Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Modernismo italiano ganha exposição no CCBB

Mostra 'Classicismo, Realismo, Vanguarda: pintura italiana no entreguerras' faz um paralelo entre Brasil e Itália



A exposição Classicismo, Realismo, Vanguarda: pintura italiana no entreguerras, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), conta duas histórias importantes. Uma delas diz respeito à maneira como os artistas do modernismo italiano se relacionaram com a própria tradição, séculos de produção artística que ajudaram a fundar as bases da história da arte. A outra fala de Brasil e de como foram constituídas as instituições artísticas no país.

Essas perspectivas devem ser levadas em conta ao se deparar com as 67 obras selecionadas pela curadora Ana Magalhães, do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP), ao qual pertencem as pinturas da mostra do CCBB. Há, no conjunto, alguns dos destaques da coleção do museu, entre eles, o único autorretrato em tela feito por Amadeo Modigliani, e pinturas de Giorgio de Chirico, Mario Sironi, Felice Casorati e Carlo Carrà.

O conjunto foi comprado pelo empresário e mecenas Ciccillo Matarazzo em uma empreitada de 10 meses destinada a montar a coleção do que viria a ser o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP). No total, Matarazzo comprou 71 obras da pintura italiana do entreguerras, todas garimpadas em ateliês e galerias entre Roma e Milão. Esse acervo chegou ao Brasil em 1947 e foi doado ao MAC em 1962.

Tradição

Nesse conjunto, o que mais salta aos olhos é o diálogo com a tradição clássica da pintura italiana. A curadora explica que, no modernismo italiano, assim como nas outras vanguardas europeias, não houve um único movimento que abrangesse todos os artistas e sim uma série de tendências, cada uma com suas características. ;Há várias correntes representadas nessa exposição. Não tem um movimento particular;, avisa Ana. ;Durante muito tempo, essas obras foram lidas dentro de uma tendência da arte moderna na Itália que era chamada de tendência do novecento.;

Esse conjunto de artistas produzia obras mais voltadas para o estudo da tradição artística italiana, ;retomando determinados valores da arte clássica, com uma pintura de caráter mais figurativa, mas no fim temos muitas vertentes da pintura italiana desse período;, explica a curadora. A exposição traz representantes de algumas linhas de pensamento que ganharam destaque no período entreguerras, como a Escola Romana de Scipione, mais voltada para uma pintura de temática onírica e muito ligada ao barroco e ao expressionismo, e os artistas da revista Corrente de vita giovanile.
SERVIÇO
Classicismo, Realismo, Vanguarda: Pintura Italiana no Entreguerras
Curadoria: Ana Magalhães. Visitação até 20 de janeiro de 2019, de terça a domingo, das 9h às 21h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB ; Setor de Clubes Sul, Trecho 2, Lote 22). Entrada gratuita mediante retirada de ingressos na bilheteria