando falsete, a composição autoral Todo homem, num dos momentos mais impactantes do espetáculo. A repercussão da música tornou-se ainda maior, após se tornar tema de abertura da série televisiva Onde nascem os fortes.

Embora tenha começado a tocar piano aos oito anos, efetivamente a iniciação musical de Zeca se deu na adolescência como DJ. Até se lançar como compositor foi um ouvinte atento da obra do pai e de outros consagrados artistas nacionais e internacionais, entre eles, Gilberto Gil, Tim Maia, Bob Marley, Marvin Gaye e Prince ; que os influenciou.

Zeca, ao lado de Caetano e dos irmãos, volta a Brasília, no próximo sábado, com o Ofertório ; lançado em CD Ao Vivo e DVD ;, a bordo de nova turnê, já levada à Europa, que, em abril de 2019, se estende aos Estados Unidos. Depois disso, o jovem cantor do clã dos Veloso planeja se lançar em carreira solo.

O jovem cantor do clã dos Veloso planeja se lançar em carreira solo

Concretamente, seu interesse pela música surgiu quando?
Quatro coisas na infância foram muito importantes para minha formação musical: as canções que meu pai cantava para me ninar, como Feiticeira, de autor desconhecido, que minha tia Bethânia gravou. Os shows de meu pai que assistia desde muito pequeno, eu adorava Tigresa. As canções dos desenhos de musicais da Disney. E canções de Bob Marley que Gil gravou no disco Kaya N; Gan Daya, cujas linhas de baixo me fizeram voltar a pegar no violão. Pensar em ser músico profissional é algo mais recente.

Você vê a atuação como DJ a iniciação nesse universo?
De alguma forma, sim. Foi o que me estimulou a estudar produção musical e me fez começar a pensar em música como trabalho.

Além do Caetano, por motivos óbvios, quem na MPB ; direta ou indiretamente ; contribuiu para sua formação musical?
Gil, primeiro, pelas músicas de Bob Marley, como disse antes, e João Gilberto, com certeza. Djavan é um amor recente e muito grande.

O trabalho do compositor começou paralelo ao do músico?
Comecei a compor há uns quatro anos; e a tocar piano, com mais ou menos oito anos de idade. Mas nunca pratiquei muito. Evoluí muito pouco durante esses anos todos.

Qual foi a primeira canção e o que o inspirou no processo de criação?
Talvez algo do Tim Maia. Sempre gostei de soul. Principalmente do soul brasileiro, então. Minhas primeiras ideias eram muito influenciadas por Tim, Cassiano, The Impressions, Marvin Gaye. A maioria não virou música pronta, pelo menos ainda.

Compor com parceiros lhe instiga e por quê?
Não tive muitas experiências com parceiros até agora. Não sei muito bem como é, mas acho que prefiro compor sozinho.

Tornar-se cantor foi algo natural em seu trabalho?
Sempre gostei mais de cantar do que de tocar. Acho que foi natural, sim.

Utilizar o falsete em suas interpretações foi intuído por você?
Foi natural. Sempre gostei de músicas cantadas em tons agudos, Jackson 5, Prince etc.

Qual sua avaliação pela repercussão obtida pela canção Todo homem?
É minha música mais forte, até hoje. Quando compus, fiquei muito impactado, foi a segunda música que terminei. Fico muito feliz com tudo o que aconteceu. Não imaginava, no meio do ano passado, quando começamos a planejar o show, que em dezembro (seis meses depois) lançaríamos a canção como single, nem que teria tamanha repercussão.

Com a turnê de Ofertório na estrada, já se sente confortável no palco?
Estou começando a ficar mais confortável (risos).

Há uma carreira solo em perspectiva?
Sim, tenho composto devagar e planejado gravar mais, só não sei exatamente quando. Talvez espere a turnê terminar para lançar algo. Enquanto isso, posso ir preparando tudo com calma.

Tem outros projetos em vista?
Tenho outros projetos, sim. Mas como estão em fase embrionária, prefiro não falar muito.

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