Ricardo Daehn
postado em 20/11/2018 07:45
Há quatro dias da data em que se completam os 27 anos de morte do astro musical Freddie Mercury, em Londres; mundo afora, o espírito não é de absoluta tristeza, entre fãs que cultuam não apenas seu legado junto à banda de rock Queen, mas ainda endossam um revival cinematográfico: nas telas, muito elogiado por roqueiros, o astro Rami Malek tem um dos papéis da vida, à frente do longa Bohemian Rhapsody.
;Não existe nada nele que seja coreografado. A palavra coreografia simplesmente não cabe perto de uma sentença que acompanhe o nome de Freddie Mercury;, observou o ator Rami Malek, para um jornal indiano, dando a extensão do desafio para recriar o roqueiro nas telas. Próteses no nariz e na arcada dentária, uma tonalidade vocal do próprio cantor (mesclada à voz do ator, via computação) auxiliaram na composição. Por enquanto, o resultado atraiu mais de 1,2 milhão de pagantes entre o público brasileiro, que vem a encorpar os US$ 384 milhões de receita do filme que custou US$ 52 milhões.
Nos últimos 40 anos, o filme sobre Mecury só perde o reinado ; entre os fãs de cinebiografia ; para Straight Outta Compton (que retratou o rap do N.W.A.), que, em 2015, levou um público discretamente superior aos cinemas norte-americanos. Nem os filmes sobre Ray Charles e muito menos Johnny Cash (e June Carter) tiveram o apelo de Freddie nos cinemas. Entre os 22 filmes mais prestigiados, neste ano, nos EUA, Bohemian Rhapsody segue alimentando repercussão e crises, como objeto de desagrado entre os críticos e filme de culto entre os fãs do grupo Queen.
Na Malásia, por exemplo, o filme do astro de rock sofreu censura, mesmo diante de brandas representações da homossexualidade dele. Representante do comitê de censura, Mohd Aziz, via internet, explicou que foram retiradas sequências de carícias e beijos entre homens, além de terem sido apagadas as imagens de homens travestidos numa festa de mansão.
Adaptação
Em Brasília, o longa Bohemian Rhapsody se ajusta como programa familiar. O estudante de administração Matheus Bitencourt, 24 anos, prestigiou o longa ao lado dos irmãos Glauco (um empresário de 32 anos) e Alanna, 30, formada em cinema pelo Iesb. A mãe Marilena, professora, desde sempre, cultuou o ídolo, ouvido pelos filhos em muitas reprises de shows em DVDs ouvidos em casa. Ouvir o concerto Live Aid foi o eterno programa de Matheus Bitencourt. ;Achei a adaptação da vida dele bem verossímil. A experiência de ter ido ao cinema, com tela e som maiores, repassou a impressão de que, por momentos, a gente estava num show. Fiquei bem impressionado com a interpretação do Rami Malek. A movimentação e os gestos dele nas cenas dos shows são muito bons;, comenta Matheus.
Ainda que esperasse ouvir mais vezes o clássico Somebody to love, o fã adorou as versões retratadas de músicas como Killer Queen, Under pressure e Don;t stop me now. ;Repassaram bem o que acontecia, nos bastidores, mesmo com músicas que não foram sucesso imediato, caso de Bohemian Rhapsody, que não foi muito bem-aceita, por ser bastante diferente das criações tradicionais;, observa Matheus. Ele celebrou que o comportamento absurdo ; de pessoas vaiando cenas gays ; não tenha se repetido na plateia que acompanhava a sessão de sua família. ;Esses comportamentos chatos me espantaram bastante: além de tudo, as imagens dos relacionamentos de Mercury não têm duração nem de cinco minutos na tela;, completa.
Alirio Netto vocalista do Queen Extravaganza, grupo criado pelo baterista do Queen Roger Taylor e que toca sucessos do grupo de Freddie Mercury, falou com exclusividade ao Correio sobre a cinebiografia do roqueiro.
;Assistimos numa sessão especial em Dublin. O filme toma a liberdade em mudar algumas datas, por exemplo, o lance do Love of my life, no Rock in Rio. Ele realmente escreveu para a Mary Austin, mas (a produção do filme) adiantaram em alguns anos. Eles fizeram uma licença poética e mudaram a ordem dos acontecimentos para que funcionasse melhor na dramaturgia do filme, o que é normal. Fiquei impressionado com a caracterização de todos os atores, principalmente o Rami (Malek) como Freddie. Ele fez um trabalho intenso. Tive a oportunidade de conhecê-lo no ano passado, em Londres, durante show do Queen Extravaganza. Ele se mostrava muito feliz com tudo aquilo que estava acontecendo. O filme é um grande presente para qualquer fã do Queen, além de retratar muito bem alguns acontecimentos da banda, é uma linda homenagem a Freddie Mercury e a toda a banda. E uma oportunidade também para o público novo conhecer um pouco da história e das músicas do Queen. Vejo pelos shows do Extravaganza, que recebe nos shows um público que vai de crianças a pessoas bem mais velhas. Gostei muito.; (José Carlos Vieira)